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“Deus é bom comigo, me dá uma dose sadia de inconsciência. Vou fazendo o que tenho que fazer”. “Uma coisa que me disse desde o primeiro momento foi: “Jorge, não mudes. Segue sendo você mesmo, porque mudar nesta idade seria ridículo”.

Essas são algumas frases proferidas pelo Papa Francisco, que cumpre 21 meses de pontificado, na entrevista concedida à jornalista Elisabetta Piqué, publicada pelo jornal argentino La Nación, 07-12-2014. A tradução é do IHU On Line.

Para América Latina é fonte de orgulho ter o primeiro papa não europeu. O que o senhor espera da região?

América Latina está percorrendo um caminho. E isto faz tempo, ou seja, desde a primeira reunião do Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, desde a criação do Celam. Dom Larraín, o primeiro presidente do Celam, deu-lhe um grande impulso. Foi a conferência do Rio, depois Medellín, depois Puebla, Santo Domingo e Aparecida.

São marcos que o episcopado latino-americano foi construindo, colegialmente, com metodologias diferentes, primeiramente de modo tímido. Mas este caminho de 50 anos não pode ser ignorado porque é um caminho de tomada de consciência de uma Igreja na América Latina e de maturação na fé. Juntamente com este caminho, se desprendeu também uma grande preocupação em estudar a mensagem guadalupana. A quantidade de estudos sobre a Virgem de Guadalupe, sobre a imagem, sobre a mestiçagem, sobre o NicanMopoua, é impressionante, é uma teologia de fundo. Por isso ao celebrar do Dia da Virgem de Guadalupe, padroeira da América, no dia 12 de dezembro, e os 50 anos da Misa Criolla, estamos comemorando um caminho da Igreja Latino-Americana.

Um recente pesquisa na região (do Pew Research Center) mostra que, apesar do “efeito Francisco”, há católicos que seguem abandonando a Igreja.

Conheço as estatísticas que deram em Aparecida. Este é o único dado que tenho. Evidentemente, há vários fatores que intervêm nisso, externos à Igreja. Por exemplo, a teologia da prosperidade inspira muitas propostas religiosas que atraem as pessoas. Mas logo as pessoas ficam na metade do caminho. Mas deixando de lado os fatores externos, me pergunto: quais são as nossas coisas, dentro da Igreja, que não deixam os fieis satisfeitos? É a falta de proximidade e o clericalismo.

A proximidade é o chamado hoje ao católico, a sair e fazermo-nos próximos das pessoas, dos seus problemas, das suas realidades. O clericalismo, eu disse aos bispos do Celam no Rio de Janeiro, freou a maturidade laical na América Latina. Onde os leigos são mais maduros na América Latina é na expressão da piedade popular. Mas as organizações leigas sempre tiveram problemas com o clericalismo. Eu falei disto na Evangelii Gaudium.

A renovação da Igreja para a qual o senhor aponta também para a busca destas “ovelhas perdidas” e a frear essa sangria de fieis?

Não gosto de usar essa imagem da “sangria” porque é uma imagem muito ligada ao proselitismo. Não gosto de usar termos ligados ao proselitismo porque não é a verdade. Gosto de usar a imagem do hospital de campanha: há pessoas muito feridas que estão esperando que nós curemos as feridas, feridas por mil motivos. E é preciso sair a curar feridas.

Essa é a estratégia, então, para recuperar os que vão embora?

Não gosto da palavra “estratégia”, mas eu chamaria de chamada pastoral do Senhor. Caso contrário, parece uma ONG… É o chamado do Senhor, é o que Ele hoje pede à Igreja, não como estratégia, porque a Igreja não faz proselitismo. A Igreja não quer fazer proselitismo porque a Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração, como disse o Papa Bento. A Igreja deve ser um hospital de campanha e sair para curar feridas, como o bom samaritano. Há pessoas feridas por desatenção, por abandono da própria Igreja, pessoas sofrendo horrores…

O senhor é um papa que costuma falar de maneira direta, o que ajuda a deixar claro o rumo do seu pontificado. Por que acha que há setores que estão desorientados, que dizem que ‘o barco está sem timoneiro”, sobretudo depois do sínodo sobre a família?

Estranho essas expressões. Não me consta que elas tenham sido ditas. Na mídia aparecem como que se tivessem sido ditas. Mas, até que eu pergunte ao interessado: “O senhor disse isto?”, mantenho a dúvida fraternal. Mas, geralmente, é porque não lêem as coisas. Uma vez alguém me disse: “Sim, claro, isto do discernimento é bom que se faça, mas precisamos coisas mais claras”. E eu lhe disse: “Olha, eu escrevi uma encíclica, é verdade, que a quatro mãos, e uma exortação apostólica. Continuamente estou fazendo declarações, fazendo homilias e isso é magistério. Isso que está aí é o que eu penso, não o que a mídia diz é o que eu penso. Vá até aí e vai encontrar e está bem claro; Evangelii Gaudium é muito clara.

Na mída, alguns falaram do ‘fim da lua de mel” pela divisão que veio à luz no sínodo…

Não foi uma divisão tipo ‘estrella’ contra o Papa. Ou seja, não tinham como referência o Papa. Porque aí o Papa procurou abrir o jogo e escutar a todos. O fato de que, no final, meu discurso tenha sido aceito tão entusiasmadamente pelos padres sinodais indica que o problema não era o Papa, mas entre as diferentes posturas pastorais.

Sempre que há uma mudança de status quo, como foi sua chegada ao Vaticano, é normal que haja resistências. Pouco mais de 20 meses, esta resistência, silenciosa no começo, para se tornar mais evidente…

A palavra foi dita pela senhora. As resistências agora se evidenciam, mas para mim é um bom sinal, que elas sejam ventiladas, que não as digam às escondidas, quando alguém não está de acordo. É sadio as coisas sejam ventiladas. É muito sadio.

A resistência tem a ver com a limpeza que o senhor está fazendo, com a reestruturação interna da cúria romana?

Considero as resistências como pontos de vista diferentes, não como coisa suja. Elas tem a ver com decisões que vou tomando. Isto sim. Claro, há decisões que tocam algumas causas econômicas, outras mais pastorais…

Está preocupado?

Não, não estou preocupado. Parece-me tudo normal, porque seria anormal se não existissem pontos divergentes. Seria anormal que não saísse nada.

O trabalho de limpeza terminou ou segue?

Não gosto de falar de “limpeza”.  Trata-se de fazer marchar a cúria na direção que as congregações gerais (as reuniões que antecedem o conclave) pediram. Não, para isto falta ainda muito. Falta, falta. Porque, nas congregações gerais pré-conclave, os cardeais pedimos muitas coisas e é preciso andar avante em tudo isso…

O que precisou limpar foi pior do que esperava?

Em primeiro lugar, eu não esperava nada. Esperava voltar para Buenos Aires (risos). E depois acho que, não sei, Deus nisso é bom para comigo, me dá uma dose sadia de inconsciência. Vou fazendo o que tenho que fazer.

Mas como anda o trabalho em curso?

Bom, é tudo público, se sabe. O IOR (Instituto para as Obras de Religião) está “funcionando fenômeno” e se fez bastante bem isto. No que se refere à economia, está indo bem. E a reforma espiritual é o que neste momento me preocupa mais, a reforma do coração. Estou preparando a alocução de Natal para os membros da cúria; farei duas saudações natalícias. Uma com os prelados da cúria e outra com todo o pessoal do Vaticano, com todos os dependentes, na Aula Paulo VI, com suas famílias, porque eles também levam as coisas para frente. Os exercícios espirituais para prefeitos e secretários são um passo para a frente. É um passo importante que estejamos seis dias fechados, rezando e, como no ano passado, faremos na primeira semana da Quaresma. Na mesma casa.

Na semana que vem reúne-se novamente o G-9 (o grupo de 9 cardeais consultores que ajudam o Papa no processo de reforma da cúria e no governo universal da Igreja). A famosa reforma da cúria estará pronta em 2015?

Não, o processo é lento. Outro dia tivemos uma reunião com os chefes dos dicastérios e foi apresentada a proposta de juntar os dicastérios dos Leigos, Família, Justiça e Paz. Houve a discussão, cada um expressou o que lhe parecia, e agora isto volta para o G-9. Ou seja, a reforma da cúria leva muito tempo, é a parte mais complexa…

Quer dizer que não estará pronta em 2015?

Não, ela vai se fazendo passo a passo.

É certo que um casal poderia estar à frente deste novo dicastério que juntaria os Pontifícios Conselho de Leigos, da Família e de Justiça e Paz?

Pode ser, não sei. Na frente dos dicastérios ou da secretaria estarão as pessoas mais aptas, seja homem, seja mulher, ou um casal…

E não, necessariamente um cardeal ou bispo…

Em cima, num dicastério como a Congregação para a Doutrina da Fé, da Liturgia ou no novo que juntará Leigos, Família e Justiça e Paz, sempre estará na frente um cardeal. Convém que seja assim pela proximidade com o Papa como colaborador neste setor. Mas os secretários de discastério não precisam ser bispos, porque um problema que temos aqui surge quando precisamos mudar um secretário-bispo. Onde o mandamos? É preciso encontrar uma diocese, mas às vezes eles não são aptos para uma diocese, mas sim para o trabalho que fazem como secretários. Somente nomeei dois bispos secretário: o secretário do Governatório do Vaticano, para nomeá-lo pároco de tudo isto, e o secretário do sínodo dos bispos, pelo que significa a episcopalidade ali.

Foi um ano intenso: muitas viagens importantes, o sínodo extraordinário, a oração pela paz no Oriente Médio nos jardins do Vaticano… Qual foi o melhor momento e qual o pior?

Não sei dizê-lo. Todos os momentos têm algo de bom e algo que não é tão bom, não? (silêncio). Por exemplo, o encontro com as avós, com os anciãos, foi de uma beleza impressionante.

Também estava o Papa Bento…

Gostei muito desse encontro, mas não foi o melhor porque todos são lindos. Não sei, mas me vem isto. Nunca pensei nisso.

E de ser Papa, o que gosta mais e o que mais lhe desgosta?

Uma coisa, e isto é verdade e isto quero dizer: antes de vir para cá, eu estava me retirando. Ou seja, quando voltasse para Buenos Aires, combinara com o núncio de fazer a terna para que no final desse ano (2013), assumisse o novo arcebispo. Tinha a cabeça focada nos confessionários das igrejas onde iria trabalhar. Inclusive estava no projeto de passar dois ou três dias em Luján e o resto em Buenos Aires, porque Luján para mim me diz muito, e as confissões em Luján são uma graça. Quando vim para cá, tive que começar tudo de novo. E uma coisa eu me disse desde o primeiro momento: “Jorge não mudes, segue sendo você mesmo, porque mudar nesta tua idade te tornaria ridículo”. Por isso tenho mantido o que fazia em Buenos Aires. Com os erros que isto pode ter. Mas prefiro andar assim como sou. Evidentemente, isto produziu algumas mudanças nos protocolos, não nos oficiais porque estes eu observo bem. Mas meu modo de ser mesmo nos protocolos é o mesmo que em Buenos Aires, ou seja, esse “não mudes” enquadrou bem a minha vida.

Na volta da Coreia do Sul, respondendo a uma pergunta o senhor disse que em dois ou três anos esperava “ir à casa do Pai” e muitas pessoas ficaram preocupadas com o seu estado de saúde, pensando que estava doente ou algo parecido. Como o senhor está? Como se sente? Eu o vejo muito bem…

Tenho os meus achaques e nesta idade se sentem os achaques. Mas estou nas mãos de Deus, até agora consigo levar um ritmo de trabalho mais ou menos bom.

Um setor conservador nos EUA acha que o senhor tirou o cardeal tradicionalista norte-americano Raymond Leo Burke do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica por ser o líder de um grupo de resistência a qualquer tipo de mudança no sínodo dos bispos… É verdade?

Um dia o cardeal Burke me perguntou o que iria fazer, já que eu não o confirmara no cargo, na parte jurídica, estava com a fórmula donec alitur provideatur (“até que se disponha outra coisa”). E lhe disse: “Dê-me um pouco de tempo porque no G-9 se está pensando na reestrugução jurídica”, e lhe expliquei que ainda não havia nada feito e que se estava pensando. E depois surgiu a questão da Ordem de Malta e aí tinha a necessidade de um americano vivo, que pudesse se mover neste âmbito e me ocorreu o nome dele para esse cargo. Eu lhe propus isto muito antes do sínodo. E lhe disse: “Isto vai ser depois do sínodo porque quero que o senhor participe do sínodo como chefe de dicastério” porque como capelão de Malta não podia. E bem, me agradeceu muito, em bons termos e aceitou. Até gostou, me parece. Porque ele é um homem de mover-se muito, de viajar e ai vai ter trabalho. Ou seja, não é certo que o tirei pela maneira como se comportou no sínodo.

O senhor tem planos para o seu 78º aniversário, no dia 17 de dezembro? Vai festejar com os barboni (sem teto) como no ano passado?

Não convidei os barboni. Quem os trouxe foi o esmoleiro. E foi um gesto bom. Aí se construiu o mito de que eu tomara o café da manhã com os barboni. Mas eu tomei o café da manhã com todas as pessoas da casa e estavam aí barboni. São essas coisas folclóricas que se criam de mim… Como o aniversário cai num dia em que não tenho missa na capela, porque é quarta-feira e tem a audiência geral, vamos almoçar juntos com todos os empregados da casa. Para mim, vai ser um dia totalmente normal. como todos os outros dias.

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No ano de 2010 nascia na Inglaterra o Catholic Voices. Jack Valero, naquele então diretor de comunicação do Opus Dei na Grã-Bretanha, e um profissional que já acumulava experiência graças a Dan Brown e “O Código Da Vinci”, resolveu, junto com Austen Ivereigh, juntar e preparar um grupo de uns 30 leigos católicos para abordar os diversos temas da Igreja Católica na mídia, em vista da visita do Papa à Inglaterra em Setembro do mesmo ano.

Naquela época, em entrevista a ZENIT , Valero afirmava que o projeto nascia com uma visão profundamente positiva da imprensa, a qual “têm o direito de fazer perguntas difíceis, que refletem as perguntas das pessoas comuns, e que seu dever é pedir contas a pessoas e instituições”.

Essa iniciativa desde então espalhou-se para 15 países. Semana Passada, também em entrevista a ZENIT, a coordenadora do projeto da Itália, Martina Pastorelli, declarou que o método utilizado por Catholic Voices serve “para entrar em um relacionamento antes de tudo humano com o outro. Criar empatia, que é a base de todo o diálogo”, sair do confronto e abordar de forma positiva os questionamentos que a Igreja recebe.

Saindo à caça de outros países, ZENIT descobriu que o “Catholic Voices” foi um dos legados oficiais da JMJ Rio 2013. Os bons ventos da JMJ Rio 2013 trouxeram-no ao Brasil.

Entrando em contato com ZENIT, o coordenador do Vozes Católicas do Brasil, Alexandre Varela, leigo com grande experiência na comunicação, explicou aos nossos leitores o objetivo do projeto e os passos que estão sendo dados para “tropicalizá-lo”, transformá-lo à realidade brasileira. 

“Hoje estamos muito focados em ampliar nossos contatos com a imprensa e consolidar nossa atuação no Rio de Janeiro. Em breve, começaremos a planejar a expansão do grupo para todo o Brasil”, disse Varela à ZENIT.

Se você ficou interessado, então conheça de perto essa iniciativa e acompanhe abaixo a íntegra dessa entrevista:

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Então, Alexandre, quer dizer que como legado da JMJ Rio 2013, o projeto inglês “Catholic Voices” veio ao Brasil, por meio de um grupo de 15 católicos cariocas?

Alexandre: Sim, hoje somos 4 coodenadores e 11 integrantes, mas não só cariocas! Temos gente de todo o Brasil. O Vozes Católicas (como nos chamamos no Brasil) foi um dos legados oficiais da JMJ Rio 2013, que foi um grande catalizador para este projeto, que é inspirado no Catholic Voices do Reino Unido. Contamos com a orientação dos criadores do “Catholic Voices”, mas nosso grupo tem total liberdade para “tropicalizar” o projeto. O Brasil tem demandas muito diferentes no que diz respeito à comunicação católica e estamos trabalhando para garantir que tenhamos o melhor formato possível para a nossa realidade.

Publicamos semana passada uma entrevista com a coordenadora desse projeto na Itália. O que você achou?

Alexandre: Já acompanhamos a implantação do projeto em muitos países e conhecemos muitos membros dessas equipes. É sempre inspirador ver como as pessoas estão se movendo para defender a fé e, principalmente, esclarecer os pontos de vista da Igreja Católica, normalmente tão distorcidos e atacados pela grande mídia. Estamos trabalhando duro para que seja assim também no Brasil!

 O projeto está se desenvolvendo no Rio de Janeiro? Qual tem sido a experiência de Vozes nesse ano?

Alexandre: O Rio de Janeiro foi o local escolhido para estrear o Vozes Católicas no país, justamente pelo grande protagonismo dentro da Igreja Católica no Brasil e, evidentemente, pela oportunidade de exposição a toda a imprensa durante a JMJ Rio 2013, quando o projeto efetivamente começou a funcionar. O ano de implantação (2013), foi excepcionalmente bom para estreitarmos nossos contatos com a imprensa e entendemos qual seria o formato mais adequado para o projeto no Brasil. Entramos em 2014 muito mais amadurecidos e cientes das barreiras que temos que enfrentar e o que precisamos fazer para vencê-las. Muitos veículos têm nos procurado, principalmente para entender melhor o contexto do que acontece no Vaticano e suas consequências no Brasil. Já ganhamos muita visibilidade, mas estamos trabalhando para ir além: queremos estar na frente das câmeras e mostrar o rosto dos católicos leigos do Brasil.

Por que motivo a imprensa, digamos assim, laica, não permite que católicos leigos bem preparados se posicionem nos seus programas e debates?

Alexandre: Leigos falando sobre temas católicos é uma grande novidade. Não só no Brasil, mas em todos os lugares onde o Vozes Católicas é implantado. Sempre existe uma resistência, porque os veículos (e também os espectadores) esperam que apenas os padres falem sobre esses assuntos. Evidentemente, o tamanho do desafio varia em cada um dos países e, aqui no Brasil, ele é particularmente grande. Os leigos no Brasil têm pouca visibilidade, somos muito clericalizados. Isso não é bom, nem ruim… é só uma característica e temos que lidar com ela. Mas esse paradigma está mudando e queremos ser parte importante nesta mudança. É um trabalho de longo prazo e um dos primeiros passos é contar com a ajuda dos jornalistas católicos para que possam, aos poucos, introduzir o Vozes Católicas nos meios de comunicação nos quais atuam.

 O mesmo Papa Francisco tem denunciado em várias ocasiões a questão do clericalismo. Por exemplo, são dele essas palavras “A tentação do clericalismo, que causa grandes prejuízos à Igreja que está na América Latina, constitui um obstáculo para o desenvolvimento da maturidade e da responsabilidade cristã de uma boa parte do laicado”. Essa falta de presença católica leiga na mídia brasileira não seria causada por este clericalismo que o Papa denunciou?

Alexandre: Como já dissemos antes. Esse clericalismo de que falamos é uma característica. Não é algo intrinsecamente ruim.  Mas para o contexto atual, complica um pouco as coisas e talvez por isso o Papa esteja preocupado. Precisamos mudar isso: tirar a Igreja das paróquias e levá-la a todos os ambientes. E apenas os leigos podem fazer isso com a penetração necessária. Somos nós que estamos nas escolas, universidades e empresas. Também são os leigos que estão inseridos na produção cultural, que vem sendo determinante na formação da mentalidade dos brasileiros nos últimos anos. Eu diria que hoje vivemos uma “Guerra Cultural”, mas só um lado está lutando. Precisamos entrar de cabeça e só os leigos podem efetivamente se dedicar a isso.

Já que os leigos não têm acesso à grande mídia, a solução não seria preparar os padres para o debate, em vez de preparar leigos?

Alexandre: É importante que ao menos alguns padres estejam preparados, porque o fato de lançarmos os leigos na grande mídia não elimina a demanda por declarações de padres. Porém é importante que essa função passe a ser dominada pelos leigos. Precisamos passar a mensagem de que a Igreja não é algo fechado nas paróquias, mas é algo que está na cultura e nos diversos ambientes. Ter fé não é uma questão clerical, é uma opção da maioria absoluta do nosso povo! Isso precisa ser mostrado. Além disso, sabemos que muitos debates reservam uma boa dose de armadilhas e contextos inadequados à um sacerdote. Às vezes chega a ser covardia. Certa vez, vi um programa em que um grupo de pessoas completamente descomprometido lançava acusações sem fundamento sobre um padre que mal tinha chance de falar. Foi um grande desrespeito. Um sacerdote do Senhor não deve ser exposto a isso. Ter leigos nesta função é uma forma de preservar a Igreja.

Qual tem sido o papel de Dom Orani para a implantação desse projeto no Rio?

Alexandre: Em todo o mundo, o Vozes Católicas tem como política só ser implantado com autorização do Bispo local, afinal, somos parte da Igreja. Mas Dom Orani foi além: é o grande incentivador deste projeto. Desde o início, abraçou a ideia e deu total apoio e liberdade para que fizéssemos a implantação do Vozes Católicas no Rio de Janeiro. Foi ele que tornou esse projeto um dos legados na JMJ Rio 2013, que foi essencial para abrir muitas portas. No entanto é muito importante frisar que uma das características do projeto em todo o mundo é a independência em relação à estrutura da Igreja. Não estamos subordinados à Arquidiocese. Isso é necessário para dar agilidade ao nosso trabalho, o que é um requisito básico no mundo da comunicação de massa. Mas também é uma maneira de permitir nos arrisquemos sem que isso comprometa a Igreja. Por isso, jamais falamos em nome da Igreja. Somos leigos e falamos da experiência que vivemos. E esse é um ponto muito importante! Somos o rosto vivo da Igreja, não seus “porta-vozes”.

Isso não seria, então, uma missão dos bispos? Ou seja, quem deveria se movimentar para implantar o Vozes na própria diocese, em primeiro lugar, não seria o próprio bispo?

Alexandre: Como dissemos, o Vozes Católicas atua de forma independente. A grande responsabilidade por implantar o projeto é dos leigos! Mas será uma grande alegria se um bispo achar essa iniciativa importante para sua diocese e quiser contar conosco.

Quem estiver interessado em montar uma equipe do Vozes na própria diocese, que passos tem que seguir?

Alexandre: Hoje estamos muito focados em ampliar nossos contatos com a imprensa e consolidar nossa atuação no Rio de Janeiro. Em breve, começaremos a planejar a expansão do grupo para todo o Brasil. Essa fase de “incubação” é necessária porque queremos que os próximos núcleos já contem com uma rede mais consistente de suporte e de recursos. Pavimentar essa estrada é um grande desafio, mas estamos, com a Graça de Deus, avançando cada vez mais. Quem quiser entrar em contato conosco, pode fazê-lo através do e-mail: vozescatolicas@vozescatolicas.com.br. Queremos conversar com todos os entusiastas do projeto!

https://www.youtube.com/watch?v=M1w0OdQju3M

Conheça!!

http://www.catholicvoices.org.uk/ ( Reino Unido)

http://www.vocescatolicas.cl/ ( Chile)

http://catholicvoicesusa.org/ ( Estados Unidos)

http://www.catholicvoices.org.es/ ( Espanha)

Por Thácio Siqueira

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O Arcebispo Waclaw Depo, presidente do Conselho para as Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Polonesa, enviou uma carta nestes dias a Jan Dworak, presidente do Conselho Nacional de Rádio e Televisão da Polônia, sobre a questão de uma propaganda televisiva intitulada Najbliżsi Obcy (o exterior está mais perto) que promove a homossexualidade.

A transmissão da propaganda começou na semana passada nas emissoras TVP 1, TVP 2, TVP Informações, TVP Kultura e TVP Historia. A propaganda foi financiada com o dinheiro alocado para a missão pública de TVP, vindo de assinaturas.

Mons Depo observou que a propaganda viola a lei polonesa e prejudica o casamento e a família, cuja proteção é garantida pela Constituição da República da Polónia. A lei polonesa sobre a radiodifusão, de fato, afirma que “programas ou outras transmissões devem respeitar as crenças religiosas do público e em especial o sistema cristão de valores associados com o matrimônio e a família”.

Em uma carta para Jan Dworak, mons. Depo enfatiza a distinção de significado entre as palavras “tolerância” e “promoção”, observando que, no caso da propaganda, não se aplica à tolerância mas à promoção das relações homossexuais. Depo chama a atenção sobre as violações das normas de lei em vigor na Polônia.

Nos termos desta lei os programas e outros serviços devem respeitar o sistema cristão de valores e servir para fortalecer a família. A questão da promoção da homossexualidade viola as disposições da legislação polaca, em especial os artigos 18 e 21 da Constituição da República da Polônia, escreve Mons. Depo.

Nos últimos dias, a propaganda televisiva foi critica também pelos membros da Conferência Episcopal polonesa e pelos movimentos católicos na Polônia.

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A carta de Mons. Depo pode ser lida em polonês em:http://kuriaczestochowa.pl/news/list-przewodniczacego-rady-kep-ds-srodkow-spolecznego-przekazu-ws-emisji-spotu-najblizsi-obcy/

Veja a propaganda abaixo

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A versão original do documento, chamado Relatio post discepationem (Relação depois do debate) estava escrita em italiano, idioma que o Papa Francisco escolheu como oficial para o Sínodo. Nos sínodos anteriores o idioma oficial tinha sido o latim, estimado por sua precisão e por sua falta de ambiguidade.   

O ponto que gerou a controvérsia está no parágrafo 50 que aparece logo depois de valorizar os dons e os talentos que os homossexuais podem dar à comunidade cristã. Em italiano aparece a seguinte pergunta: “le nostre comunità sono in grado di esserlo accettando e valutando il loro orientamento sessuale, senza compromettere la dottrina cattolica su famiglia e matrimonio?

Na tradução ao inglês proporcionada pelo Vaticano, lê-se o seguinte: “Are our communities capable of providing that, accepting and valuing their sexual orientation, without compromising Catholic doctrine on the family and matrimony?” (Nossas comunidades estão em grau de sê-lo (acolhedoras), aceitando e valorizando a sua orientação sexual, sem comprometer a doutrina católica sobre a família e o matrimônio?”)

A palavra chave no italiano é “valutando” que foi traduzida ao inglês como valuing” (valorizando). Esta palavra deveria ter sido traduzida como “avaliando” ou “considerando” ou “sobrepesando”, como sim estava em espanhol.

Com a tradução que se fez ao inglês, em contraste, sugere-se uma valorização da orientação sexual, o que gerou uma confusão entre aqueles que são fiéis aos ensinamentos da Igreja.

Embora tivesse a indicação de que a tradução não era oficial, foi a tradução que a Sala de Imprensa da Santa Sé difundiu para ajudar os jornalistas que não conhecem bem o italiano.

O documento foi divulgado inicialmente em italiano, pouco antes da leitura feita pelo Cardeal Peter Erdo, Relator Geral do Sínodo, diante da assembleia. Depois de cerca de meia hora, o texto estava disponível em espanhol, francês, inglês e alemão, e foi enviado através de um boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Esta diferença de tempo sugere que a tradução se fez nas instâncias finais.

Segundo uma Fonte do Vaticano, o Cardeal Erdo deveria entregar o documento à Secretaria Geral do Sínodo no sábado, e este foi polido até o último momento e devolvido ao Cardeal já tarde no domingo.

Que o texto não é plenamente do Cardeal Erdo poderia dever-se ao feito de que “o texto da discussão posterior à relação é muito mais curto que o da pré-discussão”, como disse o Arcebispo de Glasgow, Dom Philip Tartaglia, ao Grupo ACI em 15 de outubro.

A passagem sobre o atendimento pastoral aos homossexuais foi criticada logo no debate que seguiu a leitura da Relatio na segunda-feira.

O documento gerou em algumas pessoas a impressão de que a Igreja tinha mudado a sua perspectiva em relação à homossexualidade.

O Cardeal Gerhard Mueller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, ressaltou em 13 de outubro que “o atendimento pastoral dos homossexuais foi sempre parte do ensinamento da Igreja e a Igreja nunca tirou os homossexuais dos seus programas pastorais”.

Um importante documento deste dicastério de 1986 sobre o atendimento pastoral das pessoas homossexuais, com a assinatura do então Cardeal Ratzinger e aprovado por São João Paulo II, assinala que “é de se deplorar firmemente que as pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objeto de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos merecem a condenação dos pastores da Igreja, onde quer que aconteçam”.

O texto indica também que “um programa pastoral autêntico ajudará as pessoas homossexuais em todos os níveis da sua vida espiritual, mediante os sacramentos e, particularmente, a frequente e sincera confissão sacramental, como também através da oração, do testemunho, do aconselhamento e da atenção individual. Desta forma, a comunidade cristã na sua totalidade pode chegar a reconhecer sua vocação de assistir estes seus irmãos e irmãs, evitando-lhes tanto a desilusão como o isolamento”.

“Desta abordagem diversificada podem advir muitas vantagens, entre as quais não menos importante é a constatação de que uma pessoa homossexual, como, de resto, qualquer ser humano, tem uma profunda exigência de ser ajudada contemporaneamente em vários níveis”.

O documento afirma também que “a pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, não pode definir-se cabalmente por uma simples e redutiva referência à sua orientação sexual. Toda e qualquer pessoa que vive sobre a face da terra conhece problemas e dificuldades pessoais, mas possui também oportunidades de crescimento, recursos, talentos e dons próprios”.

“A Igreja oferece ao atendimento da pessoa humana aquele contexto de que hoje se sente a exigência extrema, e o faz exatamente quando se recusa a considerar a pessoa meramente como um ‘heterossexual’ ou um ‘homossexual’, sublinhando que todos têm uma mesma identidade fundamental: ser criatura e, pela graça, filho de Deus, herdeiro da vida eterna”, adiciona.
 

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Porta-voz do Vaticano explica que o relatório é um documento de trabalho; conclusões só virão na Assembleia de 2014

Em comunicado emitido nesta terça-feira, 14, em nome da Secretaria Geral do Sínodo, o diretor da Sala de Imprensa da santa Sé, padre Federico Lombardi, esclareceu o significado do relatório do Sínodo apresentado nesta segunda-feira.

Ele observou que, em muitos casos, foi atribuído ao relatório um valor que não corresponde à sua natureza. Padre Lombardi esclarece na nota à imprensa que se trata de um documento de trabalho.

“A Secretaria Geral do Sínodo reitera que tal texto é um documento de trabalho, que resume as intervenções e o debate da primeira semana e agora é proposto à discussão dos membros do Sínodo reunidos nos Círculos Menores, segundo quanto prevê o Regulamento do próprio Sínodo. O trabalho dos Círculos menores será apresentado à Assembleia na Congregação geral da manhã da próxima quinta-feira, 16″, informou o sacerdote.

“As reflexões propostas são fruto do diálogo sinodal, realizado em grande liberdade e num estilo de recíproca escuta, mas o objetivo é levantar questões e indicar perspectivas, que serão amadurecidas com a reflexão das Igrejas locais no ano que nos separa da Assembleia geral ordinária do Sínodo, marcada para outubro de 2015”, esta foi a explicação conclusiva do relator-geral do Sínodo, Cardeal Peter Erdo, arcebispo de Budapeste.

Balanço

Com a apresentação do relatório geral, o Sínodo dos Bispos sobre família entrou em uma nova etapa: a dos Círculos Menores, que são discussões mais aprofundadas sobre os temas discutidos.

Dois cardeais brasileiros que participam da assembleia sinodal, Cardeal Odilo Scherer e Cardeal João Braz de Aviz, comentaram o documento apresentado ontem, destacando suas contribuições para as discussões que estão por vir.

Dom Odilo explicou que esse relatório é uma tentativa de sintetizar tudo o que já foi discutido até agora pelos padres sinodais. “Estamos em um caminho sinodal, como o Papa mesmo disse, portanto as coisas não nascem perfeitas e é um esforço conjunto justamente de elaboração de um texto que depois será o texto desta Assembleia Extraordinária do Sínodo. A síntese é boa, sem dúvida manifesta o ‘sentir’ da Assembleia até agora, embora, é claro, possa ter ainda uma série de observações”.

Para o Cardeal Braz de Aviz, um aspecto fundamental nas intervenções foi que o Papa deixou os presentes muito à vontade; ele pediu clareza, sinceridade e respeito para com a palavra do outro e isso ajudou muito. Com relação ao relatório, Dom Aviz destacou o fato de apresentar um olhar muito próximo da família e da pessoa humana.

“A Igreja tem muita clareza da sua doutrina e sobre essa doutrina, que é a de Jesus, a Igreja não vai voltar atrás a respeito disso, mas precisa olhar todos os problemas concretos e precisa procurar uma luz junto e isso é a mudança que está havendo”.

O cardeal disse ter esperança no documento, pois identifica uma presença muito forte de uma atitude misericordiosa, do diálogo, de ir ao encontro, como o Papa tem insistido. Dom Aviz reforçou que a cultura atual não pode ser a do individualismo e do fechamento, mas a da aproximação.

“O diferente não é contrário à gente, o diferente é alguém que caminha com a gente, de outro modo, mas caminha com a gente. Eu acho que essa postura nova é que vai contar demais e ajudará também a entrar nas causas profundas dos problemas sem fechamento, sem medo, sem já, de antemão, você começar a fazer as suas divisões e as suas classificações. Isto é o que está dando a todos nós uma esperança muito grande”.

Sobre a fase que começa agora, a dos círculos menores, Dom Aviz explicou que é um momento de retomar o relatório geral e tudo aquilo que foi falado para que se possa aprofundar as discussões. Trata-se de uma fase em que se pode falar com mais liberdade. “Estamos em uma fase importante porque é de aprofundamento”, concluiu o cardeal, lembrando que as discussões finais serão só no ano que vem, com o Sínodo Ordinário.

A 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos começou no dia 5 de outubro e termina neste domingo, 19. O tema em pauta é “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

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O Prefeito da Signatura Apostólica, Cardeal Raymond Burke, denunciou que o Sínodo extraordinário sobre a Família, que se realizará em outubro no Vaticano, sofreu uma tentativa de sequestro por algumas mídias seculares que estão alimentando expectativas de mudanças “impossíveis” na doutrina da Igreja.

Em recentes declarações o Cardeal Raymond Burke assinalou que “não acredito que seja necessário ser brilhante para ver que os meios de comunicação, por meses, estiveram tentando sequestrar este Sínodo”.

A Signatura Apostólica, dirigida pelo Cardeal Burke, encarrega-se, entre outras coisas, de dirigir os casos de nulidade matrimonial na Igreja.

O Cardeal Burke assinalou que, de forma particular, os meios de comunicação estiveram apresentando o Papa Francisco como se ele fosse a favor de permitir que a Comunhão seja entregue aos divorciados em nova união, e outras propostas semelhantes, embora na verdade não seja assim.

O perigo, continuou o Cardeal, é que “os meios de comunicação criaram uma situação na qual as pessoas esperam que vá haver estas mudanças maiores, que de fato, constituiriam uma mudança no ensinamento da Igreja, o que é impossível”.

O Sínodo extraordinário sobre a Família, que se realizará de 5 a 19 de outubro deste ano, converteu-se no centro do debate sobre se a Igreja Católica deve modificar as suas práticas pastorais para permitir que os divorciados em nova união possam receber a Comunhão, em casos nos quais não se obteve uma nulidade.

O ensinamento da Igreja neste tema, disse o Cardeal Burke, é a misericórdia, “porque respeita a verdade de que a pessoa está de fato vinculada por uma união prévia que, por qualquer que seja a razão, já não está vivendo”.

“A Igreja mantém a pessoa na verdade desse matrimônio”, continuou, “ao mesmo tempo, sendo compassiva, entendendo a situação da pessoa, acolhendo-a dentro da comunidade paroquial nas formas que são apropriadas, e tentando ajudá-la a levar uma vida o mais santa que possam, mas sem trair a verdade do seu matrimônio”.

Isso, disse, “é misericórdia”.

O Cardeal Burke destacou que “simplesmente, não tem sentido falar sobre uma misericórdia que não respeita a verdade. Como que isso pode ser misericordioso?”.

O Cardeal indicou que na Signatura Apostólica “tentamos, tanto como podemos, ajudar as pessoas a que entendam que é um erro grave viver com alguém como se estivessem casados, quando de fato não está livre para casar”.

Para quem pede a nulidade do seu matrimônio, o cardeal disse que “a Igreja tem que ter um processo correto para chegar à verdade desse pedido”.

“O processo de nulidade matrimonial é o fruto de séculos de desenvolvimento, por parte de vários peritos canonistas, sendo um dos grandes o Papa Bento XVI”, disse o Cardeal, assinalando que “para nós agora, dizer simplesmente que não necessitamos mais disso é o cúmulo do orgulho e, portanto da necedade”.

Em vistas ao Sínodo de outubro, o Cardeal Burke expressou a sua esperança de que se “estabelecerá a beleza do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio, em todos seus aspectos, como uma união entre um homem e uma mulher, fiel, indissolúvel por toda a vida e procriadora”.

Sobre este último ponto, ressaltou, “a constituição pastoral da Igreja no mundo moderno disse que as crianças são a coroa do amor conjugal”.

Considerando todas as coisas, o Cardeal Burke assinalou que o Sínodo sobre a Família pode ser algo bom “desde que se baseie na doutrina e disciplina da Igreja com respeito ao matrimônio. Mas não pode ser simplesmente um tipo de enfoque sentimental ou pessoal que não respeite a realidade objetiva do matrimônio”.

“Na medida em que se baseie solidamente sobre o ensinamento da Igreja e sua disciplina, acredito que será muito positivo”, assegurou.

Fonte: ACI

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Quando o Matrimônio é a solução para o concubinato

Não me lembro agora quem foi aquele sábio contemporâneo que disse, certa vez, que os jornalistas eram as pessoas mais desinformadas que ele conhecia. A veracidade da sentença é passível de ser confirmada à mais banal e corriqueira observação da realidade; é incrível como este ramo de atividade humana – responsável justamente pela propagação da informação – pode contar com tantas e tantas pessoas absolutamente ineptas em suas fileiras.

Uma matéria recente do Estadão fala que o “Papa realiza casamento de casais que já moram juntos e têm filhos”. O primeiro parágrafo, dando o tom de toda a matéria, dispara que o Papa Francisco «celebrou o casamento de 20 casais neste domingo [14/set], alguns dos quais já vivem juntos e tem filhos, no mais recente sinal de que o pontífice argentino quer que a Igreja Católica seja mais aberta e inclusiva».

Custa crer que exista alguma pessoa na face da terra que ignore que a Igreja, desde que é Igreja, casa casais. [Na verdade, quem celebra o Matrimônio são os nubentes e não o sacerdote que o assiste, como o sabe qualquer catequizando adolescente; mas seria demais exigir esse nível de refinamento de quem se espanta com o fato de casais que «já vivem juntos e tem (sic) filhos» casarem…] Custa crer que alguém enxergue nessa coisa banal e prosaica um sinal de que a Igreja deseje ser «mais aberta e inclusiva».

Ora, desde que o mundo é mundo, a Igreja regulariza as situações de fato que encontra. As pessoas que podem se casar são, apenas e justamente, os casais que ainda não estão casados! Um absurdo inaudito, digno de manchetes, seria se fosse diferente. Se um homem e uma mulher vivem juntos maritalmente e não estão ainda casados – nem, óbvio, estão impedidos de casar por algum matrimônio prévio, por votos religiosos ou por qualquer outra razão -, então é lógico que a situação deles regulariza-se, da maneira mais simples possível, com a celebração do seu casamento. Isso sempre foi assim e qualquer pessoa com um mínimo de vivência eclesial sabe disso. No fato da Igreja casar casais que ainda não estão casados não se encontra nenhum sinal de “inclusividade”, no péssimo sentido que esta palavra tem na novilíngua contemporânea, mas sim da catolicidade da Igreja que, sempre, convida a Si todos os homens e anseia por congregar a todos no Seu seio.

Aqui, nos sertões do nosso Nordeste, uma das coisas que frei Damião fazia com suas missões [cf. “Em defesa da Fé”] era, justamente, ajustar o casamento dos que viviam amancebados. Ou seja: trata-se de prática extremamente “reacionária”, no sentido de que se preocupa com as formas tradicionais [= o matrimônio religioso] em preferência às novas configurações de fato [= o amor livre]. Na verdade, casar pessoas que já vivem juntas e têm filhos não é “incluir” essa realidade marginal – o concubinato – na Igreja Católica, mas precisamente o contrário: é arrancar o homem à mancebia para reintroduzi-lo nas práticas santas da religião católica, é elevar a amásia e concubina a cônjuge e esposa legítima. É, em suma, dizer que não se aceita que os casais simplesmente “vivam juntos e tenham filhos”, mas que, além disso, é imperioso que eles contraiam matrimônio válido e lícito diante da autoridade religiosa competente. Trata-se, evidentemente, de [mais] uma condenação do concubinato, e não de uma sua “inclusão” na Igreja.

Uma Igreja “aberta e inclusiva”, na mentalidade moderna, seria uma Igreja que permitisse o sexo fora do casamento, que aceitasse o casamento gay ou permitisse que divorciados tornassem a casar. Ora, não consta que as pessoas que recentemente se casaram diante do Papa Francisco tivessem algum impedimento canônico; não eram gays mas, muito ao contrário, casais de verdade, com filhos próprios inclusive; e o fato mesmo do Papa exigir-lhes o casamento é, por si só, sinal evidente de que faltava algo à situação de «vive[re]m juntos» em que já se encontravam. Muito ao contrário, portanto, de ser um “sinal” dessa realidade apocalíptica pela qual anseiam em vão os bárbaros modernos, o recente gesto do Papa Francisco foi uma reafirmação da Doutrina Católica: longe de ser uma realidade social dotada de valor, o concubinato é um mal que deve ser sanado – se possível, com o Matrimônio. E o Papa quis passar clara e abertamente essa mensagem para o mundo. E esta verdade é suficientemente inclusiva para valer para todos os homens.

Jorge Ferraz

http://www.deuslovult.org/2014/09/18/quando-o-matrimonio-e-a-solucao-para-o-concubinato/

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A revista norte-americana Fortune, especializada em temas econômicos, desmentiu o mito das “grandes riquezas” doVaticano, e informou que se a Santa Sé fosse uma corporação, nem sequer chegaria perto das 500 mais ricas da sua famosa lista Fortune 500.

Em seu artigo intitulado “This Pope means business” (“Este Papa é sério”), a Fortune indicou que “frequentemente é assumido que o Vaticano é rico, mas se fosse uma companhia, não chegaria nem perto da lista Fortune 500”.

A lista da Fortune 500 é encabeçada este ano pela multinacional Wal-Mart, com receita de 476,3 bilhões de dólares, e com a gigante da tecnologia Apple em quinto lugar, com receita de 179,9 bilhões.

O último lugar da sua lista é ocupado pela empresa United Rentals, com receita de 4,9 bilhões de dólares.

A Fortune assinalou que o orçamento operacional do Vaticano é de apenas 700 milhões de dólares, e “em 2013 registrou um pequeno superávit global de 11,5 milhões de dólares”.

A revista estadunidense assinalou, além disso, que a maioria dos ativos mais valiosos do Vaticano, “alguns dos maiores tesouros de arte do mundo, são praticamente sem avaliação e não estão à venda”.(foto, museu do Vaticano)

“A Igreja católica é altamente descentralizada financeiramente. Em termos de dinheiro, o Vaticano basicamente está por conta. Essa é uma importante razão pela qual suas finanças são muito mais frágeis e sua situação econômica é muito mais modesta que sua imagem de luxuosa riqueza”.

O Vaticano, indicou a revista econômica, não tem acesso ao dinheiro nem das dioceses nem das ordens religiosas.

Explicou que “cada diocese”, em termos econômicos, “é uma corporação separada, com seus próprios investimentos e orçamentos, incluindo as arquidioceses metropolitanas”.

A Fortune assinalou que as dioceses de todo o mundo “mandam somas consideráveis de dinheiro para o Vaticano cada ano, mas a maior parte deste dinheiro é destinada ao trabalho missionário ou às doações de caridade do Papa”.

O Vaticano, informa a matéria da Fortune, “paga salários relativamente baixos, mas oferece benefícios generosos de saúde e aposentadoria”.

“Os cardeais e bispos das congregações e dos conselhos muitas vezes recebem o equivalente a 46 mil dólares ao ano”.

“Os soldados rasos, incluindo irmãs e sacerdotes, também recebem salários menores aos de mercado”, publicou a revista, mas destacou que “os empregados do Vaticano não pagam imposto de renda”.

“Os empregados leigos do Vaticano têm emprego vitalício e, virtualmente, ninguém sai antes da idade da aposentadoria”, assinalou.

Fonte:  Religión Digital

Uma pesquisa do jornalista e mestre em Comunicação Midiática Paulo Vitor Giraldi acaba de ser publicada em um livro chamado “Igreja Virtual: Comunicar para Transcender”.
A obra explora um curioso fenômeno recente no Brasil: o aumento no número de jornalistas formalmente contratados por dioceses e o interesse dessas instituições em profissionalizar suas relações com a imprensa.
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Estudo de Paulo Vitor Giraldi mostra como igrejas apostam em trabalho de jornalistas
“A proposta do livro consiste em olhar para este novo universo que se trata da profissionalização da comunicação institucional religiosa”, comenta o autor à IMPRENSA. A obra mostra que a principal função desses profissionais na Igreja Católica tem sido a de administrar relações nas redes sociais.
 
Segundo Giraldi, a Igreja também tem o dever de acompanhar a evolução das mídias, incluindo a popularização das redes sociais. Assim, não basta abrir um perfil no Facebook ou no Twitter. É preciso que as dioceses contratem mão-de-obra especializada para cuidar desses processos digitais de comunicação.
 
“Todo o processo precisa ser qualificado, com formação técnica e humana (orgânica), com pesquisas e investimentos etc. Vislumbro um futuro tão presente e muito promissor para a comunicação religiosa, mas que exige novos investimentos e abertura a cultura comunicacional”, acrescenta o jornalista.
 
Para o autor, porém, as igrejas devem usar a internet apenas como ferramenta de divulgação de atividades comunitárias, por exemplo. Ele é contra o uso das redes sociais como espaço para pregação. “É ilusão pensar que a internet seja um espaço adequado para fidelizar as nossas relações. A fidelização passa por uma condição essencial, a experiência, o contato. Precisamos compreender as funções tecnológicas oferecidas pelas mídias digitais e o contexto em que estão inseridas”, ressalta.
 
Já sobre as mídias tradicionais, o jornalista é mais reservado. Ele questiona a necessidade de “fortalecer” a doutrina cristã na televisão, por exemplo, especialmente quando o objetivo é o que ele chama de “autopromoção” a uma instituição específica. Além disso, Giraldi condena o preconceito religioso que, muitas vezes, comunicadores evangélicos exibem na TV. Postura que, segundo ele, pode acabar motivando discursos de segregação religiosa na internet.
 
“O preconceito, o egoísmo, a falta de respeito pela fé do outro, matam mais que qualquer doença. Se as redes sociais nos ajudarem a conviver mais com o diferente, a partir de nossa fé, a superar o pensamento individualista e preconceituoso, com certeza estarão deixando bons frutos à vida em sociedade”, finaliza.
Fonte: Portal imprensa

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Para grande honra do Le Figaro, de longe o maior e mais antigo diário de notícias francês, nesta quarta-feira ele se tornou o primeiro grande jornal internacional a publicar em sua primeira página, e como principal manchete, a perseguição dos cristãos no Iraque: “O Calvário dos Cristãos do Iraque”.

 Também em sua capa, o principal editorial era “Silence, on persécute!” (Silêncio, estamos perseguindo!), uma acusação direta terrível aos cúmplices desse genocídio, aqueles que estão em silêncio em todo o Ocidente, a começar pelos meios de comunicação, uma opinião pública sempre propensa a manifestações (mas não desta vez!) e, de modo particular, os governos das nações cujas populações são na maioria cristãos ao menos de nome.

 LE FIGARO – Editorial por Étienne de Montety

Silêncio, Estamos Perseguindo!

O Estado Islâmico declarou guerra aos cristãos de Mosul. Instados a deixarem o “Califado” ou se sujeitarem ao pagamento de imposto de “Infiel”, destinados à vingança popular por esse “N” – como em “Nazareno” – inscrito em suas casas, os discípulos de Jesus Cristo, transformados em cidadãos de segunda classe, em breve não terão outra escolha a não ser se “converterem” ou perecerem pela espada…

A intolerância não está mais escondida. Ela é reivindicada pelo chefe Abu Bakr al-Baghdadi, que se faz chamar de Ibrahim. Uma ironia sinistra: Ibrahim é o nome árabe de Abraão, o pai dos crentes, que veio do Iraque, sob cujo nome os muçulmanos e cristãos da região deveriam se reunir e viver em paz.

Os cristãos do Iraque eram 1 milhão antes da intervenção americana. Atualmente eles não passam de 400.000. A cada onda de humilhações, violência, perseguições, eles percorrem o caminho do êxodo. Um desses exilados, Joseph Fadelle, contou, em um livro, “O Preço a Pagar” (Le Prix à payer), a respeito do destino terrível reservado a seus correligionários por muitos anos. Com a instalação do “Califado”, a ameaça agora é clara: olhem o inimigo, cristandade!

Certamente, vozes importantes se elevam em indignação: há meses o Papa Francisco soou o alarme e assegurou sua compaixão a seus irmãos. O Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, acaba de condenar um “crime contra a humanidade.” Agências internacionais estão preocupadas e elevam o seu tom.

E aí? A opinião pública europeia, tão ávida para mobilizações, petições, manifestações de todo tipo… E neste caso, nada! Silêncio, estamos perseguindo!

Permaneceremos surdos por mais tempo?

Será que terá que acontecer um massacre fora das férias de verão para nos mexermos? Após o Tour de France? Antes das grandes multidões de férias? Diante da aterrorizante procissão de horrores, expulsões, assassinatos em Mosul, exibiremos apenas a nossa indiferença? Cristãos ou não cristãos, continuaremos surdos por quanto tempo ainda diante dessas terríveis palavras do Evangelho ressoando em todo mundo: “Se eles permaneceram em silêncio, as pedras gritarão!“

Fonte: Fratres in Unum

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Onde há interação entre pessoas, aparecem vícios e virtudes. Nenhum ambiente de trabalho é exceção a essa regra.

Essa é a opinião de Irene Azevedo, diretora de negócios da LHH | DBM. Para ela, os relacionamentos profissionais sofrem com as mesmas falhas humanas resumidas nos 7 pecados capitais da Igreja Católica.

Gula, luxúria, preguiça, inveja, ira, soberba e avareza são conhecidas como os nossos principais desvios da conduta desde o século 13, quando são Tomás de Aquino registrou a famosa compilação na obra “Suma Teológica”.

Para Irene, a clássica lista nasceu de uma reflexão profunda sobre o comportamento humano – independentemente da conotação de pecado religioso.

“São deficiências universais e emblemáticas, que se aplicam a qualquer ambiente, inclusive o profissional”, opina a executiva.

Se, por um lado, essas falhas pertencem à natureza humana, por outro, a configuração atual do mercado de trabalho acentua nossas disposições negativas

“As empresas estimulam o nosso lado mais egoísta e individualista ao não premiar suficientemente as conquistas coletivas, por exemplo”, explica Irene.

A seguir, reunimos algumas traduções possíveis dos 7 famosos vícios para o universo do trabalho. Confira:

Inveja
“A maioria de nós é competitiva em alguma medida, mas isso pode passar dos limites”, afirma Irene. Essa disposição humana pode ser muito estimulada no contexto profissional, em que a concorrência cumpre um papel central para a lógica dos resultados.

O sentimento pode levar profissionais de destaque a ser alvo da hostilidade de seus colegas. “É comum ver pessoas que, por inveja, criticam e até boicotam quem incomoda”, afirma Sandra Oliveira, diretora na Dale Carnegie de São Paulo.

Soberba
De acordo com Irene, a vaidade é outra “praga” no mundo corporativo. “A sensação de poder no trabalho muitas vezes torna as pessoas arrogantes”, afirma a executiva.

Esse orgulho desmedido pode criar uma bolha em volta do indivíduo. “Cada um só está interessado em si mesmo e nos seus próprios problemas, o que asfixia a comunicação e cria células isoladas no escritório”, diz Sandra.

Ira
A agressividade também aparece frequentemente no mundo do trabalho, intensificada pelo estresse e pela pressão por resultados. “Infelizmente, brigas, insultos e xingamentos não são raras em ambientes corporativos”, diz Irene.

Segundo Sandra, a hostilidade também se manifesta mais facilmente com a internet. “Usando o escudo de um email, por exemplo, as pessoas se sentem muito mais corajosas para lançar ofensas aos outros”, explica.

Avareza
O apego exagerado ao dinheiro também é muito presente no mundo do trabalho. Segundo Irene, é natural o desejo de progredir materialmente. Porém, o objetivo de acumular riquezas não pode ser perseguido a qualquer custo.

“É quando a ambição vira ganância”, diz a executiva. Visando a uma promoção ou aumento de salário, por exemplo, o profissional pode prejudicar os demais e atropelar todos os seus princípios.

Gula
A vontade excessiva de comida pode ser traduzida para o universo do trabalho como uma necessidade constante de “abocanhar” o que está ao redor. “O vício da gula aparece no profissional que quer tudo o que é do colega, a tarefa, o cargo, o salário, o status”, diz Irene.

Segundo a executiva, esse “guloso” do trabalho cobiça o espaço do outro, seja para obter mais reconhecimento do chefe, seja para simplesmente alimentar sua vaidade.

Luxúria
Para Irene, existem muitas metáforas possíveis para o desejo sexual excessivo no mundo profissional. “A busca pelo prazer individual e a desatenção às necessidades dos colegas são atitudes que podem aparecer no escritório”, diz ela.

É o caso de profissionais que põem a sua própria satisfação em primeiro lugar, em detrimento de qualquer consciência de equipe. Aqui estão incluídos os comportamentos egoístas, indelicados e espaçosos do dia a dia corporativo.

Preguiça
“O mundo corporativo está cheio de procrastinadores, que não pensam no impacto dos seus atrasos para o resto da equipe”, afirma Irene.

Tarefas acumuladas, prazos estourados e pendências esquecidas são alguns sinais de que a ociosidade está reinando no ambiente de trabalho.

Fonte: Revista Exame

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No jornal italiano “La Repubblica” deste domingo 13, está publicado o resumo de uma nova “entrevista” assinada por Eugenio Scalfari, editor do periódico, com o Papa Francisco.

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, emitiu uma nota esclarecendo algumas questões. ERle informa que a conversa foi cordial e muito interessante e abordou principalmente os temas do flagelo dos abusos sexuais a menores e a atitude da Igreja para com a máfia. “No entanto, como anteriormente e em circunstâncias semelhantes, é necessário salientar que o que Scalfari atribui ao Papa, referindo entre aspas as suas palavras, é fruto da sua memória de jornalista especialista, mas não de transcrição exata de uma gravação e muito menos de revisão por parte do interessado, a quem as afirmações são atribuídas,” reforça Padre Lombardi.

Ele acrescenta que “não se pode e não se deve, portanto, falar de algum modo de uma entrevista, no sentido habitual do termo, como se fosse uma série de perguntas e respostas que refletem fielmente e com certeza o pensamento exato do interlocutor. Se, portanto, se pode assumir que no conjunto o artigo relata o sentido e o espírito do encontro entre o Santo Padre e Scalfari, deve-se reiterar fortemente o que já havia sido dito em uma “entrevista” anterior que apareceu no jornal La Repubblica, isto é, as expressões individuais referidas, na formulação dada, não podem ser atribuídas com certeza ao Papa.”

Por exemplo e, em particular, diz Padre Lombardi, “isso se aplica a duas afirmações que atraíram muita atenção e que, pelo contrário, não se devem atribuir ao Papa, ou seja, que entre os pedófilos existam “cardeais” e que o Papa tenha afirmado com certeza, a propósito do celibato, “encontrarei as soluções.”

No artigo publicado no La Repubblica estas duas afirmações são claramente atribuídas ao Papa, mas – curiosamente – as aspas são abertas antes, mas depois não estão fechadas. Simplesmente faltam as aspas de fechamento…Esquecimento ou reconhecimento explícito de que se está a fazer uma manipulação para os leitores ingênuos?” (EF)

entrevista que o jornalista Henrique Cymerman realizou ao Papa Francisco –publicada no jornal La Vanguarda-, foi vista no domingo passado por 2.203.000 pessoas através da cadeia de televisão ‘Cuatro’, do grupo italiano Mediaset.

Segundo pesquisas de audiência, durante os 50 minutos que durou a transmissão, a entrevista foi vista por 18.992.000 pessoas, na semana anterior, quando foi ao ar pela primeira vez, foi vista por 19.135.000.

A entrevista foi realizada após a visita do Papa à Terra Santa e o encontro que manteve no Vaticano com o presidente de Israel Shimon Peres e o líder palestino Mahmud Abas. O conteúdo da entrevista foi muito similar ao publicado no jornal espanhol “La Vanguardia” dias antes.

O Papa Francisco sublinhou a esperança que aprecia nos políticos jovens “sejam de centro, esquerda ou direita” -que definiu como uma “nova música”-, e destacou a importância da política para mudar o mundo e contribuir “ao bem comum”.

Entretanto, advertiu que “estamos em um sistema econômico que não é bom”, pois antepõe o amor ao dinheiro ao amor às pessoas. “Está provado que com a comida que sobra poderíamos alimentar às pessoas que tem fome”, assinalou.

Nesse sentido o Papa alertou que “toda economia se move descartando: descarta-se as crianças, descarta-se os idosos… já não servem, não produzem. E agora está de moda descartar os jovens com o desemprego. São 75 milhões na Europa, isto é uma barbaridade, ou seja, descartamos toda uma geração”.

Trechos da entrevista, recolhidos pela agência Europa Press, podem ser lidos em: http://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-concede-entrevista-ao-jornal-espanhol-la-vanguardia-20211/

No Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=DvBjAQjg3uc

 

https://www.youtube.com/watch?v=DvBjAQjg3uc