Steve Ray é um católico convertido, vindo do protestantismo batista. Ele é uma das grandes vozes católicas nos EUA. Desde sua conversão, Steve entrou no discurso entre denominações para responder à questões sobre o catolicismo, sobretudo de protestantes.
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Um protesto feito por cristãos que se converteram ao protestantismo após abandonar o islamismo se tornou manchete em vários portais de notícia ao redor do mundo. Os ex-muçulmanos interromperam uma missa na última semana e instaram os fiéis a abandonarem a “idolatria”.
O grupo, denominado Koosha Las Vegas, invadiu três igrejas diferentes da cidade, vestidos com camisetas com as frases “Trust Jesus” (“confie em Jesus”) e “Jesus Is The Only Hope” (“Jesus é a única esperança”).
Gritando palavras de ordem, entregaram panfletos aos fiéis que participavam das missas e alertaram que a doutrina católica seria um pecado “contra Deus e Suas leis”.
“Arrependam-se e voltem para Jesus Cristo! O papa é satanás! A imagem de Maria é satanás!”, gritou um dos homens que participou do protesto. “Deixem de adorar ídolos! Os ídolos não irão salvá-los! Vocês precisam de Jesus Cristo! Vocês precisam do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, acrescentou.
O protesto obrigou os padres e responsáveis pelas paróquias a acionarem a Polícia, porém, como os manifestantes não cometeram nenhum crime, ninguém foi preso, de acordo com informações do site Catholic News Agency.
Uma semana antes desse protesto, o grupo já havia protestado em frente a uma escola católica, dizendo aos alunos que se eles comparassem “o catecismo da Igreja Católica e as Escrituras, entenderiam porque Deus odeia este sistema religioso”.
Randy Sutton, especialista em legislação da emissora Channel 13, afirmou que é possível que os manifestantes sejam enquadrados em uma lei estadual de Nevada que classifica as interrupções de celebrações religiosas como “agressão”.
A arquidiocese de Las Vegas informou que está trabalhando, junto com a Polícia, para evitar novos incidentes como esse. Já os manifestantes afirmaram que protestaram por entender que o catolicismo distorce o Evangelho ao incentivar que preces sejam feitas em frente a imagens, pois pode levar à idolatria.
O novo filme da série Star Wars, “Episódio VII: O Despertar da Força”, foi lançado mundialmente nesta quinta (17). É a temporada de Natal, onde os cinemas acabam atraindo um público maior que a média no restante do ano.
Algumas igrejas americanas também querem atrair pessoas para seus cultos natalinos e decidiram “mesclar” as duas coisas. O resultado são ‘presépios’ com os personagens da saga no lugar das tradicionais figuras de José, Maria e até Jesus.
Na cidade de Morristown, Nova Jersey, a Liquid Church, uma das igrejas que mais crescem no estado, realizará o “Natal cósmico”. Além do presépio vivo com a princesa Leia, Han Solo, Chewbacca, além dos androides C3PO e R2D2, serão três semanas com o sermão focado nos paralelos entre a mitologia de Star Wars e os princípios cristãos.
No estado de Illinois, a igreja United Community Church, de Middletown, está recontando a história de Natal através de um concurso com a temática de Guerra nas Estrelas. A Christian Church da cidade de Clarendon Hills, no mesmo estado, está apostando que a estratégia atrairá pessoas “que estão mais familiarizados com a saga “Star Wars” que com os dois primeiros capítulos do Livro de Lucas”.
Essas são apenas três dos muitos exemplos de igrejas que estão tentando passar a mensagem do significado do nascimento de Jesus através de elementos da cultura pop.
Tim Lucas, pastor principal e fundador da Liquid Church, de Nova Jersey, explica: “Não há regras dizendo que o culto na igreja precisa ser monótono. Um dos nossos valores fundamentais é que ‘igreja é algo divertido’. Queremos aproveitar a excitação em torno do filme ‘Star Wars’, e atrair novas pessoas para ouvirem sobe Jesus Cristo”. A expectativa é que pelo menos 7.000 pessoas ocuparão os bancos da igreja nos cultos do “Natal cósmico”.
Lucas conta que desde criança é fã de ‘Star Wars’ e a inspiração para o presépio deste ano veio de uma brincadeira que ele fez na infância. Ele substituiu as figuras no presépio de sua casa pelos bonecos do filme. Para ele, faz sentido o paralelo. “O centro na mensagem de Star Wars é um reflexo da batalha espiritual. Bem contra o mal, luz contra trevas… isso é algo com o que todos nós podemos nos identificar”, argumenta.
Já a United Community Church acredita que usar elementos do cinema é uma ótima maneira de envolver as crianças. “O que estamos tentando fazer é recontar a história dos Reis Magos, que são como nossos cavaleiros Jedi. Eles foram curiosos sobre a nova luz que veio ao mundo”, defende Laura Crow, diretora de educação da igreja.
O pastor Matthew Rogers, líder da Christian Church de Clarendon Hills disse que estava procurando por ‘algo novo’ para o Natal em 2015. “Foi quando a ideia de colocar ‘Star Wars’ me ocorreu”, conta.
“As conexões sugiram imediatamente quando comecei a pensar sobre isso… Queremos que as pessoas que gostam de ‘Star Wars’ e estão curiosas sobre os paralelos com a história do Natal venham aos nossos cultos e ouçam as mensagens. É uma boa oportunidade para se convidar um amigo não-crente para ir à igreja”, finaliza.
Contudo, a iniciativa gerou muitas críticas de outros pastores. Uma das mais contundentes foi a feita pelo conhecido pastor Rick Warren, da igreja Saddleback, na Califórnia. Ele rejeita a ideia que a “força” mencionada nos filmes possa ser comparada com o Deus da Bíblia.
“Essa é uma força impessoal, que podemos controlar pela nossa própria vontade… Isso é totalmente diferente do caráter de Deus. A verdade é que Deus tem todo o poder. Ele quer lhe dar o melhor para sua vida… Mas a chave é que você precisa obedecer a ele e não o contrário”, escreveu ele em seu blog pessoal.
Ao deixar-se conduzir pela Igreja, santos de todos os séculos puderam descobrir suas vocações na prática da leitura orante das Sagradas Escrituras.
A prática da Lectio Divina é uma das devoções mais presentes na vida dos santos. Por meio da meditação das Sagradas Escrituras, eles foram capazes de encontrar a face de Jesus, que se revela a cada versículo lido. É por isso que, querendo esmiuçar o valor dos Textos Sacros, São Jerônimo dizia a seus fiéis: “A ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” [1]. Quem se põe a escutar a Palavra, escuta, pois, a própria voz de Deus; faz como reza o salmista: “É tua face, Senhor, que eu procuro” (cf. Sl 27, 8-9).
Diferentemente do que acusam os protestantes, a Igreja sempre incentivou a leitura das páginas sagradas. Ao mesmo tempo, os santos padres nunca deixaram de insistir numa leitura dentro da «tradição viva de toda a Igreja». Essa preocupação se deve ao fato de que também a Bíblia, quando mal interpretada, pode conduzir o homem ao erro.
Que foram as tentações de Cristo no deserto senão “tentações bíblicas”? Desafiou Satanás: “Se és o Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: ‘Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; eles te protegerão com as mãos’” (cf. Sl 90, 11). Quando se perde a dimensão eclesiológica das Sagradas Escrituras, perde-se, por conseguinte, o próprio sentido das Escrituras, pois não seria possível crer em suas palavras se a isso não nos levasse a autoridade da Igreja [2].
Assim se justifica a luta do Magistério contra a doutrina luterana da Sola Scriptura (Somente a Escritura). Trata-se de uma defesa do sentido autêntico da Bíblia, de uma defesa contra reducionismos baratos, manipulações desonestas, fundamentalismos agressivos, que, no mais das vezes, levam grande parte dos cristãos à perda da fé, como também muitos céticos e pagãos a recusarem os ensinamentos evangélicos. Por outro lado, a prática da Lectio Divina, isto é, a leitura das Sagradas Escrituras realizada sob a luz da Tradição, longe de induzir os fiéis a falsas devoções, abre-lhes um caminho seguro para o encontro com Cristo. Isso porque, como definiam os Padres, “a Sagrada Escritura está escrita no coração da Igreja, mais do que em instrumentos materiais” — «Sacra Scriptura principalius est in corde Ecclesiae quam in materialibus instrumentis scripta». A religião cristã não é a religião do livro mas da Palavra, que é Jesus. Essa Palavra, por sua vez, confiou seu depositum fidei, quer por meio do testemunho oral, quer por meio do testemunho escrito, à tutela de sua Igreja.
Santos de todos os séculos experimentaram essa verdade, descobrindo suas vocações no seio da Igreja orante e intérprete fiel da Revelação [3]:
[…] Certamente não é por acaso que as grandes espiritualidades, que marcaram a história da Igreja, nasceram de uma explícita referência à Escritura. Penso, por exemplo, em Santo Antão Abade, que se decide ao ouvir esta palavra de Cristo: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céus; depois, vem e segue-Me» (Mt 19, 21).
IGUALMENTE SUGESTIVO É SÃO BASÍLIO MAGNO, QUANDO, NA SUA OBRA MORALIA, SE INTERROGA: «O QUE É PRÓPRIO DA FÉ? CERTEZA PLENA E SEGURA DA VERDADE DAS PALAVRAS INSPIRADAS POR DEUS. (…) O QUE É PRÓPRIO DO FIEL? COM TAL CERTEZA PLENA, CONFORMAR-SE COM O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS DA ESCRITURA, SEM OUSAR TIRAR NEM ACRESCENTAR SEJA O QUE FOR». SÃO BENTO, NA SUA REGRA, REMETE PARA A ESCRITURA COMO «NORMA RETÍSSIMA PARA A VIDA DO HOMEM».
SÃO FRANCISCO DE ASSIS – ESCREVE TOMÁS DE CELANO – «AO OUVIR QUE OS DISCÍPULOS DE CRISTO NÃO DEVEM POSSUIR OURO, NEM PRATA, NEM DINHEIRO, NÃO DEVEM TRAZER ALFORGE, NEM PÃO, NEM CAJADO PARA O CAMINHO, NÃO DEVEM TER VÁRIOS PARES DE CALÇADO, NEM DUAS TÚNICAS, (…) LOGO EXCLAMOU, TRANSBORDANDO DE ESPÍRITO SANTO: COM TODO O CORAÇÃO ISTO QUERO, ISTO PEÇO, ISTO ANSEIO REALIZAR!»
Scott Hahn, ex-pastor protestante, também experimentou essa verdade, assim como os santos, quando se decidiu por uma escuta da Palavra de Deus, alicerçada na grande Tradição da Igreja. Em seu comovente testemunho de conversão à fé católica, ele e sua mulher, Kimberly Hahn, contam como foram surpreendidos pela fé bíblica da Igreja, sobretudo na Santa Missa [4]:
[…] Então, subitamente, compreendi que era ali o lugar da Bíblia. Aquele era o ambiente no qual esta preciosa herança de família devia ser lida, proclamada e explicada. Depois passamos à liturgia Eucarística, onde todas as minhas afirmações sobre a Aliança encontravam o seu lugar.
Hahn foi um ferrenho opositor do catolicismo durante anos. Como pastor de linha calvinista, ele pregava “que a Missa católica era o maior sacrilégio que um homem podia cometer” [5]. Essa convicção o motivava a converter o maior número de católicos possível, a fim de retirá-los da idolatria. Seus estudos teológicos, por conseguinte, tinham por objetivo principal refutar cada ensinamento católico, mormente a divina liturgia, a autoridade do papa e a devoção à Virgem Santíssima. Nada que a Igreja Católica ensinasse poderia ser considerado bíblico.
Em 1979, poucos meses após a visita de João Paulo II aos Estados Unidos, Kimberly Hahn apresentou ao marido o livro “Sexo e a aliança matrimonial”, de John Kippley, que versava sobre a moral católica e a contracepção. A coerência dos argumentos era tão eloquente, que o casal, embora não admitindo ainda a verdade católica, viu-se obrigado a abandonar os métodos anticoncepcionais. Esse foi o primeiro passo para a reviravolta. Scott Hahn descobrira uma nova maneira de enxergar a Aliança de Deus: ela não era apenas um contrato; Deus queria uma família.
Após o episódio, Scott Hahn deu início a um estudo para fundamentar biblicamente as teses da Sola Fide — doutrina protestante que nega o valor meritório das boas obras — e da Sola Scriptura. Ora, a Sola Fide e a Sola Scriptura são como que duas colunas do protestantismo. Toda a fé protestante tem como ponto de partida esses dois preceitos básicos. A sua fundamentação era, portanto, imprescindível para o pastor. Mas qual não foi sua surpresa ao descobrir que ambas as teses luteranas não possuíam nenhum respaldo das Sagradas Escrituras. De fato, a Igreja Católica estava certa! Com efeito, conforme Scott Hahn se aprofundava em seus estudos, um a um iam caindo os dogmas do protestantismo: a proibição do batismo de crianças, a negação das imagens, o repúdio ao culto mariano etc. Scott iniciava o caminho para a Igreja.
Scott Hanh converteu-se à Igreja Católica na páscoa de 1986, mesmo sob forte oposição de amigos e familiares. Anos mais tarde, seria a vez de sua mulher, Kimberly, buscar a comunhão com a Igreja de Cristo, pedindo o batismo e os demais sacramentos da iniciação cristã. Hoje, ambos ministram palestras em todo o mundo, a fim de esclarecer os fundamentos bíblicos da Igreja Católica, bem como a riqueza de sua liturgia. Graças à sua história de conversão, Scott é considerado o “Martinho Lutero às avessas”. Ele descobriu que também a Bíblia leva-nos a Roma.
Fonte: Catholicus
“No mundo fragmentado de hoje, o poder de cura do Evangelho e o chamado à relação são fundamentais. A política, a religião e a cultura são, frequentemente, instrumentalizadas e usadas para dividir as pessoas e nações. Isso tem levado a um crescente afastamento e desunião”, afirma Reverendíssimo Ndanganeni Petrus Phaswana, Bispo Emérito da Igreja Evangélica Sul-Africana (da Federação Luterana Mundial), em carta publicada por Serviço de Informação Vaticana.
Eis a carta.
Eminências,
Permitam-me expressar a minha sincera gratidão por ter a honra de cumprimentar este Sínodo em nome da Federação Luterana Mundial, comunhão de 145 igrejas luteranas.
Vou começar a minha saudação com as palavras do Evangelho de São Mateus 18,20: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
Estas são as palavras que me vêm à mente enquanto reflito sobre o tema deste Sínodo: a família e a relação entre a nossas duas comunhões cristãs mundiais – a Igreja Católica de Roma e a Federação Luterana Mundial.
A comunhão luterana partilha da convicção profunda de que a fé se traduz em relações. A fé advém da relação entre Deus e os seres humanos. Por meio da graça que recebemos em nossa relação íntima com Deus, somos chamados a crescer nas relações uns com os outros e, juntos, sermos alimentados pelo Evangelho. Estes dois elementos realizam-se na tradição apostólica: a verdade do Evangelho e a cura das relações. Posso ver estas tradições sendo levadas adiante neste Sínodo: orando e refletindo juntos sobre o Evangelho num espírito conciliar.
No mundo fragmentado de hoje, o poder de cura do Evangelho e o chamado à relação são fundamentais. A política, a religião e a cultura são, frequentemente, instrumentalizadas e usadas para dividir as pessoas e nações. Isso tem levado a um crescente afastamento e desunião. Em meio a esse isolamento, é nossa tarefa enquanto igrejas proclamar e testemunhar que Deus não nos chama ao isolamento, mas sim à vida em comunhão com Cristo e uns com os outros. Somos chamados a superar a esta fragmentação e a crescer em comunidade onde as relações podem se curar e se fortalecer.
Ao longo das últimas cinco décadas, os católicos e luteranos vêm profundamente se empenhando em construir a unidade dos cristãos através do diálogo teológico conjunto. O fruto mais recente desta jornada compartilhada – um relatório dialógico intitulado “Do Conflito à Comunhão” – comunica-se já através de seu título, aonde esta jornada partilhada continua a nos levar. Saímos de uma situação de conflito para um compromisso cada vez maior com a comunhão, comunhão a que somos chamados a viver não de forma isolada, mas testemunhando juntos como irmãs e irmãos cristãos.
Embora este documento tenha sido publicado especificamente para comemorar o 500º aniversário da Reforma, é foi também uma expressão de alegria e gratidão por estes últimos 50 anos juntos e é um convite a testemunharmos juntos neste mundo.
Ao compartilhar a alegria da nossa jornada católico-luterana conjunta, devemos, pois, permanecer sensíveis à forma como as nossas discussões teológicas dão apoio aos cristãos – em particular nos desafios e nas tristezas que enfrentam em suas vidas cotidianas. Aqui, penso particularmente nas famílias ecumênicas, onde os membros de uma mesma família não são capazes de partir o pão e partilhar o vinho, e, portanto, nutrirem-se em comunhão compartilhada em Cristo.
Estar em relação e em comunhão é o significado mais profundo da família. Ao viverem e crescerem nestas realidades e com todas os desafios que aí surgem, as famílias precisam ser nutridas e ancoradas. Católicos e luteranos rezam para que as famílias possam viver a fé em comunhão uns com os outros e com os seus próximos, testemunhando juntos e nutrindo o seu testemunho e união através de uma vida espiritual compartilhada.
O diálogo luterano-católico foi muito incentivado pelas palavras do Papa João XXIII, que assim dizia: “As coisas que nos unem são muito maiores do que as que nos dividem”. Como podemos dar sustentação às nossas famílias, hoje, de forma que estas palavras se tornem um verdadeiro sinal de esperança enquanto elas, as famílias, anseiam viver e testemunhar a comunhão neste mundo fragmentado?
A Federação Luterana Mundial está orando pela presença do Espírito Santo neste Sínodo. Que Deus vos abençoe.
Olá, meus amigos e minhas amigas, venho através deste meio de comunicação expressar minha alegria e gratidão em retornar à Casa de Deus, a Santa e Única Igreja Católica Apostólica Romana.
Nasci em lar católico, na minha cidade natal de Aiuaba-Ceará. Durante minha infância e adolescência cresci um pouco desligado das coisas da fé, limitando-me a apenas algumas poucas missas em ocasiões especiais como Natal, Festas da Padroeira, dentre outras. No entanto, aqui devo dizer que só agora compreendo um sonho que tive certa vez de estar pregando na Igreja Católica, mas sem conseguir entender como isso se daria.
Conheci o protestantismo através das pregações de amigos e amigas a quem estimo e considero com amor fraternal, pois os considero irmãos e irmãs em Cristo, dado que a Igreja Católica sempre os considerou e considera como “irmãos separados”.
Chegando à idade adulta tomei uma decisão difícil e enfrentei diversas provações para aderir à “nova fé cristã” no protestantismo assembleiano pentecostal, onde conheci Fábia, minha esposa com quem tive dois filhos. Vivemos em Aiuaba por alguns anos. E foi estudando a bíblia que fui convidado pelo pastor para anunciar o evangelho e ajudar na igreja através da música e do louvor.
Enfrentando dificuldades de conseguir trabalho, mudamos para Santa Catarina, onde vivemos até hoje. Aqui chegando, consegui trabalho e pude também realizar um antigo sonho de cursar Teologia. Matriculei-me num curso de Teologia pela Faculdade São Brás e ali tive algumas surpresas que colocaram em estado de alerta e expectativa diante de algumas certezas que alimentei por mais de 10 anos no protestantismo. O curso de Teologia recomendado pela igreja assembleia de Deus de Santa Catarina fez-me conhecer doutos e mui preparados professores de eclesiologia, história da Igreja, e outras disciplinas. Foi especificamente na disciplina de História da Igreja que tive um verdadeiro encontro pessoal com meu Salvador: o professor elogiou a Bíblia de Jerusalém (Edição Católica) como a melhor tradução da Bíblia de estudos em português.
Como se não bastasse, ainda indicou estudar com atenção os Pais da Igreja (Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Irineu de Lyon, Tertuliano de Cartago, Orígenes de Alexandria, Cipriano de Cartago, Eusébio de Cesaréia, Agostinho de Hipona etc) que me dei conta de que a Igreja Cristã não nasceu na Reforma Protestante em meados de 1500, com os conhecidos Reformadores Lutero, Calvino e outros. Mas nasceu realmente nos dias de Cristo, quando este andando aqui entre nós, chegou a afirmar para Pedro: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mateus 16,18-19) E, mais ainda falou: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mateus 28,20). Ora, meus amigos, como pode ter acontecido – pensava eu em dias de muito sofrimento e dúvida interior – como explicar que Jesus Cristo tivesse ensinado e doutrinado Sua Dileta Esposa, a Igreja Cristã através dos apóstolos e dos pais da Igreja durante mais de 15 séculos por meio de Seu Espírito Santo e então, chegando em 1500, inspirou Lutero e os demais a dizer que estava a Sua Igreja errada e ensinando heresias?
Isso foi um verdadeiro choque! Não conseguia nem mesmo me alimentar direito e passei noites sem dormir normalmente impressionado e tentando encontrar uma forma de harmonizar os ensinos dos Padres da Igreja com o Protestantismo. Foi tudo em vão! Não consegui e sofri ainda quando reli a passagem de Efésios capítulo 4, versos de 3 a 6 e vi Paulo falando de UNIDADE DA FÉ, UMA SÓ FÉ E UM SÓ BATISMO: “Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos.” (Efésios 4,3-6)
Aí foi que eu sofri, por que como harmonizar, na verdade, a diversidade de igrejas protestantes, todas ensinando doutrinas desencontradas a partir da mesma bíblia. Eles dizem que são ministérios diferentes, mas na verdade não é bem assim: uns pregam que os dons espirituais ainda agem nos dias de hoje e outros os negam veementemente, baseados na mesma bíblia. Uns dizem que a trindade não é mais que invenção de alguns e outros sustentam sua veracidade com base bíblica. Uns ensinam que se deve dar o dízimo e outros dizem que não é mais necessário. Uns deixam mulheres ser ordenadas como pastoras, bispas e diaconisas e outros apenas os homens. Ou seja, isso não satisfaz o desejo de Paulo quando fala sobre a UNIDADE DA FÉ Depois meu primo Liminha Feitosa, que tanto se esforçou em me evangelizar durante esse 10 anos, me indicou os vídeos do professor Paulo Leitão, daí foi que as coisas passou a ficar mais clara ainda, quanto mais se esclarecia, mais eu ficava confuso enfim…
Para resumir a minha história, trago o tema que mais fortaleceu a minha ideia de retornar à Igreja católica: A EUCARISTIA!
“Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (João 6,53-56)
Li os Santos Padres como Inácio de Antioquia falando sobre a Eucaristia no primeiro século da História da Igreja:
“Na graça que procede do Nome, vos reunis na mesma fé e em Jesus Cristo, que descende segundo a carne de Davi, filho do homem e filho de Deus, para obedecermos ao bispo e ao presbitério numa concórdia indivisível, partindo um mesmo pão, que é o remédio da imortalidade, antídoto contra a morte, mas vida em Jesus Cristo para sempre”. (Carta aos Efésios, parágrafo 20, cerca de 80-110 d.C.)
“Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebidaquero o sangue d’Ele, que é Amor incorruptível”. (Carta aos Romanos, parágrafo 7, cerca de 80-110 d.C.)
Também São Justino, Mártir disse: “Esta comida nós chamamos Eucaristia, da qual ninguém é permitido participar, exceto o que creia que as coisas nós ensinamos são verdadeiras, e tenha recebido o batismo para perdão de pecados e renascimento, e que vive como Cristo nos ordenou. Nós não recebemos essas espécies como pão comum ou bebida comum; mas como Cristo Jesus nosso Salvador, que se encarnou pela Palavra de Deus, se fez carne e sangue para nossa salvação, assim também nós temos ensinado que o alimento consagrado pela Palavra da oração que vem dele, de que a carne e o sangue são, por transformação, a carne e sangue daquele Jesus Encarnado.” – (Primeira Apologia”, Cap. 66, cerca de 148-155 d.C.)
CONCLUÍ que a “santa ceia” da qual eu participava não continha a realidade da EUCARISTIA mencionada pelos Santos Padres da Igreja, conteúdo que meus professores orientaram para estudar na Teologia. A EUCARISTIA CATÓLICA, é a meu ver e de acordo com os ditames da minha livre consciência, a verdadeira “CARNE E SANGUE” de Jesus Cristo aqui na Terra, para alimento de todo aquele que nele vive e nele crê!
Sendo assim, resolvi de livre e espontânea vontade, de comum acordo com minha esposa que eu devo retornar às fileiras da Única Igreja de Jesus Cristo aqui na Terra. E, domingo dia 12 de abril fui à missa e lá, sentado nos bancos últimos da Igreja, fui vendo cada gesto, cada rito, cada palavra e cada oração, ali sim, tive o maior e mais verdadeiro encontro pessoal com Jesus Cristo, sobretudo quando o padre elevou a Eucaristia, meus olhos brilharam como nunca e “vi o Senhor!”
Seria covardia de minha parte ignorar o trabalho do Espírito Santo em minha vida nos últimos meses, seria a negação da Santa Vontade de Deus continuar indo a uma denominação onde sabia bem que não existia a EUCARISTIA, mas apenas um mero simbolismo (com boa intenção de muitos), mas devo dizer que estão perdendo ao não comungar a verdadeira Hóstia Santa, nas santas missas!
Para terminar, quero dizer àqueles que pensam que os católicos são idólatras por causa das imagens sagradas, resta-me apenas dizer que precisam estudar para compreender a diferença entre “ídolo” e “imagem” e saber que, no contexto bíblico, Deus proíbe fazer imagens de falsos deuses para adorar. A Igreja Católica não adora nenhuma de suas imagens, pois são imagens de pessoas que serviram a Nosso Senhor e Sua Igreja. Existindo apenas para serem veneradas e para estimular a fé do povo simples que não sabe ler as Escrituras, mas compreende a linguagem transmitida através daquelas imagens de que é possível seguir a Cristo, apesar de nossas fraquezas e limitações.
Não recrimino quem porventura não me compreenda, mas peço as orações daqueles que ficarão felizes pela minha decisão e espero contar com a mesma força que animou os apóstolos e santos da primeira hora para dar testemunho da verdade e não negar o que Deus tem feito em minha vida.
Obrigado a todos por lerem meu testemunho! Desculpem-me por não ser breve, mas na verdade, não há como resumir uma história tão edificante como esse testemunho de mais um filho que volta à Casa da Verdadeira Mãe, a Igreja Católica Apostólica e Romana.
Francisco Tiago
Não é novidade instituições religiosas terem produtos comerciais com suas marcas. Já existem no país, por exemplo, cartões de créditos ligado a igrejas. Mas nessa quinta (1), foi lançada uma empresa que deve redimensionar o conceito de mercado de nicho no Brasil.
Trata-se da primeira operadora de telefonia celular evangélica. A Mais AD, que pertence à Assembleia de Deus, utilizará uma rede virtual baseada na estrutura de antenas e satélites da rede Vivo.
A nova operadora deixa claro que seu alvo são os consumidores que professam a fé cristã. O material de divulgação afirma que o objetivo do projeto é “conectar ainda mais todos os cristãos. Principalmente com a Palavra de Nosso Senhor”. Ressalta ainda que oferecerá serviços “com conteúdos aprovados por líderes evangélicos”.
Os planos oferecidos incluem voz, dados e SMS, como as demais operadoras. Entre os diferenciais estão os aplicativos exclusivos, como o +Comunhão, +Louvor, +Aprendizado, +CPAD (da editora de mesmo nome) e jogos com temática evangélica. A página da internet destaca a imagem de José Wellington Bezerra da Costa (presidente da CGADB).
Como as demais operadoras, ligações e SMS entre usuários da Mais AD são ilimitados. Essa é aposta da empresa para fidelizar os cerca de 18 milhões de membros de suas quase 40 mil igrejas espalhadas pelo país.
Segundo o jornal Valor Econômico, a projeção é atrair 1,2 milhão de clientes no primeiro ano de operação vendendo chips por R$10.
O lançamento da Mais AD é uma parceria com a Movttel, empresa que conta com o executivo especializado em reestruturações empresariais Ricardo Knoepfelmacher, ex-presidente da Brasil Telecom, que mais tarde fundiu-se com a Oi. O diretor-geral será Raul Aguirre, com passagem pela operadora Virgin Mobile Latin America e também pela Oi.
Não foi revelado o montante investido pela igreja nem que percentagem ela detém e quanto pertence à Movttel. Também não se sabe de que maneira os lucros da empresa serão revertidos para fins de evangelização, motivação principal das igrejas evangélicas em todo o mundo.
Fonte: Gazeta do Povo
As melhores universidades do mundo foram fundadas por cristãos, sendo várias delas criadas como instituições com fins de educação religiosa. Esse fato é uma constatação empírica que vai contra a tese de que a fé religiosa seria um empecilho ao desenvolvimento da ciência.
Segue abaixo a lista das doze melhores universidades do mundo na atualidade, segundo os três principais rankings internacionais, junto com o país e o número de ganhadores do Prêmio Nobel vinculados a cada universidade [1,2].
As 12 melhores universidades do mundo
1 Harvard (EUA, 47 prêmios Nobel) Foto acima.
2 MIT (EUA, 78 prêmios Nobel)
3 Cambridge (Reino Unido, 89 prêmios nobel)
4 Caltech (EUA, 33 prêmios Nobel)
5 Oxford (Reino Unido, 48 prêmios Nobel)
6 Stanford (EUA, 27 prêmios Nobel)
7 Princeton (EUA, 36 prêmios Nobel)
8 Chicago (EUA, 87 prêmios Nobel)
9 Yale (EUA, 49 prêmios Nobel)
10 Columbia (EUA, 82 prêmios Nobel)
11 Berkeley (EUA, 51 prêmios Nobel)
12 Imperial College (Reino Unido, 15 prêmios Nobel)
Vejamos mais de perto as raízes religiosas dessas doze universidades.
Nove delas são americanas, estando seis localizadas na Costa Leste e três na Costa Oeste. As outras três são britânicas. As duas primeiras colocadas do ranking, Harvard e MIT, estão localizadas no estado de Massachusetts, fundado por colonizadores cristãos puritanos. A Universidade de Harvard foi criada em 1636 pelo governo de Massachusetts para a formação de pastores puritanos. É a universidade mais antiga dos EUA e seu primeiro financiador foi o pastor puritano John Harvard. Já o Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT foi idealizado e fundado em 1861 pelo cristão unitariano William Barton Rogers para o ensino tecnológico.
Oxford e Cambridge, localizadas na Inglaterra, estão entre as universidades mais antigas do mundo, que foram criadas como instituições vinculadas à Igreja Católica.
Oxford começou suas atividades no século XI dentro da igreja de St. Mary. Várias ordens religiosas católicas mantiveram as casas estudantis durante os primeiros séculos da instituição. O primeiro ‘college’ de Oxford foi fundado em 1249 por William de Durham, membro do clero católico. Oxford hoje está vinculada à Igreja Anglicana, e as igrejas de St. Mary e Christ Church são usadas pela universidade para cerimônias religiosas. Cambridge foi fundada em 1209 por estudantes católicos dissidentes de Oxford. Seu primeiro ‘college’ foi fundado em 1284 pelo bispo católico Hugo de Balsham. A terceira instituição inglesa do ranking é o Imperial College, originado de um seminário católico criado em 1447 pelo Cardeal John Kempe, Arcebispo de York, e no século XIX se tornou uma escola de agricultura integrante da Universidade de Londres.
No século XIX, foram criadas Caltech, Stanford e Berkeley, localizadas na Califórnia. O Instituto de Tecnologia da Califórnia – Caltech foi fundado em 1891 em Pasadena pelo cristão universalista Amos Throop, que também fundou uma igreja universalista na mesma cidade. O pastor James Tuttle foi o primeiro a comandar a instituição, que foi criada também com a intenção de proporcionar o ensino teológico. Já a Universidade de Stanford foi fundada em 1885 pelo casal protestante Leland e Jane Stanford. A Igreja Memorial de Stanford, onde são realizadas cerimônias religiosas, está localizada no centro do campus e a universidade possui um programa de estudos religiosos. A Universidade da Califórnia em Berkeley tem sua origem nos esforços dos pastores congregacionalistas Henry Durant e Samuel Willey. Eles fundaram em 1853 a Academia de Contra Costa, um colégio cristão secundário, que passou a ser uma instituição de educação superior em 1855. Mais tarde essa instituição se juntou a outras para formar a Universidade da Califórnia.
A Universidade de Princeton foi fundada em 1746 por sete presbiterianos liderados pelo pastor William Tennent, a partir do Log College, um seminário teológico presbiteriano criado em 1726 pelo próprio Tennent. A Universidade de Chicago foi fundada em 1856 como uma instituição de ensino batista que faliu e foi reerguida em 1890 pela Sociedade de Educação Batista Americana, com auxílio financeiro do magnata do petróleo John Rockefeller, um batista fervoroso.
A Universidade de Yale foi fundada em Connecticut em 1701 por um grupo de 10 pastores congregacionalistas liderados pelo pastor James Pierpont, para a formação de pastores. Seu primeiro reitor foi o Reverendo Abraham Pierson. A Universidade Columbia foi fundada em 1754 na cidade de Nova Iorque pelo Rei George II. Após calorosas discussões sobre qual deveria ser a afiliação religiosa da nova universidade, começou suas atividades dentro das instalações da Igreja da Trindade, em Manhattan, oficialmente afiliada à Igreja Anglicana, mas com liberdade religiosa para outras denominações cristãs.
[2] A compilação do número de laureados com o Prêmio Nobel vinculados a cada universidade está disponível no site:http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Nobel_laureates_by_university_affiliation
Fábio Bittencourt
A Igreja Protestante Alemã (EKD) pediu desculpas pela destruição generalizada de imagens religiosas durante a Reforma.
“A Igreja Protestante rejeita a destruição de imagens. As imagens há muito tempo se tornaram uma expressão da piedade protestante”, ressaltou a ‘bispa’ protestante Petra Bosse-Huber em um encontro de delegações do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e da EKD.
Os clérigos se reuniram em Hamburgo para discutir a palavra “imagem” a partir dos pontos de vista ortodoxo e protestante. O Patriarca Ecumênico Bartolomeu e o presidente da EKD, o bispo Heinrich Bedford-Strohm, enviaram saudações e bênçãos ao encontro de Hamburgo.
Destruir imagens foi mais comum no período posterior à Reforma. Na primeira metade do século XVI, as estátuas da Virgem Maria e dos santos, as janelas com vitrais, os órgãos e quaisquer outros objetos associados a milagres e ao sobrenatural foram removidos das igrejas católicas e das capelas de beira de estrada e, em muitos casos, destruídos. Particularmente a Suíça, Holanda, Inglaterra e o sul da Alemanha sofreram com isso.
No sul da cidade alemã de Ulm, em um chamado “Götzentag” (“Dia da idolatria”) em 1531, os defensores da Reforma que estavam convencidos de que os artefatos da igreja eram uma idolatria supersticiosa removeram à força 60 altares e órgãos da catedral.
Genebra testemunhou uma das ondas mais devastadores de quebra de imagens religiosas. Incitados por um grupo de teólogos protestantes, incluindo o próprio João Calvino, algumas das peças de arte cristã mais preciosas da cidade foram destruídos.
Christa Pongratz-Lippitt, publicada na revista The Tablet.
O pastor Penuel Tshepo, que se auto intitula “profeta”, é líder do ministério Discípulos do Final dos Tempos. Em sua igreja na cidade de Pretória, na África do Sul, ele já fez muitas coisas polêmicas, como ensinar as pessoas a tirar as roupas para que ele pudesse sentar sobre seus corpos nus para orar por elas por cura.
Novamente ele chamou atenção da imprensa por fazer algo bizarro no culto. Segundo o jornal inglês Metro ele está fazendo os fiéis engolirem cobras vivas. Mais estranho ainda é o fato de ele ensinar que elas se transformarão milagrosamente em chocolate em contato com a boca.
Em sua página no Facebook, Penuel justifica que tudo isso funciona por causa da fé dos seus seguidores. Seu ensino é que o crente possui “autoridade” para mudar qualquer coisa e isso acontece quando se aprende a exercer essa autoridade.
Existem várias fotos e depoimentos sobre a prática. “Eu fiz o que me mandaram. Comi e senti gosto de chocolate. Era diferente, mas era bom”, afirmou um fiel.
Outro membro da igreja, explica “Eu não tinha muita segurança da primeira vez, mas quando mordi a cobra, percebi que era o melhor chocolate que já havia comido”.
No Facebook, o texto que acompanha as fotos diz que é uma demonstração do poder de Deus e cita inclusive o versículo de Romanos 14:2 “Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais”.
O controverso Penuel já ensinou os membros de sua igreja a beber gasolina e comer pedaços de pano para serem abençoados. Esse tipo de prática parece ser popular em igrejas de Pretória.
Ano passado o pastor Lesego Daniel, do Ministério Centro Raboni, na mesma região, ficou mundialmente conhecido por ensinar os fiéis de sua congregação a comer grama por que, desta maneira, poderiam estar “mais perto de Deus”.
Meses depois, divulgou um vídeo onde pega uma garrafa contendo gasolina e ensina a congregação que, pela fé, o conteúdo da garrafa se transformaria em suco de abacaxi. Muitos fiéis aceitaram o desafio e beberam o líquido testificando que ocorrera uma transformação milagrosa.
Dentro da teologia existe uma área específica que estuda a propagação do evangelho e o avanço da igreja, chamada de missiologia. Uma das revistas especializadas neste estudo, o Boletim Internacional de Pesquisa Missionária (IBMR na sua sigla em Inglês) publica há 31 anos um levantamento das estatísticas religiosas em todo o mundo.
O cuidadoso trabalho é feito pelo prestigiado Seminário evangélico Teológico Gordon Conwell através do seu Centro Para Estudo do Cristianismo Global.
Os dados de 2015 indicam que a Igreja cristã está crescendo mais lentamente na Europa e América do Norte, mantendo a tendência de anos anteriores. Desde 1900, a Igreja na Europa testemunhou um aumento de 52,2%, chegando a 559.900.000 em 2015. No entanto, a população mundial cresceu 78% no mesmo período.
Por outro lado, a Igreja continua experimentado um crescimento dramático e explosivo na Ásia, na África e na América do Sul. Por exemplo, em 1900 havia menos de 9 milhões de cristãos africanos. Existem hoje mais de 541 milhões. Nos últimos 15 anos, a Igreja na África aumentou 51%.
De modo geral, o cristianismo se mantém como a maior religião do mundo, ao menos nominalmente. As estatísticas consideram como parte do cristianismo todos que assim se denominam, incluindo protestantes, católicos e ortodoxos.
Existem mais de 2,4 bilhões de cristãos em todo o mundo, pouco mais de um terço do total da população mundial. O Islã ocupa o segundo lugar, com 1,7 bilhão de fiéis. De acordo com este estudo, existem cerca de 136.400 mil ateus no mundo, ou 1,8% da população mundial.
A estudiosa Molly Wall explica: “De modo geral, o mundo está se tornando cada vez mais religioso, e lugares historicamente não religiosos (antigos países comunistas, especialmente a China) agora veem suas populações declarando-se religioso novamente e os números globais refletem essa mudança.”
O relatório anual faz projeções para o ano 2050 levando em conta as tendências atuais. Entre os dados levantados, confirma-se a tendência de concentração urbana nas chamadas megacidades (mais de um milhão de habitantes).
Também existem estudos específicos sobre a Igreja cristã, desde o número de templos até o número de Bíblias. No quesito “não evangelizadas” leva-se em conta a impossibilidade de uma pessoa ter contato com o evangelho a qualquer hora do dia seja ouvindo, lendo ou encontrando com um cristão.
Veja abaixo uma versão resumida do estudo. ( O Instituto é evangélico, por isso alguns dados são dessa realidade cristã)
Fonte: Gospel Prime
Em síntese: O protestantismo se apresenta hoje em dia sob centenas de modalidades, muitas vezes divergentes entre si. Todavia repousa sobre linhas básicas, devidas aos respectivos fundadores no século XVI: Lutero, Calvino, Melanchton, Knox… Essas linhas são:
1) a justificação pela fé sem as obras;
2) a Bíblia como única fonte de fé, sujeita ao “livre exame”;
3) a negação de intermediários entre Deus e o crente.
Estes princípios serão, a seguir, expostos e avaliados.
* * *
O protestantismo representa uma realidade assaz complexa, ou seja, o bloco de aproximadamente 400.000.000 de cristãos que não pertencem nem à Igreja Católica, cujo Pastor visível reside em Roma como sucessor do Apóstolo Pedro, nem às comunidades cristãs orientais (ortodoxa, nestoriana e monofisita), comunidades que se separaram do tronco primordial em etapas sucessivas desde o século V até o século XI.
O iniciador do movimento protestante é Martinho Lutero, que, a partir de 1517, quis reformar o Credo e as instituições cristãs, e por isto se afastou da Igreja dando início ao Luteranismo. Ao lado deste, enumeram-se:
– o Calvinismo (que absorveu o Zwinglianismo ou a reforma de Ulrich Zwingli em Zürich, Suíça), movimento afim ao de Lutero, empreendido por Calvino em Genebra, Suíça,– e o Anglicanismo, reforma semelhante oriunda na Inglaterra. Distinguem-se 1) a High Church, Alta Igreja, que conserva muitos elementos do Catolicismo e pretende ser a ponte entre Catolicismo e Protestantismo propriamente dito, e 2) a Low Church, Baixa Igreja, fortemente impregnada de princípios doutrinários do Protestantismo. Os anglicanos mais radicais emigraram para os Estados Unidos onde têm dado origem a novas e novas divisões.
Estas três denominações (Luteranismo, Calvinismo e Anglicanismo) representam o que se pode chamar “Igrejas protestantes tradicionais”, todas iniciadas no séc. XVI (os Anglicanos nem sempre aceitam a designação de “protestantes”, embora, por seus princípios doutrinários, se filiem ao Protestantismo).
Destes três grandes troncos do Protestantismo derivaram-se centenas de sociedades menores, são reformas da reforma, dissidências da dissidência: metodistas, batistas, congregacionais, quakers, Ciência Cristã, Mórmons, Adventistas, Testemunhas de Jeová…
Esses múltiplos grupos protestantes autônomos professam credos diferentes, chegando alguns a negar a própria Divindade de Cristo; o liberalismo doutrinário predomina entre eles. Contudo podem-se enunciar três grandes teses como características dos diversos tipos de Protestantismo: 1) a justificação pela fé sem as obras; 2) a Bíblia como única fonte de fé, interpretada segundo o “livre exame”; 3) a negação de intermediários entre Deus e o crente.
1. TRÊS PONTOS CAPITAIS
a) A justificação pela fé sem as obras
Lutero considerava esta tese como central dentro da sua Teologia: “artigo do qual nada se poderá subtrair, ainda que o céu e a terra venham a desmoronar” (Artigos de Schmakalde, 1537).
Qual o significado de tal proposição e donde lhe vem a sua importância no Protestantismo?
A resposta não é difícil; deriva-se da situação psicológica em que o reformador se achou em certa fase de sua vida. Lutero fez-se frade agostiniano, mais movido pelo medo (tendo escapado à fulminação por um raio, prometeu entrar no convento) do que por autêntica vocação. No claustro, experimentou a concupiscência, à qual opôs penitência e ascese. Sentindo, porém, continuamente as más tendências em sua natureza, entrou em angustiosa crise: queria libertar-se da concupiscência, mas não o conseguia… Um belo dia julgou ter encontrado a solução: apelando para São Paulo (principalmente para a epístola aos Romanos), começou a ensinar que a concupiscência é realmente invencível; por conseguinte é inútil procurar dominá-la mediante penitência e boas obras. Nem Deus requer isto do homem; basta aceitar Cristo como Salvador, isto é, crer com confiança que Deus Pai, em vista dos méritos de Jesus, não leva em conta os pecados do indivíduo; a fé confiante (“fiducial”), independentemente de boas obras, faz que Deus nos recubra com o manto dos méritos de Cristo, declarando-nos justos. Tal declaração é meramente jurídica ou extrínseca, não afeta o interior da natureza humana; esta, mesmo depois de “justificada”, nada pode fazer para obter a salvação eterna, pois se acha como que aniquilada pelo pecado, reduzida à categoria de instrumento inerte nas mãos de Deus ou de serra nas mãos do carpinteiro (assim se formula a famosa tese do “servo arbítrio” de Lutero).
Neste quadro de idéias, vê-se que não se pode falar de cooperação do homem com a graça de Deus, nem de méritos. Lutero e Calvino reconheciam que a caridade nasce da fé, como a maçã provém da macieira, mas (acrescentavam) não são a caridade e suas obras que importam (ou ao menos… que importam em primeiro lugar); o crente pode estar certo da salvação eterna em qualquer fase da sua vida, desde que mantenha a sua fé confiante. Donde o famoso adágio de Lutero: “Pecco fortiter, sed fortius credo. – Peco intensamente, mas ainda mais intensamente creio” (carta a Melanchton, 1s de agosto de 1521); com estas palavras, o reformador não recomendava o pecado, mas queria dizer que a simples confiança no Salvador ainda tem mais peso no processo de salvação do que a culpa do homem. Calvino, do qual muito se inspiraram os presbiterianos e batistas, acentuou ao extremo estas idéias, afirmando que Deus predestina infalivelmente para a salvação eterna, de sorte que, se o homem não perde a sua fé, pode ter certeza de que chegará à bem-aventurança celeste (donde se deriva para o crente um grande reconforto).
b) A Bíblia, única fonte de fé, sujeita ao “livre exame”
A inovadora tese da justificação pela fé fiducial encontrou fundamento numa revisão nas fontes da Revelação cristã. Estas são a Palavra de Deus, que nos vem por dois canais: a Escritura Sagrada e a Tradição oral apregoada pelo magistério da Igreja. Resolveram, pois, rejeitar a Tradição ou o magistério, para só dar crédito à Palavra escrita ou à Bíblia. Esta, para o protestante, tudo contém; é, por si mesma, clara em tudo que concerne à salvação eterna.
Calvino se exprime a respeito em termos muito fortes:
“Quanto à objeção que os católicos nos fazem, perguntando-nos de quem, donde e como temos a convicção de que a Escritura provém de Deus, é semelhante à questão de quem quisesse saber como aprendemos a distinguir a luz das trevas, o branco do negro, o doce do amargo. A Escritura, com efeito, tem seu modo de se manifestar, modo tão notório e seguro que se compara à maneira como as coisas brancas e negras manifestam sua cor e as coisas doces e amargas manifestam o seu sabor” (Institution Chrétienne 17§ 3).
Para ajudar a pessoa a ler e entender a Bíblia, o Espírito Santo dá seu testemunho interior, iluminando a mente e dirigindo o coração. Em conseqüência, cada crente tem o direito de “deduzir” da Bíblia as verdades que ele, em seu bom senso, julgue haverem sido a ele ensinadas pelo Espírito Santo.
Assim o Protestantismo atribui ao indivíduo uma prerrogativa que ele nega à Igreja visível e hierárquica: esta pode errar no seu ensinamento, corrompendo o depósito da fé (apesar das promessas de Cristo, seu Fundador); toca, por conseguinte, a cada cristão, guiado pelo Espírito Santo, encontrar de novo a Palavra de Deus perdida pela Igreja…
A reação do crente protestante contra o magistério eclesiástico é, aliás, típica expressão da mentalidade da Renascença: no séc. XVI o homem criou, sim, uma consciência nova dentro de si, tendente a pôr em xeque qualquer tipo de autoridade, para mais exaltar o indivíduo. “O que rejeito,absolutamente, é a autoridade”, escrevia Alexandre Vinet (1797-1847), chefe do movimento dito “da Igreja Livre” na Suíça ocidental calvinista. O Evangelho, para Lutero, devia ser não somente uma escola de obrigações, mas também uma via de libertações (entre as quais, a libertação frente à autoridade religiosa visível).
c) A negação de intermediários entre Deus e o crente
O Protestantismo dá valor decisivo à atitude do indivíduo diante de Deus; segundo a teologia reformada, é a fé subjetiva nos méritos de Cristo que garante a salvação. Em conseqüência, pouca margem aí resta para se conceberem dons de Deus que permaneçam extrínsecos ao indivíduo e a este comuniquem os méritos do Salvador. Em outros termos: não têm cabimento canais transmissores da graça, como sejam ritos e práticas a serem administrados por uma sociedade visível (a Igreja) e por uma hierarquia de ministros oficialmente instituída. Para o protestante, entre o homem justificado pela fé e Deus, não há Sacerdote senão o Senhor Jesus invisível, que está nos céus (a prolongação da Encarnação através da Igreja e dos sacramentos é depreciada): também não há outro Mestre senão o Espírito Santo, que fala nas Escrituras e no íntimo de cada crente, sem se servir de algum magistério visível e objetivo.
Note-se, em particular, a repercussão destas idéias nos conceitos de sacramento e Igreja.
O número dos sacramentos foi notavelmente diminuído pelos doutores do Protestantismo. Dentre os sete tradicionais, Calvino chegou a admitir dois apenas: o Batismo e a Ceia. Quanto à função dos sacramentos, os reformadores nos diriam que estes não são portadores da graça, mas apenas sinais que, lembrando as promessas da benevolência divina, excitam a fé (ou confiança) nessas promessas; estimulada por tais sinais, é a fé que produz a santificação do crente. Os sacramentos portanto não exercem, como se diz em linguagem teológica, causalidade nem física nem moral no processo de santificação; a sua influência fica limitada ao setor psicológico (recordam a palavra de Deus…).
No Calvinismo, torna-se mesmo impossível que a graça esteja associada a algum sinal objetivo, pois ela só é dada aos predestinados; a quem não pertença ao número destes, não adianta recorrer a algum rito sensível. Lutero, um pouco menos inovador neste ponto, afirmava que o Batismo confere a santidade, mas só o faz mediante a fé: “Não o sacramento, mas a fé no sacramento é que justifica. – Non sacramentum, sed fides in sacramento iustificat”, escrevia o reformador ao Cardeal Caetano. O Zwinglianismo empalidecia ainda mais o papel dos sacramentos, reduzindo-os a meros testemunhos da fé capazes de unir os homens entre si: pelos sacramentos, ensinava Zwingli, o crente atesta e comprova à Igreja a sua fé, sem que da Igreja receba sequer o selo ou a comprovação da fé.
A prevalência do indivíduo sobre a coletividade se exprime com não menor clareza no conceito protestante de Igreja. Esta, conforme os reformadores, não é um corpo visível, mas sociedade invisível; só uma coisa impede que alguém a ela pertença: o pecado. Quem não se deixa contaminar por este, torna-se membro da igreja, independentemente dos quadros externos nos quais os crentes professam a sua fé. Em geral, dizem os protestantes que a Igreja visível se corrompeu e extinguiu no séc. IV, sob o Imperador Constantino, dada a colaboração do Estado e da Igreja, pois então se introduziram nos mais íntimos redutos do Cristianismo doutrinas e costumes pagãos. Subsiste, porém, a Igreja invisível, a qual continua a vida da comunidade primitiva de Jerusalém. Ora seria essa Igreja invisível que vai tomando corpo nas denominações protestantes a partir do séc. XVI…
Se agora se pergunta como é governada a Igreja invisível, toca-se uma questão árdua para o Protestantismo: este, de um lado, rejeita o Papado e, de outro lado, afirma que todos os fiéis são sacerdotes. Em conseqüência, não restam critérios muito seguros para se constituir o governo da Igreja… Donde a multiplicidade de soluções: há denominações protestantes dirigidas por seus “bispos” (tais são o epíscopalismo anglicano, o metodismo…), bispos, porém, que são mais mentores dos crentes do que sacerdotes ou ministros dos meios de santificação; há-as também dirigidas por presbíteros (o presbiterianismo, por exemplo), e há as dirigidas por meros delegados da coletividade ou da congregação (congregacionalismo, que reproduz o sistema democrático no setor religioso). Vários grupos protestantes não concebem mesmo dificuldade em admitir a autoridade mais ou menos absoluta dos governos civis, no que diz respeito à vida temporal da Igreja (o que resulta em secularização da face visível do Cristianismo).
Expostas sumariamente as três características da teologia protestante, incumbe-nos agora analisar o seu significado.
2. Qual a visão católica a respeito dessas posições protestantes?
a) A justificação pela fé sem as obras
Não há dúvida, a Escritura ensina que a remissão dos pecados é gratuitamente outorgada aos homens pelos méritos de Jesus Cristo (cf. Rm 5,8s); o homem não pode merecer o perdão, mas tem que o aceitar contritamente, crendo no amor de Deus e entregando-se humilde a esse amor. Contudo a Escritura ensina outrossim que o perdão concedido por Deus não é mera fórmula jurídica em virtude da qual não nos seria mais levado em conta o pecado, pecado que, apesar de tudo, ficaria inamovível a contaminar a alma. Não; justificação, segundo as Escrituras, é regeneração (cf. Jo 3,3.5; Tt 3,5), elevação à dignidade de filhos de Deus não nominais apenas, mas reais (cf. 1 Jo 3,1), de modo a nos tornarmos consortes da natureza divina (cf. 2Pd 1,4), capazes de produzir atos que imitem a santidade do Pai Celeste (cf. Mt 5,48). Se, por conseguinte, Deus, ao nos perdoar as faltas, nos concede uma nova natureza, está claro, conforme as Escrituras mesmas, que as obras boas que estejam ao alcance desta nova natureza, devem pertencer ao programa de santificação do cristão; elas se tornam condição indispensável para que alguém consiga a vida eterna. Deus não pode deixar de exigir tais obras depois de nos haver concedido o princípio capaz de as produzir.
É óbvio que essas obras boas não constituem o pagamento dado pelo homem em troca da graça de Deus, nem são algo que a criatura efetue independentemente dos méritos de Cristo Salvador, mas são os frutos necessários da ação de Deus (ou da graça) no homem regenerado, são concretizações dos méritos do Salvador; na verdade, é Cristo quem vive no cristão e neste exerce seu influxo vital, como a cabeça nos seus membros e como o tronco da videira nos seus ramos (cf. Gl 2,20; Jo 15,1s).
São Paulo, na epístola dos Romanos, tanto inculca a justificação pela fé sem as obras, porque tem em vista a primeira conversão ou a conversão do pecador a Deus (claro está que esta não pode ser o resultado de obras meritórias prévias). São Tiago, porém, que visa propriamente ao desabrochar da vida cristã após a conversão, inculca fortemente a necessidade das boas obras (por isto a epístola de Tiago muito desagradava a Lutero, que quis negar a sua canonicidade).
Quanto à concupiscência que permanece no cristão por toda a vida, ela não constitui pecado enquanto o indivíduo não lhe dá consentimento; por muito intensa que seja, a graça do Redentor é certamente capaz de triunfar sobre ela. O fato de que a Escritura a chama “pecado” (cf. Rm 7,20), explica-se por estar a concupiscência intimamente ligada ao pecado como conseqüência deste.
De resto, na vida cotidiana os protestantes valorizam altamente as boas obras; falam então linguagem muito semelhante à dos católicos.
b) A Bíblia e o livre exame
Visto que a S. Escritura teve origem após a pregação oral e como eco da pregação oral dos Profetas e dos Apóstolos, entende-se que a Tradição (transmissão) oral seja necessário critério de interpretação da Bíblia Sagrada. O valor da Tradição se explica pelo fato de que a Revelação oral antecedeu a redação das Escrituras nem foi, por inteiro, consignada nos livros sagrados (os autores sagrados nunca tiveram a intenção de confeccionar um manual completo dos ensinamentos revelados; ver Jo 20,30s; 21,24s); donde se vê quão alheio é ao espírito mesmo da Bíblia interpretá-la independentemente da corrente de doutrinas dentro da qual a Escritura se originou, se conservou e sempre se transmitiu.
Ao que foi dito ainda se pode acrescentar a menção de algumas conseqüências do princípio do livre exame (é pelos frutos que se conhece a árvore!).
Os próprios reformadores e seus discípulos, desejando exaltar a autoridade das Escrituras, tornaram-se deturpadores da Palavra de Deus. Foi, sim, em nome do Antigo Testamento que Lutero permitiu a bigamia a Filipe de Hessen. É em nome das Escrituras que os fundadores de seitas vão ensinando teses fantasistas e contraditórias sobre a data do fim do mundo (tenham-se em vista os Adventistas, as Testemunhas de Jeová, alguns grupos pentecostais). Em nome do livre exame da Bíblia os críticos protestantes têm rejeitado inteiras seções ou até livros escriturísticos; chegam a negar a Divindade de Cristo (o primeiro autor que negou a plena veracidade dos Evangelhos foi o protestante H. S. Reimarusf 1768).
De resto, verifica-se que as comunidades de crentes, tendo abandonado a venerável Tradição transmitida desde os inícios do Cristianismo, ainda, e apesar de tudo, seguem uma tradição,… tradição evidentemente humana, a que deu início tal ou tal fundador de seita. Criou-se em cada denominação de “reformados” uma tradição particular ou uma via própria de interpretação da Bíblia.
É a rejeição de todo magistério munido da autoridade do próprio Deus que gera instabilidade nas comunidades protestantes, ocasionando a criação de novas e novas denominações. A razão destas múltipas reformas não será o fato de que nenhuma delas é realmente guiada pelo Espírito Santo, mas todas são obra meramente humana? Aliás o próprio Lutero já verificava em seus tempos: “Há tantos credos quantas cabeças há”.
Alexandre Vinet, já citado, afirmava, por sua vez, no século passado:
“Para mim, o Protestantismo é apenas um ponto de partida; a religião fica muito além dele… A reforma será uma exigência permanente dentro da Igreja; ainda hoje a reforma está por se fazer”.
A experiência de 400 anos mostrou que se volta contra os próprios irmãos separados o princípio com que estes quiseram outrora impugnar os católicos: “Mais vale obedecer a Deus do que aos homens” (At 5,29).
c) A negação de intermediários entre Deus e o crente
Esta posição acarreta, como dizíamos, a negação de várias instituições que se tornaram clássicas no Cristianismo: os sacramentos concebidos como canais da graça, a intercessão dos Santos, o sacerdócio oficial e hierárquico, a visibilidade da Igreja, etc.
Seguem-se três observações aptas a mais evidenciar o erro radical contido no princípio protestante:
a) a rejeição dos sacramentos e do sacerdócio hierárquico contradiz à lei geral que Deus sempre quis observar nas suas relações com o homem: assim como na plenitude dos tempos o Senhor atingiu a criatura mediante o mistério da Encarnação, assim antes e depois desta Ele veio e vem sob sinais sensíveis; principalmente no Novo Testamento a dispensação das graças conserva a estrutura da Encarnação: os sacramentos e sacramentais são matéria consagrada que prolonga e desdobra a estrutura do Verbo Encarnado. Como o corpo de Jesus recebeu outrora a vida divina e a comunicou aos homens seus contemporâneos, assim os elementos corpóreos (água, pão, vinho, óleo, palavras e gestos do homem…) vêm a ser, nos sacramentos, os canais que contêm e transmitem a graça de Deus; não os poderíamos reduzir à categoria de meros estimulantes da memória, vazios de conteúdo sobrenatural, sem quebrar a harmonia do plano da salvação.
b) Nos desígnios de Deus, a santificação do homem sempre foi concebida comunitariamente, em oposição a qualquer individualismo. O Criador houve por bem, no início da história, incluir todos os homens no primeiro Adão; quis outrossim restaurar todos conjuntamente em Cristo; conseqüentemente santifica-nos hoje por meio de uma comunidade, que é a Igreja, caracterizada por sinais objetivos e por um ministério visível, fora do qual ninguém pode pretender encontrar o Cristo. – Exaltando o indivíduo a ponto de relegar para plano secundário a comunidade, o Protestantismo vem a ser autêntico produto da mentalidade subjetivista e antropocêntrica do Renascimento.
c) A Reforma pretende corresponder à Igreja primitiva, anterior à corrupção que “paganizou” o Evangelho… Esta pretensão é tão vã que os mestres protestantes se têm visto obrigados a fazer recuar constantemente o período da “grande corrupção”: ao passo que os primeiros reformadores a colocavam no séc. IV, outros foram retrocedendo até os tempos de S. Cipriano (+ 258), S. Ireneu (+ cerca de 202), Clemente Romano (+ 102?) ou até a geração apostólica. O famoso crítico Harnack (+ 1930) chegava a dizer que já os Apóstolos perverteram o Evangelho de Cristo – o que é evidentemente absurdo, pois não conhecemos o Evangelho de Cristo senão através da pregação e dos escritos dos Apóstolos; Harnack, porém, era obrigado a proferir tal contra-senso, porque reconhecia claramente que a Igreja Católica atual corresponde fielmente à Igreja primitiva ou, como dizia ele, que “Cristianismo, Catolicismo e Romanismo constituem uma identidade histórica perfeita” (Theologische Literaturzeitung, 16 jan. 1909).
Fonte: Revista Pergunte e Responderemos
http://www.pr.gonet.biz/per-verit-big.php?nrev=397