Papa Francisco segue surpreendendo a Igreja e o mundo, concentrando suas viagens às periferias físicas e existenciais. E, agora, apresenta uma visita inesperada a um país árabe do Golfo, com dois objetivos claros:

Fortalecer os laços de união com o Islã em busca da paz entre as religiões, pré-requisito para o nascimento da paz entre as nações.

A visita responde ao convite do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al Nahyan, e também da Igreja católica dos Emirados Árabes Unidos.

Esta é a terceira viagem internacional confirmada para o próximo ano, depois das viagens, no final de janeiro, ao Panamá, para a Jornada Mundial da Juventude, e ao Marrocos, entre os dias 30 e 31 de março.

O Vaticano também divulgou o tema desta viagem: “Fazei de mim um instrumento de tua paz”, e explicou que estas são as palavras iniciais da Oração da Paz de São Francisco de Assis e que se espera que “a visita do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos possa derramar de maneira especial a paz de Deus nos corações de todas as pessoas de boa vontade”.

O Papa recebeu, em 2016, o príncipe herdeiro e, em abril do ano passado, uma delegação dos Emirados Árabes Unidos.

“Esta visita, assim como a do Egito [em abril de 2017], mostra a importância fundamental que o Santo Padre dá ao diálogo inter-religioso. E visitar o mundo árabe é um exemplo perfeito da cultura do encontro”, disse o porta-voz, Greg Burke.

Análise
A viagem do chefe da Igreja Católica ao país onde o islã é a religião principal faz parte de um caminho comum de abertura.

Trata-se de uma viagem inovadora em um contexto complexo, onde a liberdade religiosa é limitada, pois, segundo a instituição Ajuda à Igreja que Sofre, nos Emirados Árabes “os cristãos não podem falar de religião com os muçulmanos nem lhes é permito usar uma cruz no pescoço de forma visível”.

Francisco chegará a uma nação onde existem 31 igrejas ou templos distintos que pertencem a diferentes religiões e crenças. Entre as igrejas, está a catedral católica (de rito latino) de São José.

Fonte: Religión Digital e Aleteia

Mais de 4258 adultos – um aumento de cerca de 40% em relação ao ano passado – receberam o batismo na Igreja Católica, na França, este ano na vigília da Páscoa.  Entre esses havia 280 pessoas que renunciaram ao islamismo, um número que vem crescendo nos últimos anos, segundo a Conferência Episcopal da França (CEF) citada pelo “Times of Israel”.

Na vigília da Páscoa é celebrada a Missa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, durante a qual tradicionalmente é dado o batismo aos catecúmenos.

Perto de 60% dos adultos tinha entre 18 e 35 anos. 53% e provinha de famílias de tradição cristã. 22% até à conversão diziam-se “sem religião”, ou ateus. O número dessas conversões aumentou 35% nos últimos dez anos.

Os dados foram comunicados à agência France Press pelo Pe. Vincent Feroldi, director do Serviço Nacional para as Relações com os Muçulmanos da CEF, que destacou que “até 2016, o número desses casos estava sempre abaixo de 200.”

A renúncia do Islão é problemática, pois o Corão condena-a como apostasia intolerável, merecedora da morte aplicável imediatamente e sem julgamento pelo primeiro que o puder fazer.

Muitos pedem que o batismo seja recebido “com certa discrição” e fora das festas da Páscoa para não serem vistos. Por isso o número anual total de batismos de ex-maometanos pode ser bastante superior.

Via ‘Valores inegociáveis: respeito à vida, à família e à religião’

O panorama religioso da Europa vai ficar mais plural nas próximas décadas e um dos elementos da maior diversidade religiosa é o crescimento da população muçulmana, ao mesmo tempo em que diminui a proporção das filiações católicas e protestantes. Segundo projeções do Instituto Pew Research Center (novembro de 2017), a população muçulmana na Europa pode triplicar entre 2016 e 2050.

Em 2016 havia 25,8 milhões de muçulmanos na Europa (representando 4,9% da população total) e este número pode passar, no cenário de alta migração, para 75,6 milhões em 2050 (representando 14% da população total).

O gráfico acima apresenta três cenários para 2050. Em todos eles há um crescimento da população muçulmana. No cenário de zero imigração, a percentagem de muçulmanos que estava em 4,6% em 2015, passaria para 7,4% em 2050. No cenário médio de imigração a percentagem passaria para 11,2%. E no cenário de alta imigração a percentagem de muçulmanos na Europa chegaria a 14% em 2050.

O mapa abaixo mostra que os países com as maiores presenças de muçulmanos, em 2016, eram Chipre (25,4%), Bulgária (11,1%), França (8,8%), Suécia (8,1%), Áustria (6,9%), Alemanha (6,1%), Suíça (6,1%), etc. Em termos absolutos, a França lidera com 5,7 milhões de pessoas estimadas na prática da fé islâmica.

População muçulmana nos países da Europa em 2016

 

Segundo as projeções do Instituto Pew Research Center (novembro de 2017), apresentadas no mapa abaixo, a presença muçulmana na Europa em 2050, no cenário de alta imigração, pode chegar a 14%, sendo 30,6% na Suécia, 19,9% na Áustria, 19,7% na Alemanha, 18,2% na Bélgica, 17,2% no Reino Unido, 17% na Noruega, etc.

População muçulmana (em %) nos países da Europa. Cenário de elevada imigração, em 2050

Em termos absolutos, no cenário de alta migração, conforme mostra a tabela abaixo, o número de muçulmanos pode chegar a 17,5 milhões na Alemanha, 13,5 milhões no Reino Unido, 13,2 milhões na França, 8,3 milhões na Itália, etc.

Os muçulmanos na Europa são, em média, mais jovens (30,4 anos) do que os não muçulmanos (43,8 anos), o que significa também que há mais mulheres em idade fértil. Quase um terço da população muçulmana na Europa (27%) tem menos de 15 anos – quase o dobro da proporção entre não muçulmanos (15%).

O Instituto Pew estimara que uma mulher muçulmana terá 2,6 filhos em média, um a mais do que o 1,6 filho projetado para mulheres não muçulmanas que vivem na Europa. Embora nem todos os filhos nascidos de pais muçulmanos se identificam como muçulmanos, eles tendem a assumir a identidade religiosa de seus pais.

Evidentemente, é muito difícil antecipar o futuro, pois os fatores que impulsionaram os fluxos de migrantes e refugiados – como a instabilidade na África e no Oriente Médio – podem diminuir ou aumentar. Muito depende também da economia e dos governos europeus, que estão sujeitas a várias alterações.

O Pew Research Center baseou suas projeções em pessoas que se identificaram como muçulmanas, usando informações de 2.500 bancos de dados, incluindo estatísticas oficiais e pesquisas realizadas em países que não coletam informações sobre identidade religiosa.

Independentemente do que vai acontecer no futuro, a realidade atual é que existe um crescimento da presença muçulmana na Europa e uma diminuição da prática católica e protestante no Velho Continente.

Reportagem de Roberto Scarcella, publicada em La Stampa (11/12/2017) mostra que, na Europa, centenas de edifícios sagrados do cristianismo mudam de função e diversos viraram mesquitas. Na Grã-Bretanha, Alemanha, França, Suécia, Bélgica e Holanda são, cada vez mais, numerosas as comunidades cristãs que preferem tornar rentáveis os espaços, cedendo a outra religião os lugares de culto religioso abandonados pela evasão dos fiéis. Apenas na Frísia, no norte da Holanda, cerca de 250 das 720 igrejas fecharam suas portas e tornaram-se apartamentos, escritórios, restaurantes ou, em alguns casos, mesquitas.

A reportagem cita o caso da França, onde um filósofo existencialista romeno, adotado pelos parisienses, é citado sem parar, cada vez que se inicia um debate inter-religioso devido a uma frase contida em uma sua correspondência com o erudito austríaco Wolfgang Kraus: “Os franceses não acordarão até que Notre-Dame seja transformada em mesquita”.

Ou seja, o quadro religioso da Europa está mudando com o aumento da presença muçulmana, aumento do número de pessoas que se declaram sem religião e declínio do número de praticantes da fé católica. 

Referência

PEW. Europe’s Growing Muslim Population, PEW, 29 november 2017

Fonte EcoDebate

Apesar dos esforços do governo em desassociar os imigrantes islâmicos da onda de violência na Alemanha, alguns jornais estão furando o bloqueio e reportando que pelo menos 200 ataques a igrejas na região da Baviera nos últimos dois anos. 

O The European relata que os danos são variados, indo de cruzes arrancadas das cúpulas – com machados ou serras – a imagens de Jesus e de santos sendo destruídas. Há relatos de invasão dos templos, tanto evangélicos quanto católicos, nas regiões de Längental, Sylvensteinstausee e Tirol. Em alguns locais cruzes expostas em lugares públicos, típicas da região, foram derrubadas. Em alguns casos, imagens de Jesus foram desfiguradas.

Na paróquia de St. Anton, em Passau, o padre Manuel Schlög lamenta que houve uma invasão durante a noite. Tudo que havia no altar foi jogado ao chão, peças de ouro roubadas e os vândalos tentaram atear fogo, mas felizmente não tiveram sucesso. Mais do que o dano, que custará algumas dezenas de milhares de euros, o líder da igreja lamenta: “Foi um ataque à nossa fé”.

A polícia não prendeu ninguém, pois nessa região rural da Alemanha não é comum que templos tenham sistemas de segurança. Segundo a imprensa, são os milhares de imigrantes muçulmanos que chegaram à região que estão tentando semear o medo na população.

Uma reportagem recente do jornal Express dá conta de que ataques a locais de culto cristão são uma ordem do Estado Islâmico aos seus simpatizantes.

G Prime

Com o decreto publicado na terça (25 de Setembro último) pelo rei da Arábia Saudita, o país poderá deixar de ser reconhecido como o único do mundo onde as mulheres não têm direito a dirigir um carro.

Conseguimos” ou “começamos de baixo, agora estamos aqui“, publicaram dezenas de mulheres sauditas nas redes sociais depois de receber a notícia, que também foi celebrada por governos e organizações defensoras do direitos das mulheres ao redor do mundo. 

Mas, até mesmo quando essa medida entrar em vigor e elas deixarem de andar em carros apenas como passageiras – algo previsto para junho de 2018 -, ainda existirão muitas outras práticas cotidianas que continuarão fora do alcance das mulheres em um dos países mais rígidos do mundo.

Entre as coisas que as sauditas não podem fazer sem a permissão de seu “guardião homem” ou tutor (em geral, algum homem da família, como seu pai ou marido), estão sete:

– Solicitar um passaporte
– Viajar ao exterior
– Casar-se
– Abrir uma conta bancária
– Começar alguns tipos de negócios
– Passar por uma intervenção médica
– Sair da prisão depois de cumprir a pena

Essas restrições se devem ao sistema de tutela vigente no país. O wahabismo, uma interpretação mais rígida de lei islâmica, é a fé dominante na Arábia Saudita há dois séculos. Depois do violento incidente de 1979 – a tomada da Grande Mesquita -, essas regras foram reforçadas de maneira ainda mais rígida pelo governo.

Isso ajudou a transformar a Arábia Saudita em um dos países com maior desigualdade entre homens e mulheres do Oriente Médio Segundo o Índice Global de Desigualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial de 2016, apenas dois países em guerra superam a Arábia Saudita nesse quesito: Iêmen e Síria.

‘Um homem é igual a duas mulheres’

Esse sistema de tutela foi duramente criticado por organizações como a Human Rights Watch, que comparou o estado legal das mulheres com o dos menores de idade, já que “não podem tomar decisões-chave para seu futuro por si mesmas”.

Algumas fizeram campanhas contra esse sistema, apesar de ser difícil mudá-lo em um país onde elas nem sequer podem andar na rua em público sem a companhia de um homem.

No sistema de Justiça, as mulheres são claramente discriminadas. Como em outros países com uma interpretação rígida da lei islâmica, o depoimento de um homem é igual ao de duas mulheres nos tribunais.

Também é difícil para elas ter a custódia dos filhos depois do divórcio se os filhos são maiores de sete anos (no caso dos meninos) ou nove (se são meninas). Essa dificuldade é ainda maior se a mulher não é muçulmana, ou seja, se é uma estrangeira que vive na Arábia Saudita.

No entanto, alguns aspectos da vida das mulheres da Arábia Saudita têm menos restrições do que se poderia esperar.

Elas podem votar desde 2015. A educação é obrigatória para meninas e meninos até os 15 anos e o número de mulheres que se formam nas universidades supera o de homens.

Contudo, apenas cerca de 16% da classe trabalhadora é composta por mulheres.

Regras no modo de se vestir

A roupa que as mulheres usam para trabalhar não depende delas.

As sauditas devem cobrir completamente seus corpos com uma abaya – a típica túnica larga e solta – em lugares onde possam ser vistas por homens que não têm relação com elas.

Para isso, há espaços exclusivos para mulheres como andares específicos em centros comerciais, onde elas podem retirar a abaya. Fora deles, as mulheres que não seguem essa regra podem ser penalizadas.

Mas há exceções: as não sauditas podem adotar um código de vestimenta mais liberal. Se não são muçulmanas, não precisam cobrir a cabeça.

Mas, em geral, as mulheres estrangeiras que vão ao país dizem ter de se cobrir com uma abaya antes de sair do aeroporto. Mas muitas primeiras-damas estrangeiras que visitaram o país não usaram abayas nem cobriram a cabeça.

Boa parte da vida saudita está segregada por gênero, e essa separação se aplica de maneira ampla, incluindo piscinas ou ginásios de hotéis frequentados por viajantes internacionais.

Ainda que vários países no mundo, como Rússia, China ou Israel, proíbam as mulheres de realizar algumas atividades, sem dúvida poucos são tão rígidos quanto a Arábia Saudita.

BBC

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A tradução dos diálogos do vídeo abaixo é a seguinte:

Criança: Vou contar tudo a Deus. Que vocês encheram os cemitérios com as nossas crianças, esvaziando os bancos das nossas escolas. Que você trouxeram inquietação e escuridão às nossas ruas. E que vocês mentiram para nós. Deus conhece plenamente todos os segredos do coração humano.

Terrorista: Eu testemunho que não há ninguém digno de adoração exceto Deus.

Idoso: Você vem em nome da morte. Ele é o criador da vida.

Terrorista: Eu testemunho que Maomé é servo e mensageiro de Deus.

Criança: O perdão é para quem faz o mal, não para quem faz o mal contra Ele.

Terrorista: Deus é maior…

Jovem: …do que aquele que esconde o que não revela.

Terrorista: Deus é maior…

Mulher: …do aquele que obedece sem refletir.

Terrorista: Deus é maior…

Homem: …do que aquele que trama para nos trair.

Homem: Deus é maior… Deus é maior… Deus é maior… Adore o seu Deus com amor. Com amor, não com terror. Seja manso na sua fé e não duro. Relacione-se com o seu adversário em paz e não com guerra. Convença os outros com a misericórdia, não pela força.

Multidão: Adore o seu Deus com amor. Com amor, não com terror. Seja manso na sua fé e não duro. Relacione-se com o seu adversário em paz e não com guerra. Convença os outros com a misericórdia, não pela força.

Homem: Bombardeemos a violência com a paciência. Bombardeemos o engano com a verdade. Bombardeemos o ódio com o amor. Bombardeemos a intolerância para uma vida melhor.

Responderemos aos seus ataques de ódio com canções de amor. Desde agora até a felicidade.

***

Impossível não perceber nestas respostas uma mensagem de sabor cristão. Basta recordar este MANDAMENTO de Jesus Cristo no Evangelho:

“Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”.

(Mateus 5, 43-48)

Aleteia

RV24530_ArticoloDois sinais recentes sugerem que a viagem do Papa Francisco, nos dias 28 e 29 de abril ao Egito, quando proferiu o seu discurso mais forte contra a violência e o extremismo religioso, pode servir como indicativos de que ela fez a diferença. Um é a construção de uma nova igreja cristã com ajuda muçulmana, o outro são as acusações de juristas contra um clérigo islâmico poderoso que chamou os cristãos e judeus de “infiéis”.

Desde que o Beato Paulo VI foi chamado de “o Papa Peregrino” por se tornar o primeiro pontífice a deixar a Itália desde 1809, e o primeiro na história a visitar o hemisfério ocidental, a África e a Ásia, os papas até agora já fizeram 157 idas ao estrangeiro – 104 delas, vale dizer, pertencendo a São João Paulo II..

Exemplos de viagens papais “de sucesso”  incluem a primeira ida de João Paulo II à Polônia, em 1979, momento que muitos analistas creem ser o começo do fim do comunismo soviético; a inesquecível viagem de 2000 à Terra Santa, com a parada num Muro das Lamentações, onde deixou uma nota comovente condenando o antissemitismo; e a visita de Bento XVI em 2006 a Regensburg, na Alemanha que atiçou protestos, mas também iniciou um processo de reflexão no mundo islâmico sobre a necessidade de confrontar a violência religiosa.

É cedo demais ainda para julgar em que categoria se encontra a breve viagem de Francisco ao Egito este ano, mas estes últimos dias apresentaram sinais que podem nos ajudar a interpretar o seu significado.

A viagem dos dias 28 e 29 de abril desdobrou-se à sombra dos bombardeios no Domingo de Ramos a duas igrejas coptas no país e que deixou 45 mortos, um lembrete do extremismo e da violência religiosa que se tornou parte da paisagem em muitas regiões do Oriente Médio. Nesse contexto, Francisco fez um forte chamado aos líderes políticos e religiosos para “desmascarem a violência maquiada como suposta santidade”.”.

Francisco também fez uma defesa robusta da minoria cristã no Oriente Médio, chamando-a de a “luz e sal desta sociedade”.

A última vez que um pontífice proferiu uma repreensão ao Egito sobre a situação de seus cristãos, o que veio com Bento XVI em 2011, o establishment político e religioso local expressou indignação, suspendendo as relações diplomáticas e o diálogo inter-religioso com o Vaticano. Dessa vez, no entanto, Francisco foi celebrado como um herói moral, dando entender que algo pode ter mudado.

Pelo menos, dois desdobramentos recentes no Egito sustentam essa percepção.

O primeiro é a construção de uma nova igreja cristã copta na localidade de Ismailia, localizada na província de Minya, dedicada a São Jorge e a Virgem Maria. Uma coisa que torna este caso marcante é como a igreja foi construída.

O bairro de Ismailia compõe-se de um terço de cristãos, dois terços de muçulmanos, e no passado esteve marcado pela mesma luta sectária que têm engolido outras partes do país. De acordo com o costume egípcio, ele tem um “comitê de reconciliação” que arbitra disputas, embora em muitos casos os cristãos venham se queixando de que estão sendo desfavorecidos em seus interesses.

Dessa vez, porém, o comitê não só aprovou esmagadoramente a construção de uma nova igreja, mas também a população muçulmana local contribuiu com uma parcela significativa para o seu financiamento.

Falando numa cerimônia para a inauguração da igreja, o prefeito apresentou o resultado como um exemplo de “concórdia nacional” e de uma ajuda bem-vinda decorrente de cooperação estrangeira para construir locais de culto.

Este desdobramento igualmente marca um rompimento com uma norma altamente restritiva no Egito sobre a construção de novas igrejas. Eis como a Solidariedade Copta, grupo formado por cristãos egípcios, caracterizou a situação: “Nos últimos 60 anos, uma média de duas igrejas por ano foram aprovadas. O Egito tem um total de menos de 2.600 igrejas, o que significa cerca de 1 para cada 5.5000 cristãos do país. (Em comparação, há cerca de 1 mesquita para cada 620 muçulmanos no Egito.)”

Em outro fronte, um clérigo islâmico famoso, o Xeque Salem Abdul Jalil, também subsecretário no ministério egípcio para as “alocações religiosas”, recentemente foi para a televisão denunciar os cristãos e judeus como “infiéis” e declarar suas doutrinas como “corruptas”. No passado, este tipo de retórica poderia passar sem ser notada ou mesmo poderia ser aplaudida. Mas não desta vez.

Diferentemente, o ministro para quem Jalil trabalha, Mohamed Mokhtar Gomaa, rapidamente emitiu uma nota negando as declarações e afirmando que Jalil estava proibido de pregar em mesquitas. Vários juristas no país acusaram de “ultraje contra a religião”, crime segundo o direito egípcio, e ele agora deverá se apresentar diante de um tribunal no dia 25 de junho.

A agência noticiosa católica Fides citou Boutros Fahim Awad Hanna, bispo católico copta de Minya, que disse: “Aqui no Egito, têm ocorridos processos contra cristãos e muçulmanos por ofensas ao Islã, mas este poderá ser o primeiro processo contra um muçulmano acusado de ofender o cristianismo e o judaísmo”.

Jalil desculpou-se pela escolha das palavras, embora não tenha se retratado do conteúdo delas.

Certamente podemos debater a sabedoria por trás da criminalização de declarações contra crenças religiosas, mas a disposição em processar a fundo um poderoso clérigo muçulmano por desrespeitar os sentimentos de grupos minoritários é, não obstante, um sinal admirável de uma mudança de ares.

Em outras palavras, não é que a visita de Francisco ao país tenha causado tudo isso. Na verdade, a força básica em jogo provavelmente é que a maior parte dos egípcios estão simplesmente fartos com os conflitos armados.

No entanto, a ida do pontífice ao país captou este clima e, com razão, o encorajou ainda mais. Se o Egito realmente tiver uma reviravolta na luta contra a violência e o extremismo religioso, a viagem de Francisco e a mensagem que ele deixou poderão ser lembradas como uma parte importante desta transição.

É uma enorme incógnita saber se algo assim irá acontecer, mas se ocorrer, então o Egito claramente vai entrar para a história como uma outra visita papal que realmente fez a diferença.

John L. Allen Jr., publicada por Crux.

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Pe. Abuna Nirwan é um franciscano que nasceu no Iraque e, antes de ser ordenado sacerdote, estudou medicina. Foi destinado à Terra Santa e, em 2004, ganhou das Irmãs Dominicanas do Rosário uma relíquia da sua fundadora e um terço usado por ela. O padre passou a trazer a relíquia e o rosário sempre consigo.

A fundadora em questão é Santa Marie Alphonsine Danil Ghattas, cristã palestina canonizada em 2015 pelo Papa Francisco. Em 2009, quando o Papa Bento XVI aprovou o milagre para a sua beatificação, a Santa Sé pediu a exumação do corpo da religiosa. Esta missão costuma caber ao bispo local, que, para realizá-la, designa um médico. E esse médico foi justamente o padre Abuna Nirwan.

Em 2004, a relíquia e o rosário… Em 2009, a exumação… E esses dois fatos extraordinários não foram os únicos que ligaram o padre Nirwan àquela santa fundadora.

Dois anos antes da aprovação do Papa Bento à beatificação da religiosa, mais um fato simplesmente arrepiante envolvendo o pe. Nirwan e a madre Marie Alphonsine tinha sido relatado pelo padre Santiago Quemada no seu blog “Un sacerdote en Tierra Santa”.

Eis o relato:

A história que vamos contar aconteceu em 14 de julho de 2007. Abuna Nirwan foi visitar a sua família no Iraque e, para isso, precisou contratar um táxi. Ele mesmo relatou o caso na homilia de uma missa que celebrou em Bet Yalla. O padre Nirwan contou:

Não havia possibilidade de ir de avião para visitar a minha família. Era proibido. O meio de transporte era o carro. Meu plano era chegar a Bagdá e ir de lá para Mossul, onde viviam os meus pais.

O motorista tinha medo por causa da situação no Iraque. Uma família, formada pelo pai, a mãe e uma menininha de dois anos, pediu para viajar conosco. O taxista me falou do pedido e eu não vi nenhum inconveniente. Eram muçulmanos. O motorista era cristão. Ele disse que havia lugar no carro e que eles podiam ir conosco. Paramos num posto de combustível e outro homem jovem, muçulmano, também pediu para ir junto até Mossul. Como ainda restava um assento, ele também foi aceito.

A fronteira entre a Jordânia e o Iraque só abre quando amanhece. Quando o sol se levantou, uma fila de cinquenta ou sessenta carros foi avançando lentamente, todos juntos.

Seguimos a viagem. Depois de mais de uma hora, chegamos a um lugar onde estavam fazendo uma inspeção. Preparamos os passaportes. O motorista nos disse: “Tenho medo desse grupo”. Antes era um posto militar, mas uma organização terrorista islâmica havia matado os militares e tomado o controle do local.

Quando chegamos, eles nos pediram os passaportes sem nos fazer descer do carro. Levaram os passaportes a um escritório. A pessoa voltou, se dirigiu a mim e disse: ‘Padre, vamos continuar a investigação. Podem ir até o escritório mais à frente. Depois já é o deserto”. “Muito bem”, respondi. Caminhamos uns quinze minutos até chegar à cabana a que eles se referiam.

Quando chegamos à cabana, saíram dois homens de rosto coberto. Um deles tinha uma câmera em uma mão e um facão na outra. O outro era barbudo e estava segurando o alcorão. Chegaram até nós e um deles perguntou: “Padre, de onde está vindo?”. Respondi que vinha da Jordânia. Depois ele perguntou ao motorista.

Depois se dirigiu ao rapaz que vinha conosco, o agarrou por trás com os braços e o matou com o facão. Amarraram as minhas mãos por trás das costas e disseram:

“Estamos gravando isto para a Al-Jazeera. Quer dizer algumas palavras? Tem menos de um minuto”.

Eu respondi:

“Não, só quero rezar”.

Eles me deram um minuto para rezar.

Depois um deles me empurrou pelo ombro para baixo até eu ficar de joelhos e me disse:

“Você é clérigo. É proibido que o seu sangue caia no chão porque é sacrilégio”.

Por isso ele foi pegar um balde e voltou com ele para me degolar. Não sei o que rezei naquele momento. Senti muito medo e disse a Maria Alphonsine:

“Não pode ser por acaso que eu trago você comigo. Se é preciso que nosso Senhor me leve ainda jovem, estou pronto. Mas, se não é, eu te peço que ninguém mais morra”.

Ele pegou a minha cabeça, segurou meu ombro com força e levantou o facão. Uns instantes de silêncio e de repente ele perguntou:

“Quem é você?”

Respondi:

“Um frade”.

“E por que eu não consigo mexer o facão? Quem é você?”.

E, sem me deixar responder, prosseguiu:

“Padre, você e todos voltem para o carro”.

Fomos de volta até o veículo.

Daquele momento em diante, eu perdi o medo da morte. Sei que um dia morrerei, mas agora é mais claro que vai ser só quando Deus quiser. Desde aquele momento, eu não tenho medo de nada nem de ninguém. O que vier a me acontecer é porque é vontade de Deus e Ele vai me dar a força para acolher a Sua cruz. O importante é ter fé. Deus cuida dos que acreditam n’Ele”.

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Traduzido, com adaptações, de artigo publicado pelo site Religión en Libertad (em espanhol) via Aleteia

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O impacto da crescente presença muçulmana no mundo ocidental é um dos temas mais candentes da atualidade – e em torno dele se verificam todos os dias acaloradas discussões de diferentes vieses ideológicos.

Giulio Meotti, jornalista e editor cultural do periódico italiano Il Foglio, abordou o tema do ponto de vista de quem vive no meio do dilema que se impõe aos europeus. Em artigo para o Gatestone Institute, o jornalista registra a seguinte impressão dos seus conterrâneos captada por pesquisas recentes:

“Todos os cantos europeus veem sinais de fissuras. Ao que tudo indica, os jihadistas estão tomando de assalto a liberdade e as democracias seculares. Apreensões dominam o imaginário coletivo dos europeus. Um levantamento com dados de mais 10.000 entrevistados de dez países europeus revelou uma crescente oposição pública à imigração muçulmana. A Chatham House Royal Institute of International Affairs realizou uma pesquisa de opinião perguntando aos entrevistados, pela internet, o que eles achavam da afirmação de que ‘toda a migração futura de países, principalmente muçulmanos, deve ser interrompida’: nos 10 países europeus onde foram realizados os levantamentos, uma média de 55% dos entrevistados concordou com a afirmação”.

A grande mídia, segundo Meotti, “já questiona se a Europa teme mais os muçulmanos do que os Estados Unidos”, e, ainda no tocante à mídia, o editor italiano recorda a recente publicação de imagens de uma oração muçulmana em massa diante do Coliseu, um dos mais célebres monumentos da Itália e do planeta: “Ecoando a captura da grande civilização cristã de Bizâncio em Constantinopla, o pregador mais destacado do islã sunita, Yusuf al Qaradawi, declarou que chegará o dia em que Roma será islamizada“.

Citando o historiador David Engels, Meotti considera que a Europa vai encarar o mesmo destino da antiga República Romana: a guerra civil. E se pergunta:

“As civilizações morrem de fora para dentro ou de dentro para fora? O seu desaparecimento resulta de agressão externa (guerra, desastres naturais, epidemias) ou de erosão interna (decadência, incompetência, escolhas desastrosas)? No século passado, Arnold Toynbee ressaltou de forma resoluta: ‘as civilizações morrem se suicidando, não por assassinato’”.

Por toda a Europa, observa o jornalista,

“há sinais de tomada de poder. O número de estudantes muçulmanos já supera o de estudantes cristãos em mais de 30 escolas britânicas ligadas às igrejas. Uma escola primária anglicana já conta com 100% de estudantes muçulmanos. A Igreja da Inglaterra estima que cerca de 20 das suas escolas têm mais alunos muçulmanos do que cristãos e 15 escolas católicas romanas têm maioria muçulmana entre seus estudantes. Na Alemanha também há temores de um influxo muçulmano massivo no sistema escolar, a ponto de que alguns professores alemães estejam alertando abertamente contra a ameaça de uma ‘guetização’”.

Meotti prossegue anotando que a França registrou 34.000 nascimentos a menos no ano passado em comparação com 2014 e que o número de mulheres francesas que deram à luz atingiu o nível mais baixo em 40 anos. A baixa taxa de fertilidade tornou-se, para o jornalista, uma “praga em toda a Europa“: em 1995, apenas a Itália tinha mais pessoas acima de 65 anos do que abaixo de 15; hoje há 30 países nessa mesma situação – e até 2020 serão 35.

É significativo notar que a França teria uma taxa de natalidade ainda menor se não fosse pelas mulheres muçulmanas: “Com taxa de fertilidade de 3,5 filhos por mulher, os argelinos contribuem significativamente para o crescimento populacional da França“, de acordo com o demógrafo Gérard-François Dumont. Ele também cita a taxa de fertilidade de outras mulheres de origem muçulmana em terras francesas: 3,3 filhos no caso das marroquinas e tunisianas; 2,9 no caso das turcas.

É também por causa dos migrantes muçulmanos que as maternidades da Suécia estão hoje ocupadas: entre 2001 e 2014, foi registrado no país um aumento de 25% nos nascimentos. A percentagem de estrangeiros saltou de 4% na década de 1960 para 17% em 2015.

Em Milão, centro financeiro da Itália, o nome mais dado aos recém-nascidos é Maomé.

Situações similares acontecem em Londres, nas quatro maiores cidades da Holanda e em várias outras regiões da Europa, de Bruxelas a Marselha. “É o islã, não o cristianismo, que agora permeia a paisagem e a imaginação da Europa“, registra Meotti.

Enquanto isso, vários dos maiores líderes europeus simplesmente não têm filhos. É o caso da alemã Angela Merkel, da primeira-ministra britânica Theresa May e de um dos principais candidatos à presidência da França, Emmanuel Macron. Se os próprios líderes europeus não têm filhos e, portanto, não tem razões pessoais para se preocuparem com o futuro porque tudo termina com eles mesmos, é plausível que eles não entendam cabalmente os motivos de preocupação dos pais e mães europeus com a abertura indiscriminada das fronteiras do seu continente. A maior preocupação dos políticos parece ser sempre econômica e nunca familiar, conforme se vê nas palavras de Federica Mogherini, representante das relações exteriores da União Europeia: “Eu acredito que os europeus devem compreender que precisamos da migração para as nossas economias e para os nossos sistemas de bem-estar social. Com as tendências demográficas atuais, temos que ser sustentáveis“.

A Batalha de Poitiers, em 732, foi o marco final da primeira grande onda islâmica na Europa Ocidental. Se os cristãos não tivessem vencido, “talvez”, como assinalou Edward Gibbon, “a interpretação do alcorão seria agora lecionada nas escolas de Oxford e os seus púlpitos poderiam pregar a um povo circuncidado a santidade e a verdade da revelação de Maomé“. Giulio Meotti complementa com uma indagação: “Isso não soa familiar hoje em dia?“.

Os islamistas, recorda o editor italiano, levam a cultura e a história mais a sério do que os ocidentais. Recentemente, em Paris, um terrorista egípcio tentou atacar o grande museu do Louvre: ele planejava desfigurar a arte do museu por ser “um poderoso símbolo da cultura francesa“.

Giulio Meotti encerra o seu artigo propondo uma reflexão incômoda:

“Pense num extremista islâmico gritando ‘Allahu Akbar’ ao mesmo tempo em que desfigura a Mona Lisa. Esta é a tendência que precisamos começar a reverter”.

É uma discussão com a qual se pode concordar ou discordar. O que não se pode mais é evitá-la com base no dogma do politicamente correto.

Francisco Vêneto

iglesiasanpedrosanpabloturquia_urfa63net030117-gif-pagespeed-ce-shsaltpzn3A antiga igreja assíria de São Pedro e São Paulo na cidade de Urfa (Turquia) foi transformada em um centro cultural da municipalidade local e sede de uma escola islâmica da Universidade de Harran.

A notícia foi publicada por ‘The Armenian Weekly’, que apresentou este acontecimento como “outro exemplo de intolerância” contra a minoria cristã, pois, desde que foi abandonado em 1924 pelos assírios, que fugiram para Aleppo durante a perseguição turca, o edifício histórico foi usado para diferentes propósitos, menos para o seu objetivo original de ser uma igreja.

Deste modo, a igreja de São Pedro e São Paulo foi utilizada como uma fábrica de tabaco, um armazém de uvas e de tapetes. Em 2002, tornou-se o “Centro Cultural Kemalettin Gazezoglu” e atualmente uma parte do templo foi entregue a uma fundação que dirige a escola islâmica da universidade local.

Entretanto, Urfa, cujo nome original era Edessa, foi uma cidade que no ano 943 estava cheia de igrejas e mosteiros – inclusive sob o domínio árabe muçulmano –, e onde conviviam pelo menos três denominações cristãs diferentes, assinalou o estudioso Ian Wilson, ao mencionar a atual ausência de herança cristã nesta região.

Do mesmo modo, além de ser importante para os cristãos assírios, Edessa também tem um grande significado histórico para os armênios, pois acredita-se que nesta cidade foi inventado o alfabeto armênio.

Contudo, a cidade permaneceu sob o controle islâmico e bizantino constantemente, até que em 1144 foi conquistada pela dinastia turca Zengid e absorvida pelo Império Otomano em 1517.

Atualmente, é uma cidade totalmente muçulmana, depois que durante séculos os cristãos ficaram expostos a assassinatos em massa em várias ocasiões durante a chegada dos turcos da Ásia Central no século XI.

Segundo o Instituto Nacional Armênio, um dos maiores massacres foi “o incêndio da catedral armênia de Urfa com três mil fiéis que tinham procurado refúgio durante o assédio ao seu bairro”.

Além disso, em outubro de 1895, o exército turco entrou em Urfa e assassinou 13.000 assírios, recorda a estudiosa Anahit Khosroyeva em seu artigo “Uma História do Genocídio Assírio”.

Entretanto, em 1915, aconteceu o maior extermínio de armênios e assírios perpetrado pelos turcos, com mais de um milhão e meio de mortos.

“Assim como no genocídio armênio, uma grande parte das mortes assírias ocorreram devido às marchas da morte pelo deserto sírio”, expostos à crueldade, à fome, à sede e ao calor, ocasionando que cidades inteiras ficassem desabitadas, indicou o historiador Paul R. Bartrop em seu livro “Encontro com o genocídio”.

Bartrop indicou que “um dos principais fatores que contribuiu para a campanha turca contra as minorias cristãs foi o compromisso assumido antes da guerra para a turco-unificação do império”, assim como a sua islamização.

“Consequentemente, em 11 de outubro de 1914, o Sultão Mehmet V declarou a Jihad (guerra santa) contra todos os cristãos que viviam no império. A guerra santa foi assinada novamente em 14 de novembro de 1914 pelo xeque al-Islã, o clérigo islâmico mais importante do Império Otomano. Foi dirigida a todos os cristãos, atingindo duramente os de ascendência armênia, assíria e grega”, escreveu Bartrop.

Em seguida, ocorreu o saque e o confisco das propriedades abandonadas, entre elas igrejas e mosteiros que foram destruídos ou usados como estábulos ou armazéns.

‘The Armenian Weekly’ advertiu que atualmente os cristãos na Turquia representam apenas 0,2% da população, uma percentagem muito menor do que todos os seus vizinhos, incluindo Síria, Iraque e Irã.

Além disso, advertiu que, embora a Constituição seja oficialmente secular, o cristianismo e outros credos não muçulmanos estão “sob constante pressão e ataques do governo turco”.

ACI

Primeiro-sacerdote-natural-de-Tajiquistão

Aos 25 anos, Orzú Saidshoev se tornou o primeiro sacerdote nascido no Tajiquistão, um novo país de maioria muçulmana, onde segundo cifras oficiais há pouco mais de 300 habitantes católicos.

O Padre Orzú foi ordenado sacerdote no último dia 25 de junho na pequena cidade de Montefiascone, na Itália, e nas próximas semanas viajará como missionário à Rússia com a sua congregação, Instituto do Verbo Encarnado, uma das poucas organizações católicas que existem no país.

A República do Tajiquistão é um pequeno país da Ásia Central que tem uma população de 8 milhões de habitantes, dos quais 95% professam o islamismo. Em 1991, tornou-se independente da União Soviética. Seu território fez limite com o Afeganistão, Uzbequistão, Quirguistão e China.

“Sinto um pouco de temor, pois tenho uma responsabilidade muito grande de ser o primeiro (sacerdote nascido no Tajiquistão) e também muita alegria porque é um caminho muito alegre, um caminho de santidade para salvar as almas. É muito importante, como fizeram os missionários da Argentina que estavam no Tajiquistão, evangelizaram a missão e graças a eles eu estou aqui”, disse o presbítero ao Grupo ACI durante uma visita a Roma.

A pequena população católica do Tajiquistão tem “duas paróquias, uma delas na capital Duchambe, também temos três sacerdotes missionários da Argentina, três irmãs de nosso Instituto e quatro irmãs da congregação da Madre Teresa de Calcutá”.

Para o jovem sacerdote, a convivência com os muçulmanos sempre foi “mais ou menos boa porque nós somos muito poucos”.

“Não temos muitos problemas com isso. Eles nos respeitam e nós também os respeitamos”, embora reconheça que apesar desta boa relação, “não posso evangelizar em lugares públicos, nem posso usar a batina”, explicou.

“Peço a graça de perseverar neste caminho que não é fácil, é muito difícil, e também peço a graça de poder salvar muitas almas, para ganhar as almas e levá-las ao céu. Isso é a principal missão do ministério sacerdotal e assim também peço a graça de que no Tajiquistão possa haver muitos cristãos e possam se converter”, assegurou o sacerdote.

Na sua ordenação, esteve presente a sua mãe, que viajou do Tajiquistão para acompanhar o seu filho durante a celebração. “Estou muito feliz, tudo saiu bem. Quando voltar para a casa, compartilharei a minha alegria com meus amigos e minhas irmãs”, indicou.

Fonte: Rádio Vaticano

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Centenas de milhares de refugiados muçulmanos converteram-se ao cristianismo nos últimos meses. Embora em alguns dos seus países de origem a conversão seja vista como um delito que pode ser punido até com a pena de morte, as igrejas alemãs, protestantes e católicas, voltaram a celebrar missas com bancos lotados. Em algumas, como na da Trindade, no bairro berlinense de Steglitz, cerca de 80% dos fiéis são ex-muçulmanos.

Para o pastor Gottfried Martens, que já batizou 1.200 convertidos, os refugiados desejam romper definitivamente com o passado e aumentar suas chances de integração na sociedade alemã. Mas Daniel Ottenberg, da ONG Open Doors, encontra outra explicação. Com o debate sobre o terrorismo islâmico, muitos muçulmanos começaram a sentir um alto grau de insegurança em relação à própria religião.

— Eles cresceram na crença de pertencer à melhor religião do mundo, mas começaram a questionar isso depois que, em nome da religião, foram cometidos tantos atos de violência — sustenta Ottenberg.

Enquanto as duas grandes igrejas oficiais, católica e luterana protestante, veem os novos fiéis como uma chance de compensar as perdas dramáticas de membros nos últimos dez anos, as organizações muçulmanas reagem com cautela.

— Cada um deve agir de acordo com os seus próprios interesses — disse um representante do Conselho dos Muçulmanos na Alemanha.

Por outro lado, islamistas e fundamentalistas bombardeiam os novos cristãos com ameaças. Um estudo da Open Doors revela que muitos convertidos desistem do batismo na última hora com medo de pôr em risco os parentes que ficaram em seus países.

Mesmo em alguns locais que passaram pela Primavera Árabe, como o Egito, a conversão ao cristianismo é vista como um delito na sociedade muçulmana. Parentes dos convertidos podem ser alvo de represálias.

— Para os refugiados, o problema não é apenas os conflitos naturais que podem surgir entre os vindos das regiões de crise, traumatizados pela guerra e pela fuga, que vivem com frequência em abrigos lotados. O mais alarmante é o fato de que os fugitivos cristãos e de outras minorias religiosas cada vez mais são alvo da mesma perseguição e discriminação das quais eram vítimas nos seus países de origem — diz Daniel Ottenberg.

Praticamente todos os participantes da missa de domingo passado na Igreja da Trindade já passaram pelo trauma da perseguição religiosa, mas a maioria vê a nova religião como a perspectiva de uma vida melhor.

Evangelho em farsi e árabe

Na opinião do afegão Ali Mirzace, o fundamentalismo, as guerras religiosas e a brutalidade do Estado Islâmico ou dos talibãs dividem os jovens muçulmanos. Enquanto uns adotam a doutrina do Islã político, outros desenvolvem uma aversão contra a própria identidade cultural, da qual se julgam vítimas.

— Tudo continua difícil, mas acreditar em Jesus nos ajuda a enfrentar as adversidades — sustenta.

O amigo Mohamed Hakime, de 17 anos, também é afegão. Os dois se conheceram durante a fuga através do Mar Mediterrâneo, no ano passado, em um momento no qual o barco parecia que ia afundar. Hakime confessa que decidiu se batizar para provar que tinha um enorme interesse em se integrar à sociedade alemã.

O batismo é para eles a conclusão de um processo de abandono definitivo do passado. Há um clima de entusiasmo. Todos os frequentadores da Igreja da Trindade de Steglitz acompanham a missa com o manual que oferece o texto e os cantos em alemão, com tradução para farsi e árabe. E todos cantam juntos.

Embora a missa dure quase duas horas, ninguém vai embora quando termina. A festa da eucaristia continua no salão paroquial, onde os alimentos trazidos pelos visitantes e preparados pela paróquia são divididos.

Nesses momentos, lembra Ali Mirzace, eles conseguem esquecer as dificuldades que nunca acabam. Como os refugiados não têm muita privacidade nos abrigos coletivos, onde precisam dividir quartos uns com outros, logo que um aparece com um terço, uma Bíblia ou começa a frequentar uma igreja cristã torna-se alvo da hostilidade.

O curdo sírio Sava Soheili, de 27 anos, está desde o ano passado em Berlim. Desde o início do ano, é um luterano fervoroso que gosta de mostrar o crucifixo pendurado em um cordão de ouro. Soheili afirma que os convertidos são, na opinião dos fundamentalistas, “verdadeiros criminosos que merecem a pena de morte”.

— Nós somos considerados kuffars, palavra que para os muçulmanos fundamentalistas significa um descrente que cometeu um grave crime religioso. Os kuffars são vistos como criminosos religiosos que merecem a pena de morte — explica.

Segundo o pastor Gottfried Martens, a igreja e o Estado tentam proteger os refugiados cristãos, mas é difícil uma solução porque trata-se de um problema bastante complexo.

— Uma possível solução seria criar abrigos para refugiados cristãos, mas a separação dos convertidos ofereceria um outro risco — disse.

A prefeitura de Berlim também recusou a criação de abrigos para convertidos alegando que, separados, esses refugiados ostentariam abertamente a sua condição como um estigma e assim poderiam tornar-se um alvo fácil de terroristas.

Mostafa, um iraniano de 23 anos, diz que a opção pelo cristianismo é também pela liberdade individual.

— Há também casos de cristãos que se convertem ao Islã, mas não há com certeza nenhum que por isso tenha sido perseguido — desabafa.

Luteranismo e catolicismo são as opções

O iraniano Ali, de 29 anos, lembra, porém, que muitos não são culpados pela imagem deturpada que têm de outras religiões.

— Em muitos países muçulmanos, há um processo de lavagem cerebral. E o pior é que acreditamos mesmo em tudo o que dizem. Só quando chegamos a um país livre temos a chance de abrir os olhos e ver que os muçulmanos não são melhores do que pessoas de outras religiões.

Ali e Mostafa foram batizados antes de aprenderem o idioma alemão. O curso de catecismo foi feito em farsi. Dependendo do lugar onde moram, os refugiados interessados no cristianismo optam pela igreja luterana — em Berlim, a religião da maioria — ou pelo catolicismo — dominante na região da Renânia, como na cidade de Colônia, que tem a famosa catedral.

Mas as pessoas nessas igrejas, pastores, padres e fiéis, convivem com o medo. A proteção é discreta. Na entrada da Igreja da Trindade, três homens cuidam da segurança. Com a desculpa de distribuir os manuais de orações e cantos, eles avaliam todos os que chegam. Durante toda a missa, ficam atentos para qualquer eventualidade com o número da emergência da polícia gravado nos celulares.

Fonte: O Globo

REUTERS1570853_ArticoloO Arcebispo de Rouen, Dominique Lebrun, presente em Cracóvia para a Jornada Mundial da Juventude, divulgou um comunicado através do Twitter da Igreja católica na França (@eglisecatho), após tomar conhecimento do assassinato do sacerdote Jacques Hamel, na Igreja Saint-Etienne-du-Rouvray.

“De Cracóvia soube da matança ocorrida esta manhã na Igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray. As três vítimas: o sacerdote, Padre Jacques Hamel, 84, e os autores do assassinato. Três outras pessoas ficaram feridas,  sendo uma delas gravemente. Eu clamo a Deus com todos os homens de boa vontade. Convido os não-crentes para participarem deste clamor! Com os jovens da JMJ, nós rezamos como rezávamos junto ao túmulo do Padre Popielusko, em Varsóvia, assassinado durante o regime comunista”.

O Vigário Geral, Padre Philippe Maheut, chegou à Igreja Saint-Etienne-du-Rouvray momentos após o ataque, disse o Arcebispo.  Eu estarei na noite de hoje em minha Diocese junto às famílias e à comunidade paroquial que está chocada. A Igreja Católica não pode usar outras armas que a oração e a fraternidade entre os homens. Eu deixo aqui centenas de jovens que são o futuro da humanidade, é verdade. Peço-lhes para não ceder à violência e se tornarem apóstolos da civilização do amor”.