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“Sua doença se chama Cristo e não tem remédio. Nunca poderá ser curado”, disse o tio de Mohammed al-Sayyid al-Moussawi, como quem pronuncia uma “sentença de morte”. Isto aconteceu em 22 de dezembro de 2000, quando Mohammed, hoje conhecido como Joseph Fadelle, se reuniu com seu tio e alguns dos seus irmãos após sua conversão do Islã ao Cristianismo.

A história começou em 1987, quando o jovem Sayyid (título nobiliário) al-Moussawi, foi enviado ao serviço militar, onde conheceu Massoud, um camponês com mais idade que ele e tiveram que compartilhar o mesmo quarto, algo que ele rejeitou, pois o homem era cristão. Para Mohammed, os cristãos eram inferiores, impuros e compartilhar o espaço com um deles o colocaria em perigo.

Com o passar dos anos e devido ao novo companheiro de quarto, sua mentalidade com relação aos cristãos foi mudando e ajudou que ele aprofundasse nas raízes da fé católica, causando uma crise existencial em Sayyid, que mexeu com as bases da sua crença e, finalmente, o levou à conversão ao cristianismo.

Assim deixou de ser o favorito do grupo familiar, nascido em uma das famílias xiitas mais importantes do Iraque e membro da realeza do seu povo, para ser um cristão perseguido e refugiado, ameaçado de morte até hoje pela sua própria família.

“Eu venho de uma tribo, da qual meu pai era o líder, e eu deveria ser líder depois dele”, declarou Fadelle, com o objetivo de explicar a diferença da sua vida anterior com a atual, afastada da sua cultura e da sua família após sua conversão.

Na religião muçulmana, a conversão ao cristianismo ou a qualquer outra religião é motivo de castigo, inclusive de morte.

A pesar das perseguições que suportou, sobreviveu a toda dificuldade e a partir desta experiência escreveu o livro “O preço a pagar”, lançado em espanhol no final do mês de maio, no salão Fresno do Centro de Extensão da Pontifícia Universidade Católica do Chile, num evento organizado pela Editora LMH (Ler Mais Hoje) e cuja venda ultrapassou a 50 mil cópias em 2010.

“Estou aqui pelo grande amor que tenho a Jesus Cristo”, disse no início do seu testemunho durante a conferência realizada no lançamento da quinta edição do livro que narra sua história.

A obra transformou-se num instrumento pastoral, narrando vários períodos da sua vida, desde a compreensão do Corão e da religião muçulmana até o descobrimento do cristianismo e da fé católica através da leitura da Bíblia.

Este livro e sua própria história são também uma denúncia do drama dos cristãos perseguidos no Iraque e em outros países desta região, na qual devem esconder-se, pagar impostos adicionais e sofrer varias formas de ameaças e perigos devido à sua fé.

“Se quiser atravessar o rio, deverá comer o Pão de Vida”

Mohammed estudou durante um tempo o Corão, a pedido do cristão como condição para entregar-lhe uma Bíblia. Este período de tempo, teve como consequência uma crise existencial profunda, devido à falta de respostas diante das suas interrogantes sobre sua religião e a figura de Maomé, que culminou com um sonho que ele não conseguiu compreender no princípio.

Neste sonho, ele via um homem que estava em pé na outra margem de um rio estreito e este homem parecia ser amável e sentia muita vontade de ir até ele, mas quando tentava atravessar o rio ficava paralisado e não conseguia passar para o outro lado. Então o homem pegava na sua mão e o ajudava e quando chegava junto dele lhe dizia: “Se quiser atravessar o rio, deverá comer o Pão de Vida”.

No princípio, este fato parecia somente um sonho, mas se transformou na chave que abriu o caminho de Mohammed a uma revolução interior que permanece até hoje, quando finalmente seu amigo cristão entregou-lhe uma Bíblia. O jovem recebeu o Livro sagrado e, casualmente abriu no Evangelho de São João, no qual encontrou as mesmas palavras que, no princípio não tinham significado algum para ele: O Pão de Vida.

Depois de ser batizado, cerca de 13 longos e angustiantes anos, Mohammed al-Sayyid al-Moussawi trocou o seu nome para Joseph Fadelle.

Não somete ele se converteu ao Cristianismo, como também a sua esposa e os seus filhos, são muçulmanos conversos, um acontecimento que os coloca em perigo. Eles tiveram que fugir do Iraque à Jordânia e mais tarde à França, onde residem atualmente.

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Foi em 9 de junho de 2014. Era noite. Um grupo de extremistas da jihad atacou e tomou posse de Mossul, uma cidade iraquiana de milenar presença cristã. Faz um ano. Começava o inferno. E o inferno ainda não terminou.

Para marcar esta data pavorosa, o grupo terrorista Estado Islâmico determinou que a antiga igreja cristã siro-ortodoxa de Santo Efrém, no centro de Mossul, será transformada em mesquita. Os fanáticos removeram ainda no ano passado a cruz que havia na cúpula do templo, venderam os móveis da igreja e usaram as construções anexas a ela para instalar escritórios do seu “Conselho de Estado”.

A notícia foi veiculada, a partir de fontes locais, pelo site iraquianoankawa.com e confirmada pela agência católica Fides. Você provavelmente não a verá na grande mídia brasileira.

sources: ALETEIA

 1280px-Atheists_Agnostics_Zuckerman_en.svgMapa que mostra presença percentual de ateus por pais.

Um recente estudo revelou que os ateus, agnósticos e outras pessoas que se consideram “não filiadas” com religião alguma se encontram em literalmente em extinção e que em 2050 representarão uma pequena fração em declive da população mundial. A pesquisa também mostra um notório crescimento do Islã, e não apenas na península arábica e Oriente Médio.

A investigação “O Futuro das Religiões do Mundo: Projeções de Crescimento de População, 2010-2050”, realizada pelo Pew Research Center dos Estados Unidos, teve como um de seus resultados que “ateus, agnósticos e outras pessoas que não se filiam a nenhuma religião –apesar de estar aumentando em países como os Estados Unidos e França– representarão uma parte cada vez menor da população total do mundo”.

A população “não filiada” a religiões (ateus e agnósticos) representavam em 16.4 por cento da população mundial em 2010. Para 2050, sua percentagem cairia para 13.2 por cento, sendo superados pelos adeptos do hinduísmo.

O Pew Research Center indicou que “o perfil religioso do mundo está mudando rapidamente, devido principalmente a diferenças em taxas de fertilidade e o tamanho das populações entre as principais religiões do mundo, assim como as pessoas que mudam de religião”.

Notável aumento do Islã

“Dentro das próximas quatro décadas, os cristãos seguirão sendo o maior grupo religioso, mas o Islã crescerá mais rápido que qualquer outra religião” indicou a organização americana.

Também com relação aos cristãos, o Pew Research Center apontou que “quatro em cada 10” em todo mundo “viverão na África subsaariana”.

Para acessar ao relatório completo (em inglês), pode ingressar em: http://www.pewforum.org/2015/04/02/religious-projections-2010-2050/

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A polícia da Itália prendeu quinze imigrantes muçulmanos acusados de jogar doze companheiros de embarcação em alto-mar por serem cristãos. A acusação se baseia no testemunho de passageiros do mesmo barco que foram resgatados pela Marinha italiana e transferidos ao porto de Palermo na manhã de ontem. As autoridades italianas informaram que os detidos são de nacionalidade marfinense, malinesa e senegalesa e todos são acusados de homicídio múltiplo agravado por ódio religioso. As vítimas do ataque, provavelmente de Gana e da Nigéria, são consideradas mortas, segundo a BBC.

“Os náufragos, muitos deles em lágrimas, explicaram que tinham sobrevivido não a um naufrágio provocado pelas condições meteorológicas adversas ou pela precariedade da embarcação, mas pelo ódio humano”, disse a chefia da polícia de Palermo. As testemunhas relataram que partiram dia 14 de abril da Líbia em direção à Itália a bordo de um navio com 105 passageiros, essencialmente senegaleses e marfinenses.

Em um incidente separado, 41 pessoas se afogaram no Mediterrâneo ao tentar chegar à Itália de barco da Líbia, disseram quatro sobreviventes resgatados e levados ao porto siciliano de Trapani, de acordo com a Organização Internacional para Migração (IOM, na sigla em inglês). Segundo relataram os sobreviventes, que disseram ser originalmente da África subsaariana, o barco teria deixado a cidade de Trípoli, na Líbia, no sábado. Eles ficaram quatro dias à deriva após o naufrágio do barco, e foram achados boiando no mar com coletes salva-vidas por um helicóptero, quando foram resgatados por um navio militar italiano, informou o porta-voz da IOM em nota.

Os acidentes aconteceram um dia depois que cerca de 400 pessoas morreram no naufrágio de outro barco que tentava chegar à Itália vindo da Líbia. O barco, transportando aproximadamente 550 pessoas, virou cerca de 24 horas depois de deixar a costa do país africano, de acordo com alguns dos 150 sobreviventes que foram resgatados e levados a um porto do sul da Itália.

Mais imigrantes

O número de barcos que transportam imigrantes com o objetivo de alcançar a União Europeia (UE) vindos da África aumentou nas últimas semanas, já que o clima de primavera torna a travessia mais segura. Em fevereiro, mais de 300 pessoas morreram afogadas ao tentar atravessar em meio ao clima frio e ao mar agitado. A IOM e outras organizações humanitárias têm pedido para a União Europeia reforçar suas operações de salvamento no mar assim como normalmente faz no verão. Autoridades italianas informam que mais de 15.000 imigrantes chegaram até agora em 2015. O Ministério do Interior da Itália solicitou aos prefeitos para encontrarem habitação de emergência para 6.500 imigrantes. Com o verão do hemisfério norte se aproximando, a UE Frontex, agência responsável pelas fronteiras do bloco, estima que mais de 500.000 pessoas devem tentar deixar o Norte da África rumo à Europa.

Fonte: Veja

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Eram perto de mil as pessoas que participaram da vigília de Páscoa em Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, em uma tenda levantada pelos fiéis onde todo domingo celebram a Missa. Essa noite o celebrante foi o Cardeal Fernando Filoni, que em agosto já esteve no Iraque como enviado especial do Papa Francisco. Depois do dia de Páscoa, o Cardeal celebrou em Sulemainja junto a quase 400 famílias cristãs. A história de cada uma delas mostra o triste dilema dos cristãos iraquianos: enfrentar o refúgio ou a morte pelos radicais islâmicos.

ACI Digital conheceu histórias de refugiados no Iraque ao participar de uma viagem organizada pelo Pontifício Conselho Cor Unum, entre Erbil e Duhok, de 26 a 29 de março.

A precariedade dos dois milhões e meio de deslocados, assistidos por várias instituições de caridade, é realmente indescritível. A Missa é para eles o único momento para afirmar sua própria identidade. Sobre tudo, o único momento no qual se aferram à esperança de que as coisas mudarão. É o momento no qual cada um confia sua história pessoal, seus dramas e temores, diretamente a Deus.

Os idosos

Entre estas histórias está a de um casal de idosos que vive no campo de Nishtiman Bazaar, Erbil. Vieram de Karmles. Entretanto, tiveram que passar previamente o drama de ter sido capturados pelo Estado Islâmico quando tentavam escapar de suas casas.

Permaneceram cinco dias como prisioneiros do ISIS, em uma das casas onde tinham sido confinados junto a outros idosos e mulheres. Durante seu cativeiro os jihadistas lhes deram a possibilidade de converter-se ao islã, do contrário deveriam deixar o lugar ou ser assassinados. Eles decidiram partir.

Deixaram Karmles a pé junto a outras pessoas. Entretanto, no meio do calor da região foram ficando atrás, pois não podiam seguir o passo dos mais jovens. No meio da marcha o idoso feriu-se e não podiam mais caminhar devido à lesão em uma das suas pernas.

Felizmente, uma freira do grupo com quem tinham partido se deu conta que ambos se ficaram atrás e decidiu voltar para buscá-los. O homem foi posto em uma espécie de carroça até que chegaram a Erbil. Chegaram a salvo, mas o homem teve sua perna amputada.

As famílias

Além disso, está o drama das famílias, como o casal yazidí Nora de 37 anos e seu marido de 55 anos, que foram evacuados em 3 de agosto de Sinjar, onde viviam junto dos seus filhos. Agora estão refugiados em Ozal City, em um dos tantos edifícios que inacabados. Ambos tiveram que fugir a pé às 10 da manhã para alcançar as montanhas. Não levaram consigo mais que suas roupas.

Entretanto, os jihadistas do Estado Islâmico estavam no meio do caminho. As crianças estavam assustadas. Sua casa estava destruída e tudo tinha sido roubado. Permaneceram nas montanhas por nove dias, depois planejaram fugir para a Síria, também a pé. De lá foram para Zakho.

Sem comida nem água tiveram que suportar as altas temperaturas, que no Iraque podem chegar até os 50 graus. A fome, o calor e a sede os obrigaram a uma parada em Zakho, onde procuraram ajuda e puderam recuperar-se. Logo partiram para Erbil, onde a vida não é fácil. O mais velho dos filhos, de 17 anos, teve que deixar a escola para encontrar trabalho e ajudar ao sustento da família.

A vida dos refugiados não é simples. A ajuda financeira chega, mas os gastos são altíssimos. A Diocese cosntruiu três novas clínicas para ajudar estas pessoas e se projeta construir uma universidade católica, mas tudo tem um preço, como o aluguel das casas ou espaços onde vivem provisoriamente.

Por último está o caso de Gerges Fares, de 49 anos e sua família de cinco pessoas. São cristãos provenientes de Karmles, lugar que abandonaram no dia 8 de agosto e agora vivem em Ankawa em uma casa alugada.

Dois dias antes ele disse à população de Karmles que não deixassem suas casas e resistissem. Entretanto, no 8 agosto às 7 da manhã, Fares viu por sua janela que os terroristas do ISIS estavam ingressando na cidade. Reuniu a sua família, tomou alguns pertences e abandonou sua moradia.

Porém os terroristas o detiveram. Entre ameaças perguntaram-lhes por que estavam partindo. Fares respondeu que não havia água nem comida e por isso deixavam a cidade. Mas no seguinte posto de controle, jihadistas armados os ameaçaram por ser cristãos. Mesmo assim conseguiram chegar a Kazhir, controlado pelos peshmerge, um grupo de Curdos armados que resiste a invasão do ISSI, que os ajudou.

Na Missa presidida pelo Cardeal Filoni a noite de Páscoa houve este incrível cruzamento de histórias. Histórias infelizmente cotidianas em um Iraque sempre em conflito, mas além em Síria, país também atacado pelo Estado Islâmico.

Por Andrea Gagliarducci- Via ACI

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Um adolescente de 14 anos, Nauman Masih, encontra-se em grave estado em um hospital de Lahore (Paquistão), após jovens muçulmanos jogarem fogo no rapaz por ser cristão.

O fato ocorreu no dia 10 de abril quando Nauman atravessou a rua com uns jovens muçulmanos desconhecidos que iam em direção à mesquita. Eles detiveram Nauman e ao perceber que era cristão o golpearam e jogaram gasolina em cima do jovem. Atearam fogo no rapaz e fugiram imediatamente.

“Os jovens que me agrediram eram perfeitos desconhecidos. Começaram a me agredir quando souberam que eu era cristão. Tentei escapar, mas me perseguiram e jogaram gasolina em cima de mim”, declarou o adolescente à polícia. Nauman se lançou encima de um monte de areia e algumas pessoas ajudaram-lhe a apagar o fogo, chamando imediatamente uma ambulância.

“Condenamos com firmeza este gravíssimo episódio de ódio religioso e enviamos imediatamente um relatório ao primeiro-ministro de Punjab, Shahbaz Sharif”, declarou à agência vaticana Fides o advogado Sardar Mushtaq Gill, que é cristão e defensor dos direitos humanos.

Em uma nota enviada a Nasir Saeed, diretor da ONG Claas (Centro para assistência legal e abrigo) afirmou à agência: “Estamos diante de uma situação deplorável. Se um cristão inocente pode ser queimado por extremistas sem nenhum motivo, o ódio contra os cristãos alcançou um nível muito perigoso.

“Os cristãos no Paquistão vivem uma constante ameaça da própria vida, apesar das garantias do Primeiro-Ministro Nawaz Sharif”.

Em declarações ao grupo ACI, o jornalista paquistanês Yousaf Benjamin afirmou que embora a Polícia tenha registrado este caso os jovens provavelmente sairão impunes. E indicou que “os pais de Nauman estão desanimados e deprimidos. O adolescente tem 50 por cento do corpo queimado”.

Yousaf Benjamin admitiu que “a situação dos cristãos no Paquistão é crítica, especialmente em Lahore”. No mês de Março deste ano, o grupo talibã paquistanês Jamaat-ul-Ahrar atacou duas Igrejas cristãs em Lahore (Paquistão), deixando ao menos 80 pessoas feridas e 14 mortas, entre eles o jovem salesiano Akash Bashir, de apenas 19 anos, que se lançou contra o atacante para evitar que morressem os fiéis de sua paróquia.

Do mesmo modo, em novembro de 2014 um grupo de cem muçulmanos queimaram vivos um casal de jovens cristãos em Lahore, acusando-os de ter, supostamente, queimado páginas do Alcorão. O nome deles eram: Shahzad de 26 anos de idade e sua esposa Shama de 24, que estava grávida.

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Cynthia Cheroitich é uma estudante cristã de 19 anos que sobreviveu o massacre da Universidade da Garissa (Quênia) graças a ter se escondido no armário de seu dormitório antes que entrassem os guerrilheiros do Shabab, que advertiram aos estudantes que só sairiam livres os que sabiam ler como muçulmano.

O ataque do Shabab –filial do Al Qaeda na Somália–, deixou 148 mortos e ocorreu na manhã da Quinta-feira Santa. Os jihadistas foram primeiro à sala-de-aula onde se reuniam os cristãos para rezar e logo ingressaram nos dormitórios.

Ao ouvir os disparos, Cynthia decidiu esconder-se no armário e cobrir-se com a roupa, enquanto suas duas companheiras se refugiaram debaixo das suas camas até que os terroristas disseram que saíssem.

“Disseram-lhes que se não soubessem ler na palavra muçulmana, o que quer que fosse, teriam que deitar-se”, relatou a jovem à CNN. E acrescentaram: “se souberem, vão para o outro lado”.

A jovem disse que não sabe o que aconteceu suas companheiras mas os terroristas disparavam por todos lados. “Não queria abrir meus olhos”, recordou.

Durante os dois seguintes dias continuou escondida dentro do armário e para vencer a sede teve que beber loção para o corpo. Quando chegou a polícia ela não quis sair, pois não sabia se eram oficiais ou terroristas. Ela deixou o esconderijo que a salvou do massacre às 10:00 a.m. do sábado quando ouviu um dos seus professores.

“Estava orando ao meu Deus”, disse a estudante à imprensa internacional.

O testemunho de Cynthia se soma ao de outros jovens cristãos e muçulmanos que conseguiram salvar-se do massacre, uma das piores ações cometidas pelo Shabab como represália à presença de tropas quenianas na Somália, país onde o grupo terrorista quer impor a lei islâmica.

Por sua parte, a Força Aérea do Quênia bombardeou duas bases do Shabab no sul da Somália em resposta ao ataque contra a Universidade de Garissa.

Fonte: ACI

Assuntos Militares (1)

Diferentes órgãos de inteligência entraram em contato com o governo do Brasil para alertar que alguns jovens brasileiros estavam mantendo contato com o grupo terrorista Estado Islâmico.

Segundo o que foi divulgado na imprensa, esses jovens serão potenciais “lobos solitários” que teriam facilidade em arquitetar e executar ataques sem levantar suspeitas, já que não estão em listas internacionais de terroristas.

A Casa Civil foi informada sobre o caso e começou a analisar formas de reforçar a segurança diante desses dias que antecedem aos Jogos Olímpicos de 2016. Para se ter uma ideia, o terrorismo é a maior preocupação dos órgãos de inteligência, passando a preocupação com manifestações e possíveis greves.

Os relatórios apresentados mostram que o Estado Islâmico tem buscado recrutas exclusivamente na Europa e tem intenção de expandir seu campo recrutando também na América do Sul.

Policiais europeus estiveram no Brasil em fevereiro reunidos com autoridades brasileiras para comentar o caso, o governo brasileiro por sua vez iniciou uma estratégia de prevenção tendo as famílias como público alvo e não apenas os jovens.

A Abin e Polícia Federal esperam detectar focos de cooptação e alvos mais suscetíveis através dessas estratégias. O jornal Estado de São Paulo chegou a citar que pelo menos dez jovens brasileiros estavam convertidos ao jihadismo e usam as redes sociais para estimular sírios deslocados pelo conflito a se juntar ao grupo terrorista.

Esses jovens investigados agiam tentando convencer sírios dissidentes a voltar a se juntar com o grupo terrorista, nenhum deles tinham aderido à luta armada no exterior. De qualquer forma a investigação foi necessária para deixar o governo sob alerta principalmente em relação a falta de lei antiterrorismo.

Fonte: Veja


A violência dos jihadistas volta a ter como alvo igrejas e símbolos cristãos no Iraque. Na província sul de Ninive os extremistas do auto-proclamado Estado Islâmico (EI) hastearam bandeiras do Califado no lugar das cruzes, destruíram tombas, ícones e estátuas.

Em seguida, publicaram as imagens nas redes sociais com o título “enterrar a cruz e remover os símbolos dos apóstatas” (assim os fundamentalistas islâmicos indicam a Trindade).

Ao cruzar dados de três grandes Organizações não-governamentais (Open Door International; Ajuda à Igreja que Sofre e Anistia Internacional) que divulgam levantamentos sobre a situação dos cristãos no mundo, as estatísticas revelam que eles constituem 70% das vítimas de ódio religioso.

Além disso, em 2 anos o número de mortos quadruplicou, passando de 1.201 em 2012 para 4.344 em 2014. Números que levaram o embaixador de Israel nas Nações Unidas, Ron Prosor, a declarar que “os cristãos são os judeus no novo milênio”.

Além das vítimas, 1.602 igrejas foram queimadas ou destruídas. Na lista negra dos 10 países onde os cristãos são perseguidos, 8 são muçulmanos. No primeiro lugar desta lista está a Coreia do Norte.

No Oriente Médio, de acordo com o Center for American Progress, o número de cristãos no Egito, Síria, Iraque e Líbano reduziu cerca de 5%. No Egito, os coptas – que representam 10% da população – são protegidos pela presidência. No Iraque, no ano 2000, os cristãos eram mais de 1,5 milhão. Hoje, estão reduzidos a um terço.

As perseguições contra os cristãos são, frequentemente, de caráter econômico ou étnicos. Contudo, é nos países muçulmanos que a vida tem sido mais difícil aos cristãos: Irã, Arábia Saudita, Líbia e Nigéria. No Paquistão, os cristãos representam apenas 2% da população e são ameaçados pela lei da blasfêmia. Em todos os países citados, o proselitismo é proibido. (RB)

Rádio Vaticano

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Duas vezes por mês, a Igreja da Trindade, no bairro berlinense de Steglitz, é palco de um ritual que chama a atenção. Logo no início da liturgia de três horas e meia, a pia de batismo é cercada por adultos que recebem o ‘sacramento’ do pastor luterano Gottfried Martens. Quando batizados, os muçulmanos de Irã, Síria ou Afeganistão têm atrás de si uma odisseia de intolerância, opressão, violência ou guerra civil.

Com a conversão ao cristianismo, eles dão um ponto final às suas biografias anteriores, nas quais a religião era mais um motivo de conflito do que do encontro da paz. A Igreja da Trindade, evangélica luterana, não é a única da Alemanha que registra um movimento contra a corrente. Em todo o país, milhares de muçulmanos converteram-se ao cristianismo nos últimos anos. Segundo Gottfried Martens, de 52 anos, quanto maior é o debate sobre o fundamentalismo e o jihadismo na mídia, maior é também o interesse de jovens muçulmanos pelas religiões cristãs.

Mas o fundamentalismo religioso nos países de origem é também um fator importante na decisão da conversão. Somaye, uma iraniana convertida ao cristianismo, afirma que resolveu deixar de ser muçulmana no dia em que começou a ser perseguida pela polícia religiosa do seu país. “Eu estava fora de casa quando fui informada por amigos que a minha casa tinha sido vasculhada pela polícia religiosa, que encontrou no meu quarto uma Bíblia, um delito grave para um muçulmano no Irã”, revela a iraniana de 29 anos.

Uma conversão ao cristianismo só é possível no exílio. Países como o Irã, que têm uma polícia religiosa com poderes ainda maiores do que a Justiça comum, classificam a conversão como um crime tão grave que deve ser punido com a pena de morte.

Para evitar a perseguição no exílio, a igreja alemã mantém sigilo sobre os convertidos, embora o batismo, que é a coroação do processo de conversão, seja aberto ao público. A Igreja da Trindade batiza atualmente mais adultos muçulmanos do que crianças. Dois domingos do mês são dedicados ao batismo de muçulmanos adultos, enquanto os domingos restantes, alternados, têm como centro da liturgia o batismo de crianças.

Com orações rezadas em farsi (idioma do Irã) e em árabe, a missa dos convertidos da igreja de Steglitz termina com comemorações pelos novos cristãos e um bufê com especialidades dos países de origem dos batizados. Como não consegue mais atender à demanda de todos os interessados, o pastor Martens, que batizou 350 muçulmanos no ano passado, pediu ajuda de paróquias vizinhas, que passaram a abrir mais espaço para receber os novos cristãos.

O primeiro passo é o curso intensivo de catecismo. Para impedir que a conversão seja uma decisão pouco pensada, os padres e pastores encarregados da catequese costumam ter longas conversas com os interessados sobre os motivos que os levaram à decisão. Com isso, eles querem evitar que a opção pelo cristianismo seja uma tática para obter mais direitos como imigrantes na Alemanha. Muçulmanos convertidos ao cristianismo têm mais facilidade em obter visto de residência.

Cada um tem uma história diferente para contar, mas há um elemento em comum: uma situação de conflito extremo. O iraniano Elia Hosseini, de 20 anos, sofreu na adolescência uma opressão dupla – da polícia religiosa e do próprio pai, um muçulmano fundamentalista que teria tentado assassinar o filho por não tolerar os contatos que ele tinha com cristãos.

“Ser cristão significa para mim ter a sensação da mais profunda liberdade”, diz o iraniano, que todo domingo frequenta a igreja de Steglitz.

Em Berlim, os novos cristãos preferem a igreja luterana, que tem liturgias mais festivas, com mais músicas sacras e um sermão mais longo. Mas também igrejas católicas do Ocidente do país, como em Colônia, registram um grande interesse de muçulmanos pela conversão.

Talvez influenciado pela própria experiência, Hosseini diz que o cristianismo é a religião da alegria, enquanto o Islã é uma religião triste. “Aqui em Berlim, as pessoas sorriem quando cantam na liturgia; já nas mesquitas do Irã, eu só tinha vontade de chorar”, lembra ele.

O jovem iraniano ressalta, porém, que o problema não é a religião em si: “O problema é como a religião nos países islâmicos é instrumentalizada como parte do sistema de opressão. Uma religião que deixa as pessoas decidirem livremente se vão ou não à igreja, quais alimentos ou bebidas consomem, é um enriquecimento espiritual e não uma limitação da vida. Já o Islã é frequentemente o oposto.”

Segundo o pastor Martens, as entidades islâmicas, como o Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha, reagem com tolerância. Mas muitos dos convertidos são alvo de agressões de outros muçulmanos. Sobretudo os convertidos que moram no bairro de Neukölln, no Sul de Berlim, onde vivem mais muçulmanos, fundamentalistas e imãs pregadores da inimizade entre as religiões, os homens e mulheres jovens mantém sigilo absoluto de que foram batizados como medida da própria segurança.

Fonte: O Globo

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Dois atentados suicidas contra igrejas cristãs na cidade de Lahore, no Paquistão, fizeram neste domingo (15) 14 mortos e mais de 70 feridos. Violentos protestos ocorreram após os ataques, provocando outras duas mortes

Os atentados ocorreram durante as orações em duas igrejas no bairro de Youhanabad, onde vivem mais de 100 mil cristãos.

Em Lahore, o médico Mohammad Saeed Sohbin informou que 14 corpos e mais de 70 feridos chegaram ao Hospital Geral, situado nas proximidades do local dos atentados.

Zahid Pervez, principal autoridade da área de saúde em Lahore, confirmou o número de mortos e acrescentou que 78 pessoas ficaram feridas nos dois ataques. Vidros de janelas partidos, sangue e sapatos estavam espalhados por todos os lados nos locais onde ocorreram as explosões.

Em e-mail, um porta-voz do Movimento Talibã do Paquistão, Ehsanullah Ehsan, reivindicou os “atentados suicidas”. Os talibãs paquistaneses multiplicaram-se desde 2007, quando atacaram as forças de segurança do país, que acusam de apoiar a guerra norte-americana contra o terror e as minorias religiosas do Paquistão.

Em setembro de 2013, uma facção talibã reivindicou um atentado similar à saída de uma igreja, depois de uma reunião de domingo, em Peshawar, Nordeste do país. Com 82 mortos, aquele foi o maior ataque à minoria cristã já registrado na história do Paquistão. Os cristãos representam 2% da população paquistanesa.

Fonte: Portas Abertas

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A iniciativa de um homem em comprar meninas sequestradas pelo Estado Islâmico para serem revendidas como escravas sexuais tem sido vista como um ato de heroísmo, pois ele as devolve às suas famílias.

Ele se mantém anônimo, por questões de segurança, mas a reputação de herói tem sido propagada por veículos de mídia cristã por causa de sua iniciativa ousada.

O iraquiano acessa áreas controladas pelo Estado Islâmico, compra uma das meninas das minorias religiosas (cristãs, yazidis ou até mesmo muçulmanas de minorias étnicas), e depois de sair das áreas de domínio dos terroristas, faz contato com a família e as devolve.

O vídeo de um dos encontros promovidos por este iraquiano foi publicado no YouTube e tem repercutido fortemente nas redes sociais.

A informação sobre o gesto humanitário deste iraquiano misterioso foi divulgada pelo Shoebat, e comparou a atitude do homem com a missão que Moisés cumpriu ao libertar o povo hebreu da escravidão no Egito.

A quantidade de meninas compradas para serem libertas não foi informada, porém o site destaca que o gesto tem inspirado outros cristãos a se manterem firmes frente a perseguição do Estado Islâmico.

O grupo terrorista usa o mercado sexual como uma das formas de financiamento de suas ações, e também para oferecer regalias a seus militantes, que muitas vezes estupram as meninas sequestradas.

Enquanto isso, a propaganda do Estado Islâmico continua aliciando jovens na Europa, e muitas meninas se voluntariam para serem esposas dos terroristas acreditando que serão tratadas com luxo e riqueza, além dos rapazes, que se oferecem para estar na linha de frente do combate contra cristãos e outras minorias religiosas do Oriente Médio.

Assista no vídeo abaixo o reencontro entre um pai e uma filha, promovido pelo iraquiano “herói”:

https://www.youtube.com/watch?v=x4wxT8IT98E&t=56

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Era a noite de 14 para 15 de abril de 2014. Todas as 300 garotas do colégio público de Chibok, no nordeste da Nigéria, estavam dormindo. Algumas sonhando e outras tantas viajando em seus planos. Mas aquela seria, para muitas, uma noite que jamais terminou e, pior, passou a ser esquecida do restante da comunidade internacional. Perto das 11h30 da noite, homens armados do Boko Haram invadiram a escola, foram até o alojamento onde estavam as garotas e as sequestraram. 

Quase um ano depois, uma delas conta a história daquele momento dramático. Em entrevista exclusiva ao Estado, uma dessas estudantes sequestradas revela detalhes da tensão vivida para conseguir escapar naquele noite. Desde então, sua identidade continua sendo camuflada para evitar que ela ou sua família sejam assassinados. 

Hoje, ela é apenas conhecida como Saa e, apesar das dificuldades, tenta reconstruir sua vida. Um ano depois e vivendo nos Estados Unidos graças a uma bolsa de estudos, Saa viu sua vida mudar radicalmente. Mudanças que ela tentou assimilar: no lugar de roupas largas de um vilarejo nigeriano, veste um jeans estreito, um óculos de sol de marca e botas de couro. Usa uma peruca e não passa mais de dois minutos sem mexer em seu smartphone. Questionada sobre seus planos e sonhos, a resposta se assemelha à de qualquer outra garota de sua idade, marcada por um ar de inocência no sorriso aos 18 anos de idade. 

Saa poderia ser uma garota de qualquer parte do mundo se não fosse por sua história. “Aquela noite ainda não terminou”, disse. “O mundo não pode nos abandonar nas mãos do Boko Haram”.  A nigeriana esteve em Genebra nesta semana para reuniões na ONU, onde concedeu entrevista ao Estado

A seguir, os principais trechos da conversa: 

O que aconteceu naquela noite de 14 de abril? 

Eram 11h30 da noite. Estávamos nos alojamentos da escola. Muitas das minhas amigas estavam dormindo. Outras escrevendo em seus diários.  Mas as luzes já estavam apagadas. De repente, ouvimos tiros vindos de fora. Primeiro achamos que era o Exército da Nigéria. Eu rapidamente liguei para meu pai com o celular que estava ao lado da minha cama e pedi que ele rezasse por nós. Descemos todas para uma espécie de lobby do alojamento e ouvimos motos chegando. Pensávamos que eram os professores que estavam se aproximando para nos dizer algo. Eles dormiam em um prédio ao lado. Mas à medida que as motos se aproximavam, víamos que não eram eles. Eram homens armados e vestidos com uniformes. Os professores haviam fugido. 

O que eles queriam?

A primeira coisa que nos perguntaram foi: “Onde estão os meninos?”. Respondemos que os meninos não dormiam na escola. Apenas as garotas. Eles nos ameaçaram matar se não contássemos a verdade. Insistimos que aquela era a verdade. Então eles mudaram de assunto e passaram a perguntar onde é que a escola guardava seus alimentos. Duas amigas minhas mostraram a eles. 

E o que eles fizeram?

Empacotaram toda a comida, colocaram em caminhões e nos colocaram do lado de fora do prédio. Ficamos com muito medo. Eles vieram até nossos alojamentos e mandaram todas sair imediatamente. Não tivemos nem sequer de pegar roupas ou nada. Logo depois, colocaram fogo na escola e no alojamento. Tudo foi queimado. Eu e minhas amigas ficamos de mãos dadas enquanto tudo aquilo ocorria, rezando em voz baixa para que eles não percebessem que éramos cristãs. 

Vocês sabiam que eram do Boko Haram?

No início não. Sabíamos que eram radicais islâmicos. Mas só entendemos quando um dos homens que segurava uma arma contra nossas cabeça disse que eram os responsáveis pelo sequestro de 35 garotas da cidade de Konduga em 2013. Entendemos que estávamos nas mãos do Boko Haram. 

E o que eles diziam a vocês?

A ordem era de que não gritássemos ou fizéssemos qualquer tipo de escândalo ou todas seriam assassinadas. Mesmo assim, como estávamos perto de um bosque, algumas meninas aproveitaram a ocasião para se jogar pelos arbustos e fugir. 

Como eles as levaram?

Depois de embarcar toda a comida, ele mandaram nós entrarmos em um outro caminhão. E diziam que só tínhamos duas opções: entrar ou morrer. Mas o caminhão era tão alto que os homens tiveram de puxar para perto um carro para que pudéssemos subir primeiro no carro para montar no caminhão. Dentro, não havia espaço para todas e cada uma sentava no colo das demais.  

Ser cristã ou muçulmana era um critério?

Na escola, 90% da escola eram cristãs. Lembro-me que, depois de todas entrarem no caminhão, três meninas não conseguiram subir. Um dos homens armados chegou a elas e perguntou: cristãs ou muçulmanas? Uma delas disse que era muçulmana. Outra, que era muito amiga minha, era cristã. Mas ela disse a eles que era muçulmana e eu fiquei pensando o que Deus pensaria dela naquele momento. A terceira disse que era cristã. O homem então disse que mataria as três. Mas foi impedido no último minuto por um outro, que parecia ser o chefe. Ele apenas disse a eles que corressem para suas casas e que, se olhassem para trás, seriam mortas. 

Como era dentro do caminhão?

A única coisa que eu escutava era as minhas amigas chorarem baixo e meu coração bater. Foi assustador. Ninguém sabia para onde estavam nos levando. 

Como você fugiu?

Decidi que eu deveria saltar do caminhão. Eu disse a minhas colegas: vou pular. Quem vem? Algumas me diziam: não faça isso. Outras choravam e uma delas, minha amiga Leme, disse que me acompanhava. Era muito alto e outros homens armados circulavam em motos. Mas eu pensei: “Prefiro morrer a ficar nas mãos do Boko Haram”. Pulamos e corremos para a floresta. Um grupo de homens nos perseguiu pela floresta, mas não conseguiram nos achar. Quando tudo ficou em silêncio e o caminhão seguiu viagem, me dei conta que Leme tinha quebrado sua perna ao pular e não conseguia caminhar. Eu tentei carregá-las. Mas não consegui. A única opção era mesmo ficar ali, na floresta, e esperar o dia amanhecer. 

Como saíram dali?

Acho que eram 6h da manhã quando fui buscar ajuda. Encontrei um pastor que estava com uns animais e sua bicicleta, e expliquei a história. Mas ele ficou com muito medo. Me disse que era muçulmano e não queria problemas com o Boko Haram. Insisti tanto que ele aceitou colocar Leme na bicicleta e nos transportar até nossa cidade. Foi ali que conseguimos ver nossos país que, naquela hora, já sabiam de tudo. 

Como aquela noite mudou a sua vida?

Mudou inteiramente. Aquela noite ainda não acabou. Hoje eu estou nos EUA, com uma bolsa, terminando a escola. Mas por meses acordava pela noite gritando de medo. Claro que estou feliz e me sentindo mais segura nos EUA. Mas o Boko Haram continua, e famílias continuam sendo mortas. Eu estou nos EUA, mas minhas amigas continuam sequestradas. Minha família teve de abandonar sua casa e sair da região. Muita gente que eu conheço morreu e vilarejos inteiros foram destruídos. 

Como você avalia a reação da comunidade internacional diante do sequestro e da ameaça do Boko Haram?

Parece que o mundo se esqueceu de nós. Os pedidos de ajuda já vinham sendo feitos há muito tempo e mesmo antes do nosso sequestro. Quando o sequestro ocorreu, houve um apelo em todo o mundo e foi muito comovedor. Mas hoje vejo que o mundo já não dá a mesma atenção. Por isso, peço que nos ajudem a relatar as atrocidades para que esse grupo seja combatido. As pessoas continuam morrendo, e o mundo não pode nos abandonar nas mãos do Boko Haram. 

Quais eram os seus planos quando a escola terminasse?

Eu queria, um dia, estudar para ser médica. Ainda quero voltar um dia para Chibok e ajudar minha região a se desenvolver. Só não sei quando. 

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo