Zenit

A Associação Internacional de Jornalistas de Religião (AIJR), que foi apresentada na sede romana da Associação da Imprensa Estrangeira na Itália, tem como finalidade dar o apoio necessário para promover um jornalismo objetivo e completo, que vá além dos preconceitos e das discriminações de quem se ocupa da informação sobre religião e espiritualidade.

A AIJR foi oficialmente criada no último mês de março no centro da Fundação Rockfeller-Belagio e já conta com quase 400 jornalistas de 90 países, após dois anos de preparação.

“Podem pertencer à AIJR os profissionais que se ocupam da informação religiosa, qualquer que seja o seu credo religioso. A AIJR não é confessional: tem católicos, muçulmanos, judeus e até pessoas que não acreditam”, observou a jornalista Maria-Paz López durante a apresentação.

“O importante é trabalhar com rigor profissional e formar uma rede, intercambiar informação e reforçar o trabalho dos membros”.

“O jornalismo que se ocupa de religião requer muita responsabilidade, porque a boa informação reduz a discriminação e promove o diálogo e a paz. Já um jornalismo mal feito favorece a discriminação e a perseguição e pode causar vítimas e danos contra milhões de pessoas”, prossegue Maria-Paz López, recordando a própria experiência como correspondente em Roma para o jornal espanhol La Vanguardia.

“É importante também compartilhar recursos. Se eu tenho que viajar para um determinado país para fazer uma reportagem, sei que tenho colegas que podem me dar telefones e ajudar a procurar a pessoa indicada. E se um dia algum deles for à Espanha, eu posso colocá-los em contato com tal bispo, porque tenho um canal direto. Esses recursos vão ser compartilhados entre os sócios. A inscrição é gratuita e pode ser feita diretamente no site da associação”.

“A AIJR oferece também estatísticas sobre a religião em diversos países, sobre as leis nacionais, conflitos étnicos e religiosos e diversos aspectos das religiões tradicionais.

O site é o www.theiarj.org, que em breve terá até uma página em árabe”, adianta López.

O diretor executivo da associação é David Briggs, jornalista com 25 anos de experiência no setor, inclusive na agência de notícias AP. O comitê diretivo é formado por jornalistas dos cinco continentes

“Acho que a chamada “neutralidade” em estudos da religião não passa de um preconceito contra a fé religiosa, porque em ciências humanas a neutralidade não é um pressuposto universalmente cobrado em todos os campos de pesquisa”, escreve Luiz Felipe Pondé, professor de Filosofia, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo.

Segundo Pondé, “acho mais interessante ir logo a questões mais pragmáticas e perguntar: “Por que as pessoas querem estudar religião em vez de simplesmente viver suas religiões em seus templos e fé cotidiana?”

Eis o artigo.

Você estuda religião? Aposto que, se sua resposta for “sim”, a causa é uma das hipóteses abaixo. Somos previsíveis como ratos de laboratórios.

Estudar religião cientificamente seria estudá-la sem fins religiosos, ou seja, “de modo objetivo”: via neurologia, sociologia, antropologia, psicologia, história, filosofia.

Trocando em miúdos, estudar religião cientificamente é estudá-la sem fins “lucrativos” para a própria fé do estudioso. Neste sentido, o melhor seria um ateu estudar Deus ou um cristão estudar budismo, porque assim não “lucrariam” com seus objetos de estudo.

Duvido profundamente deste pressuposto.
Não porque seja impossível em si nem porque neutralidade em ciência seja algo absurdo. Trabalhar com ciência não é fruto de amor ao conhecimento, mas sim um modo de ganhar a vida muitas vezes menos competitivo do que o mercado de profissionais autônomos ou das grandes corporações.

Julgo esse problema da neutralidade do conhecimento científico tão improdutivo quanto se perguntar como faziam os últimos medievais, se Deus poderia criar uma pedra que Ele mesmo não poderia carregar – já que Ele seria onipotente e, portanto, poderia criar qualquer coisa. Mas, sendo Ele onipotente, como poderia existir uma pedra que Ele mesmo não poderia carregar?

Como você vê, trata-se de uma pergunta “podre” no sentido de ser simples perda de tempo. Um beco sem saída.

Acho que a chamada “neutralidade” em estudos da religião não passa de um preconceito contra a fé religiosa, porque em ciências humanas a neutralidade não é um pressuposto universalmente cobrado em todos os campos de pesquisa.

Por exemplo, quando mulheres estudam “opressão feminina”, não estariam elas sob suspeita, uma vez que são mulheres e, portanto, suspeitas em “lucrar” com os ganhos do próprio estudo? Ou, quando gays estudam “opressão contra os gays”, não estariam eles também sob suspeita, na medida em que eles, gays, também “lucrariam” com o estudo de seu próprio caso?

Ou mesmo ateus estudando Deus não estariam sob suspeita de quererem desconstruir a fé a fim de desvalorizá-la?

Por isso acho mais interessante ir logo a questões mais pragmáticas e perguntar: “Por que as pessoas querem estudar religião em vez de simplesmente viver suas religiões em seus templos e fé cotidiana?”.

Proponho as seguintes hipóteses.

1. Pessoas buscam a universidade ou instituições afins para estudar religião porque têm inquietações “espirituais”, mas se acham “cultas e bem (in)formadas” e estão um tanto de saco cheio das “igrejas” (no sentido de religiões institucionais) que existem no mercado. Ou mesmo porque sentem vergonha de serem religiosas “oficialmente” e, por isso, preferem estudar religião a praticar religião.


2. Porque odeiam religião por conta de traumas infantis familiares ou escolares ou por algum grande sofrimento que gerou algum tipo de “revolta contra Deus”. Normalmente essas pessoas querem acabar com a religião.

3. Razões ideológicas: religião aliena (marxistas), oprime mulheres e gays, condena o sexo. Ou seja: querem um mundo sem religião ou com religiões simpáticas a suas ideologias.

4. Para abrir uma igreja, ganhar dinheiro ou poder político.

5. Para tornar sua vivência religiosa mais “culta e bem informada” e “modernizar” sua vida religiosa cotidiana, como em questões relacionadas à ciência ou à ética.

6. Por diletantismo sofisticado movido por inquietações existenciais e/ou filosóficas.

7. Porque pertenceram ao clero de alguma religião e só sabem ganhar a vida com temas relacionados à religião.

8. Para usar o conhecimento em recursos humanos nas empresas.

9. Geopolítica internacional: fundamentalismos, multiculturalismos, comércio exterior.

10. Porque é professor e o ensino religioso é um mercado em expansão, além de que, se for egresso de classes sociais inferiores (o que é muito comum), títulos acadêmicos costumam ser uma ferramenta razoável de status e aumento na renda.

Resumo da ópera: dinheiro, status, angústia existencial, fé, política, opção profissional à mão ou simplesmente falta de opção.


Em síntese: Richard Dawkins critica a religião considerando caricaturas da mesma ou crendices, superstições, magia… quer extinguir as religiões e acabar com a fé no mundo inteiro. Um colega, porém, Alstaír Mc Grat, ex-ateu que se tornou religioso, observa que Dawkins se refere a falsas imagens da Religião, não podendo portanto sustentar-se a posição de Dawkins. O ato de fé é o ato mais nobre que o homem possaefetuar.


A revista SUPERINTERESSANTE de agosto 2007 publicou uma reportagem sobre o zoólogo norte-americano Richard Dawkins, o aiatolá dos ateus, que afirmava: “Meu grande sonho é a destruição completa das Religiões” e “A pior coisa das religiões é a ideia de fé”. Essas acusações se baseiam em caricaturas da Religião e crendices supersticiosas, que vêm expostas logo no início da reportagem e que aqui serão em parte transcritas:


“João reza todos os dias diante de uma Chaleira de porcelana que está no céu em órbita entre a Terra e Marte. Ele só namora moças que também acreditam na Chaleira e nunca usa camisas verdes, pois isto é uma grande ofensa ao Todo-Poderoso.

Ricardo, vizinho de João, acredita que o mundo foi criado por um gigantesco monstro voador feito espaguete. Todo mês se encontra com um grupo de espagueteiros para cantar músicas sobre como o monstro é bacana. Um belo dia, depois do café da manhã (sem pão, pois sua religião proíbe comer pão e comidas feitas com farinha), Renato veste uma camisa verde e sai para trabalhar. Ao encontrar-se com ele, João fica muito chateado com sua roupa… Ricardo promete que vai usar camisa verde menos vezes” (p. 86).


Ora inegavelmente qualquer pessoa autenticamente religiosa repudia tal caricatura da Religião, mas nem por isto cai no ateísmo.


Vejamos, pois, o que é a fé e o que é a Religião.

1. A Fé: que é?


Responderemos por três etapas.

1) A Fé é um ato da inteligência; portanto não é um sentimento vago, mas é expressão da mais nobre faculdade que o homem tem: o intelecto,que tenta aplicar-se ao objeto mais nobre que possa ser concebido, ou seja, a Deus.

2) Esse ato do intelecto é movido pela vontade, pois o objeto da fé transcende os limites do intelecto humano (a verdade é mais ampla do que o alcance do nosso intelecto). Sendo assim, o objeto da fé não obriga a um assentimento, não é tão evidente que force a adesão de quem o contempla. A vontade, portanto, deve mover o intelecto para que diga Sim ou Não.

3) A vontade, porém, só move o intelecto depois do exame das credenciais sobre as quais se apoia cada proposição de fé. Cabe então ao intelecto humano averiguar as razões em virtude das quais o indivíduo pode e deve crer (): estude o Evangelho, a história, a paleografia… e chegue eventualmente à conclusão: “Não é absurdo crer; não é infantilismo ter fé”. Há razões suficientemente fortes para que o homem diga Sim ao objeto de fé, sem trair sua dignidade de homem adulto.

4) Portanto o homem crê inteligentemente. E a própria razão sadiamente crítica que aponta o caminho da fé. Assim evitam-se as superstições e crendices que não resistem ao crivo da razão.


Esse assentimento dado ao Transcendental corresponde às mais íntimas aspirações do ser humano, que sabe ser ele pequeno demais para bastar a si. Todo ser humano é uma demanda ansiosa de Vida plena, de Amor sem traição de Verdade sem erro… E crê inteligente e razoavelmente que tais objetivos não serão frustrados, pois ele estudou a temática com a sua razão. Extirpar a fé de um homem ou de uma população é retirar-lhe um dos mais fortes esteios de sua vida, é condená-lo a só conhecer o que é passageiro e ilusório, como se verifica no caso de muitos ateus ().


A vida presente, com suas lacunas e frustrações, pede uma outra vida, em que os valores conculcados no presente serão devidamente reabilitados.


Se a fé tem por objeto algo não evidente por si mesmo, ela é um ato livre. Pode ser traída e rejeitada, como acontece nos casos em que as paixões predominam sobre o intelecto e a vontade. Daí haver falsas expressões da fé, que causam escândalo aos não crentes, mas que não são autênticos gestos de fé.


Aliás o senso de justiça obriga a lembrar os grandes benefícios que a Religião proporcionou à humanidade.


2. Religião: valores


1. É fato evidente que a Religião suscitou elevado número de homens e mulheres que se doaram aos irmãos e irmãs mais necessitados, fundando escolas, hospitais, asilos e outras obras de caridade. Durante séculos estas também ficavam a cargo exclusivo dos religiosos.

Foi a Religião que evangelizou os povos bárbaros e os habilitou a construírem o cenário europeu, que está na vanguarda do progresso humano.

Nos primórdios da civilização a religião desenvolveu importante papel, estimulando o homem a descobrir os valores da natureza que redundariam em tipo de vida mais confortável.


3. Religião elemento propulsor


Longe de se prender à ignorância e à covardia, a Religião tem sido sempre poderoso estímulo da cultura: verifica-se que as grandes conquistas da civilização no decorrer dos séculos foram empreendidas primeiramente por interesses religiosos. Para ilustrar isto, os geógrafos apontam longa série de instituições culturais que a Religião inspirou ou, ao menos, fomentou pujantemente:


a) A casa. O domicílio do homem difere do ninho ou do antro do animal irracional não só por sua complexidade, mas principalmente por ser em seus primórdios um santuário religioso. Com efeito, o tipo característico da casa entre os romanos, por exemplo, se deve ao culto do fogo sagrado, fogo junto ao qual residiam os deuses Lares e Penates; para defender dos profanos o fogo santo, os homens construíram em torno dele um enquadramento, no qual aos poucos conceberam a ideia de estabelecer sua própria residência.

Algo de semelhante se deu entre os gregos, os quais diziam que o fogo havia ensinado os homens a construir seu domicílio. O fogo parece ter entrado nas casas em geral primeiramente a título religioso; só posteriormente foi dentro de casa utilizado para fins domésticos (aquecer, cozinhar…); ainda há tribos antigas que deixam a cozinha com o seu fogo fora de casa, só introduzindo no domicílio o fogo de caráter religioso. Numerosos são os vestígios de crenças religiosas na arquitetura e na localização das casas, na disposição de portas, janelas e poços, entre os diversos povos.


b) As cidades. Também a formação e a configuração das cidades foram fortemente inspiradas por motivos religiosos. Era em torno de um templo ou de um recinto de culto que se ia aglomerando a população de uma região, dando assim origem a uma aldeia ou cidade; Enéias, por exemplo, fundou a cidade de Lavinium, levando para o santuário do mesmo nome os deuses de Tróia; na Idade Média era em torno de uma igreja situada no alto de uma colina, ou em torno de um mosteiro, que frequentemente se fundavam as cidades (tenham-se em vista os nomes compostos com moutier, mosteiro: Romainmoutier, Moyenmoutier, Noirmoutier…; em alemão Münster…).


Observe-se também que desde cedo se foram construindo cidades entre os egípcios, os mesopotâmios, os cretenses, porque a religião lhes favorecia; julgavam que os deuses queriam cidades; as grandes cidades gregas nasceram em período de efervescência religiosa. Ao contrário, os germanos, os celtas, os albaneses só tardiamente conheceram cidades, porque a sua sabedoria religiosa não as fomentava; foram não raro estrangeiros que entre eles fundaram as cidades.


c) A agricultura. Foi também muito estimulada por concepções religiosas, que atribuíam a certas plantas um valor sagrado ou uma função qualquer no culto. Tal foi o caso da figueira, que na índia traz o nome defícus religiosa; os gregos diziam que o figo era símbolo de iniciação a melhor vida. A oliveira gozou de semelhante estima. O ópio, ao contrário, sendo proibido pelo budismo e o islamismo, é cultivado com estranha irregularidade no Oriente.


d) Os animais. Também não poucos animais têm recebido veneração religiosa. Em vários casos a passagem do animal selvagem para o estado de animal doméstico se fez mediante o estado de animal sagrado. O elefante, por exemplo, antes de ser animal doméstico, era animal sagrado na índia. No antigo Egito, os gatos sagrados eram numerosíssimos (descobriram-se milhares de múmias desse felino); julga-se com probabilidade que foram domesticados por constituírem objeto de culto religioso. Outros animais entraram no convívio do homem, a fim de honrarem a Divindade pela sua beleza; assim a íbis, no Egito; o pavão, na índia; o gamo, no Japão.


e) A indústria. Não menos profunda é a influência benéfica da Religião no desenvolvimento da indústria. A fabricação de laticínios, por exemplo, está em grande parte a serviço do culto no Oriente; nos templos do Tibete centenas de lamparinas ardem dia e noite, alimentadas por manteiga; os “lamas” têm o rosto, as pernas e as mãos untados com manteiga. A fabricação do papel e do livro têm dependido muito das necessidades do culto e da piedade; o mesmo se dá com os têxteis e a metalurgia.


f) O comércio. Está claro que as aglomerações vultosas de fiéis motivadas pela religião acarretam intensificação benéfica do comércio; as primeiras moedas eram objetos estimados por seu caráter ritual ou seu valor religioso. A contabilidade dos bancos e escritórios tem suas origens nos templos da Mesopotâmia, onde os sacerdotes, movidos por respeito sagrado, faziam o inventário de tudo que dizia respeito ao culto e ao sustento do templo.


g) Os transportes, as vias e as pontes devem grande parte do seu incremento ao fervor religioso de peregrinos e missionários. Não raro a afluência a determinado santuário provocou a abertura de estradas, assim como a multiplicação e o aperfeiçoamento de veículos. – Em particular, as pontes têm sido obras de sacerdotes ou de pessoas dedicadas a Deus. Com efeito, os romanos pagãos, por exemplo, julgando que os rios tinham algo de  agrado, reservavam a construção de pontes a um grupo especial de sacerdotes. Entre os cristãos da Idade Média, era a caridade que levava os fiéis a formar confrarias construtoras de pontes: havia os “Irmãos Pontífices”, aos quais se devem as pontes de Avinhão e do Espírito Santo, sobre o Ródano (França).


h) Por fim, note-se outrossim que no surto das artes está em geral a inspiração religiosa; as primeiras peças literárias das antigas e modernas civilizações são documentos religiosos; costumam estar redigidos em poesia, que é a forma literária mais correspondente ao entusiasmo sagrado (tenham-se em vista, por exemplo, as obras de Homero e dos “teólogos” gregos). A pintura e a escultura não são menos tributárias à Religião.


Em suma, registra-se o seguinte: sempre que nos é dado observar as origens ou as fases iniciais de determinada cultura, verificamos que as suas diversas manifestações estão todas indistintamente fundidas com a Religião; é no seio materno da Religião que elas nascem e por muito tempo são nutridas.


Donde se vê que considerar a Religião como algo de pré-lógico ou como produto da covardia do homem significa, de certo modo, lançar uma nota de desprezo sobre a própria cultura humana, que nasceu no seio da Religião.

Vêm a propósito aqui as observações de famoso geógrafo contemporâneo:


“A maioria dos homens atesta sobre a Terra a existência do sobrenatural; a espécie humana, em graus diversos, mas de maneira geral, é religiosa; esta, aliás, vem a ser uma de suas características; o “homo faber etsapiens” é também primordialmente um homo religiosus. Por obra dele, a terra está impregnada de religiosidade. A pujante tarefa cultural dos homens não foi efetuada somente em vista da instalação da espécie humana sobre o globo, mas parte muitas vezes grandiosa desses esforços foi empreendida mais ou menos diretamente a fim de proclamar ou exaltar a existência de seres sobrenaturais ou sagrados…


A religião nos aparece como um dos grandes fatores que transformam a face da Terra e, em qualquer caso, como o motivo de atividades caracteristicamente humanas… À semelhança do homem, o animal (irracional) lutou contra os elementos da natureza; mas o que somente o homem fez, foi dar vulto à ideia da Divindade sobre a face do globo. A Geografia religiosa vem a ser a Geografia mais especificamente humana…” (P. Deffontaines, Géographie et Religions. Paris 1948, 8.12).


4. Conclusão


A religiosidade é um elemento integrante da pessoa humana. O homem bem pode ser considerado um peregrino do Absoluto, um viandante rumo ao Eterno e Infinito. Até os materialistas marxistas procuram um novo estado de coisas e a plena satisfação de seus anseios através da mística do martelo e da foice. Os atritos que a religião causou entre os homens se devem, em grande parte, à valorização dos bens espirituais, que os antigos e medievais julgavam ser superiores aos bens materiais. A religião inspirou a entrega de tudo, até da própria vida, para não renegar o Valor Supremo que é Deus. Quando se avalia o passado, não se pode deixar de levar em conta esse traço próprio da mentalidade de nossos ancestrais.


Acontece, porém, que esse elemento integrante da pessoa humana – o senso religioso – não pode ser cego ou desligado da razão. É esta que distingue entre si fé e crendice. É com a inteligência que o homem crê, e não com os olhos da mente fechados pela cegueira do sentimentalismo ou das emoções.


Compete aos cristãos dar testemunho da autêntica religião, para que, mediante este testemunho claro e firme, o irmão que busca o Absoluto, embora não tenha fé, se entusiasme pela beleza de uma vida santa,… heroicamente santa.

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

Uma pesquisa inédita do instituto alemão Bertelsmann Stifung, realizada em 21 países, revela que esse renascimento da religião está mais presente no Brasil que na maioria dos países. O estudo mostra que o jovem brasileiro é o terceiro mais religioso do mundo, atrás apenas dos nigerianos e dos guatemaltecos.

Segundo a pesquisa, 95% dos brasileiros entre 18 e 29 anos se dizem religiosos e 65% afirmam que são “profundamente religiosos”. Noventa por cento afirmam acreditar em Deus.

Em 1882, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche assinou a certidão de óbito divina com a célebre afirmativa: “Deus está morto”. Para ele, os homens não precisariam mais viver a ilusão do sobrenatural. “Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados, tudo isso está se combinando para fazê-la ficar mais forte”, escreveram John Micklethwait e Adrian Wooldridge, ambos jornalistas da revista britânica The Economist , no livro God is back .

Regina Novaes destaca no artigo do ISER Jovens sem religião: Hoje e ontem há jovens que se definem como “ateus” e “agnósticos”, mas certamente em nenhuma outra época houve tantos jovens se definindo como “sem religião” que poderiam também ser classificados como “religiosos sem religião”, isto é, adeptos de formas não institucionais de espiritualidade que são normalmente classificadas como esotéricas, nova era, holísticas, de ecologia profunda etc. Mas, ao mesmo tempo, também é significativo o número de jovens que se predispõe a mudar de religião e que reafirma seu pertencimento às igrejas evangélicas, às novas religiões japonesas, ao Budismo e, também, a grupos católicos ligados à Teologia da Libertação ou à Renovação Carismática.

È bom lembrar que a maioria da população jovem (cerca de 85%) vive nos países em desenvolvimento, como o Brasil. O Brasil, aliás, é o quinto país do mundo com maior porcentagem de jovens na sua população, correspondendo a 50% da população jovem da América Latina e 80% do Cone Sul. Os 34,1 milhões de jovens brasileiros, ou 20,1% do total da população brasileira, representam quase que a população total da Argentina (cerca de 38 milhões).

O instituto de pesquisas Gallup divulgou semana passada uma nova pesquisa sobre o “bem estar” das pessoas. Os “muito religiosos” são apontados mais uma vez como pessoas mais satisfeitas e as maiores taxas de “bem estar”.  Cada participante precisava responder a duas perguntas, cujas respostas os dividiram em três grupos: pessoas muito religiosas, pessoas moderadamente religiosas, e pessoas não religiosas.

A nova pesquisa entrevistou 676.000 pessoas de janeiro de 2010 a dezembro de 2011, com uma margem de erro de 1% (para mais ou para menos).   Esse estudo é parte de uma série que vem comparando o bem-estar total de pessoas religiosas e não religiosas.

Os estudos anteriores da série já mostraram que as pessoas muito religiosas geralmente têm melhor saúde física e emocional.

Embora não consiga identificar um motivo específico por que as pessoas mais religiosas tem um maior nível de bem-estar, possivelmente seja devido a rede social que acompanha uma congregação religiosa, a quantidade de tempo em meditação/oração e os mecanismos religiosos para lidar com a preocupação e a perda podem reduzir o estresse e promover maior felicidade.

O Gallup definiu um “Índice de Bem-Estar” baseado em uma série de elementos que incluem a saúde física e a emocional dos entrevistados.

“Os resultados confirmam a existência de uma forte relação positiva entre religiosidade e bem-estar, independentemente da fé”, afirmaram os pesquisadores Frank Newport, Witters Dan e Agrawal Sangeeta, do Gallup.

Pessoas “muito religiosas” compõem 41% da população adulta e responderam que “religião é parte importante da sua vida diária e vão para a igreja/sinagoga/mesquita toda semana ou quase toda semana.”

Pessoas “moderadamente religiosas” são 28,3% dos entrevistados e apenas 30,7%  disseram ser “não religiosas”.

Os judeus “muito religiosos” são as pessoas mais satisfeitas com o maior índice: 72,4%. Os mórmons “muito religiosos” ficam em segundo lugar, com 71,5%.

Em comparação, judeus “moderados” e “não religiosos” satisfeitos com sua vida chegaram a 68%, enquanto mórmons “moderados” e “não religiosos” chegaram apenas a 63%.

Embora a diferença entre o mais alto e o mais baixo na escala ser de apenas 7 pontos percentuais, os que se denominam “não religioso”, “ateu” ou “agnóstico” tiveram o  índice mais baixo de “bem estar”, com apenas  65,8%.

“O relacionamento entre religião e bem estar independe da intensidade (muito religioso, moderadamente religioso e não religioso) em cada grupo. Trata-se de algo mais alinhado com a própria fé”, afirma o documento emitido junto com a pesquisa.

Um exemplo disso são os muçulmanos, que apresentam um menor nível de bem-estar que os judeus, enquanto a diferença entre os mais e menos religiosos é praticamente o mesmo.

Os resultados da pesquisa mostram também  que 73% dos mórmons se identificam como “muito religioso”, em comparação com 50% dos protestantes (ou evangélicos), 46% dos muçulmanos e 43% dos católicos.

Gallup e Christian Post

Após dois anos de experimentações, a Rússia, a partir de setembro, passa a instituir o ensino de religiões como matéria obrigatória em todas as escolas. O Primeiro Ministro Vladimir Putin aprovou o decreto pelo qual fica instituído o ensino de religiões em todo o território nacional, mesmo que o período de prova tenha sido feito somente em algumas cidades.

Os estudantes das escolas elementares e média poderão escolher entre estudar a história de uma entre as quatro religiões ditas tradicionais – cristianismo ortodoxo, islamismo, judaísmo e budismo – ou frequentar cursos mais genéricos sobre os fundamentos da cultura religiosa, ou ainda sobre os fundamentos da ética pública.

Banida durante todo o período soviético a religião voltou às grades escolares a partir de 2010 em 19 regiões, a partir de uma iniciativa do Patriarcado de Moscou, aprovada pelo Kremlin, em uma tentativa de cimentar valores comuns para uma identidade nacional.

Desde o início de fevereiro, o governo deu início a cursos de formação para professores de religião. Em março, os pais decidirão em que tipo de classe inscreverão seus filhos. (ED)

Um estudo recente do Centro de Pesquisas LifeWay concluiu que as pessoa que possuem um mínimo de curiosidade sobre o sentido da vida estão mais propensos a participar de cultos religiosos. Mais da metade das pessoas que nunca frequentam a igreja jamais se perguntaram sobre o sentido de suas vidas.

Aproximadamente 75 % dos 2.000 adultos entrevistados dizem que “concordam” ou “concordam fortemente” com a afirmação: “Há um propósito e um plano divino para cada pessoa.” Contudo, 50 % dos participantes da pesquisa que nunca frequentam cultos discordam dessa afirmação.

“Esse contraste tem implicações significativas para as igrejas”, disse Scott McConnell, diretor da LifeWay. ”Não é surpresa que muitos dos ‘sem igreja’ não acreditam que há uma finalidade maior para suas vidas. Em outras palavras, por que ir à igreja aprender sobre o plano de Deus se você não acredita nesse tipo de coisa? ”

O estudo analisou três outros aspectos de significado e propósito. Mais de dois terços dos entrevistados concordam (parcialmente ou fortemente) que a busca pelo sentido ou propósito da vida é uma prioridade, mas apenas metade deles afirma que pensa nisso todo mês. Segundo a Lifeway, 78% acreditam que “É importante perseguir um propósito mais elevado e dar sentido para minha vida”. Por sua vez, 67 % concordam em dizer “A grande prioridade na minha vida é encontrar o meu propósito”.

Ao ouvir a questão “Quantas vezes você se pergunta: ‘Como posso encontrar o significado e o propósito da minha vida’”, 51% dos pesquisados indicaram pensar nisso pelo menos uma vez por mês, incluindo 18% que afirmam se perguntar diariamente. Já 13% fazem esse questionamento uma vez por ano, enquanto 28% nunca pensam sobre isso.

O estudo fez duas perguntas sobre aspectos a vida após a morte. A primeira é “Quantas vezes você se pergunta: Se eu morresse hoje, iria para o céu?”. A pesquisa aponta que 31% se pergunta sobre isso mensalmente, incluindo 8 % que se questionam sobre isso diariamente. Há 11 % que fazem essa pergunta anualmente e 46% diz nunca pensar sobre isso.

Comparativamente, um estudo de 2006 feito pelo Centro Missional de Pesquisas mostrou um número semelhante: 44% nunca se perguntou se iria para o céu quando morrer; 20% se questionava diariamente sobre a questão.

O novo estudo também perguntou aos entrevistados se concordavam com a afirmação: “Eu sei o que devo fazer para experimentar a paz na vida após a morte”. Pouco mais de 42% concordam (20% fortemente) e 50 % discordam (30% fortemente). Aqueles que nunca frequentam cultos religiosos são os mais propensos a discordar totalmente (63%).

Respondendo à afirmação: “Há um propósito final e um plano divino para cada pessoa”, os da faixa etária de 18 a 29 anos são os menos propensos a concordo totalmente (40%). Isso repete o que foi destacado em outras pesquisas da LifeWay sobre os pontos de vista dos jovens sobre a espiritualidade. Em seu livro, Lost and Found, Ed Stetzer presidente do Centro de Pesquisas LifeWay descobriu que 89% dos jovens adultos ‘sem igreja’ concordam com a afirmação: “Se alguém quisesse me dizer o que acreditava sobre o cristianismo, eu estaria disposto a ouvir”.

O estudo revelou que entre aqueles que nunca vão à igreja há menor interesse em descobrir o sentido da vida ou pensar na vida após a morte:

– 19% discordam fortemente que não há vida além deste mundo;

– 33% discordam fortemente que existe um propósito e um plano divino para cada pessoa;

– 63% discordam fortemente que sabem o que devem fazer para ter paz na vida após a morte;

– 50% nunca se perguntou como podem encontrar o significado e propósito de sua vida;

– 68% nunca se perguntam se morressem hoje, certamente iriam para o céu.

“Parece óbvio dizer que aqueles não se interessam pelos cultos religiosos pensam menos frequentemente sobre as coisas espirituais”, disse McConnell. ”Mas a implicação disso para a Igreja é clara. A maioria das pessoas poderia se interessar pelas coisas espirituais, pois não as conhecem, mas muitos cristãos acabam querendo falar sobre isso da maneira errada… Antes de quere mostrar o sentido da vida e a salvação é preciso saber o que essas pessoas pensam sobre o assunto”, concluiu McConnell.

G prime via Charisma News

Com o slogan “Democracia, Paz, Religião: Respeite”, o Comitê de Diversidade Religiosa e Direitos Humanos foi lançado no final de novembro, em Brasília.

O evento contou com a participação da Secretária de Direitos Humanos da República de Direitos Humanos, Ministra Maria do Rosário Nunes, além de pesquisadores da temática religiosa e de representantes da Fé Bahá’í, Federação Espírita
Brasileira, Umbanda, Candomblé, de igrejas de denominações cristãs e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O objetivo principal do Comitê é garantir que todas as denominações religiosas sejam respeitadas no Brasil. “Este comitê tem a função de combater a intolerância religiosa no Brasil por meio de políticas
públicas e encaminhar denúncias de violações ao direito constitucional de liberdade religiosa”, explicou a Ministra Maria do Rosário durante a solenidade, realizada na sede da Secretaria de Direitos Humanos

(SDH). Ela também destacou no cenário internacional a intolerância contra os seguidores da Fé Bahá’í no Irã, os ciganos e as religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda, que são alvo de preconceito constantes.

“O Comitê é um espaço público cuja criação marca na história do Brasil o início de um processo de debates de políticas públicas de combate à intolerância”, afirma a representante bahá’í Daniella Hiche. “Trata-se do reconhecimento, por parte do Governo Federal, do potencial de contribuição das religiões no Brasil sobre temas que afetam a sociedade, como a corrupção, a violência e a promoção dos direitos
humanos”.

Segundo Marga Ströher, Coordenadora Geral da Diversidade Religiosa da SDH, a principal finalidade do novo Comitê é unir esforços no Brasil para superar a intolerância religiosa. Ela informa ainda que o modelo de funcionamento do órgão ainda está em debate, e sua composição ainda não está totalmente definida, e que é preciso pensar em estratégias de levar suas ações para o nível local.

“Há a possibilidade de convidarmos ainda representantes de outras religiões e outros indivíduos que poderão qualificar e fortalecer a execução da agenda proposta”, afirma ela.

Hoje, para existir, uma instituição deve estar na mídia, a religião também, disse o professor de Estudos de Mídia da Escola de Jornalismo e Comunicação de Massa da Universidade do Colorado, Stewart M. Hoover, em entrevista ao Instituto Humanitas (IHU).

“As mídias estão agora no centro da religião e da espiritualidade contemporâneas”, afirmou o pesquisador, mencionando que as pessoas também experimentam a religião e a espiritualidade através da mídia.

As mídias digitais, então, tem a capacidade de fazer e de mudar a natureza da comunidade. As religiões institucionais, constata Hoover, “estão tendo dificuldade para se adaptar a essa nova situação”, e enfrentam o desafio à autoridade.
As religiões “não podem mais controlar a forma e os lugares em que as pessoas experimentam a religião, celebram a fé e exploram a espiritualidade”, disse.

Ele propõe que as igrejas repensem seus papéis de autoridade e façam parte de um “mercado de escolha” cultural nas esferas material e midiática. “Elas não controlam mais o mistério, que é agora algo pelo qual as pessoas se veem responsáveis”, afiançou.

Fonte: Paulopes

O ser humano é um animal acreditador. Talvez esse seja um bom modo de definir nossa espécie. “Humanos são primatas com autoconsciência e a habilidade de acreditar.” Já que ” acreditar” sempre pede um “em quê?”, refiro-me aqui a acreditar em poderes que transcendem a percepção do real, algo além da dimensão da vida ordinária, além do que podemos perceber apenas com nossos sentidos.

Eu me pergunto se a necessidade de acreditar em algo (não uso a palavra “fé”, pois essa tem toda uma conotação religiosa) é consequência da consciência.

Parece que somos incapazes de viver nossas vidas sem acreditar na existência de algo maior do que nós, algo além do “meramente” humano. Bem, nem todos nós, mas a maioria. Isso desde muito tempo. Para os babilônios e egípcios, os céus eram mágicos, a morada dos deuses, ponte entre o humano e o divino. Interpretar os céus era interpretar mensagens dos deuses, muitas vezes dirigidas a nós mortais.

Essa divinização da natureza é muito mais antiga do que a civilização. Pinturas rupestres, os símbolos mais antigos da expressão humana, já demonstram a atração que nossos ancestrais nas cavernas tinham pelo desconhecido, sua reverência por poderes além de seu controle. As pinturas de animais representavam encantamentos, uma mágica gráfica criada com o objetivo de auxiliar os caçadores em sua empreitada, cujo sucesso garantia a sobrevivência do grupo.

Fico imaginando o poder que essas imagens -que dançavam à luz do fogo- exerciam sobre o grupo reunido na caverna, uma tentativa de recriar a realidade para ter algum controle sobre ela. A religião nasceu da combinação de reverência e necessidade. E assim continua, definindo como a maioria dos humanos vê o mundo.

Mesmo após termos desenvolvido meios para explorar fontes de energia da natureza, estamos ainda à mercê dos elementos. Muitos chamam enchentes, tornados, erupções vulcânicas ou terremotos de atos divinos, representando forças além do nosso controle.

A ciência, claro, atribui esses desastres a causas naturais, o que acarreta abandonar a crença de que a fé pode nos ajudar de alguma forma a controlá-los. Fica difícil, hoje em dia, rezar para o deus do vulcão ou para o deus da chuva.

Esse é um desafio para a ciência e para os seus educadores: a ciência pode explicar, às vezes prever e, até certo ponto, proteger-nos de desastres naturais. Porém, não pode competir com o poder da crença na imaginação humana, mesmo na completa ausência de evidência de que possa nos proteger contra desastres naturais.

O mundo estava cheio de deuses no início da história da nossa espécie e, para muitas pessoas, assim continua.

Talvez a maior invenção da vida na Terra tenha sido essa espécie de primatas com a capacidade de imaginar realidades que a transcendem.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de “Criação Imperfeita”.

Rádio Vaticano

A Igreja católica local a define “uma mártir da fé”: Mariah Manisha era uma jovem católica de Faisalabd, Paquistão, assassinada uma semana atrás por um muçulmano que a sequestrou e que queria se casar com ela.

Padre Zafal Iqbal, pároco católico de Khushpur, cidade de origem da família da adolescente, de 18 anos, informou à agência Fides que “a jovem resistiu, não quis se converter ao islamismo e nem se casar com ele, e por isso, foi morta”. É uma mártir”.

Padre Iqbal levou o caso à atenção da Comissão “Justiça e paz” e do Bispo de Faisalabad, Dom Joseph Cutts. “O culpado foi preso e a polícia abriu um inquérito. Esperamos que justiça seja feita, pois a comunidade está abalada e muito triste” – destaca Padre Iqbal.

“Casos como este acontecem cotidianamente em Punjab” – confirma à Fides o Vigário-geral da Diocese de Faisalabad, Padre Khalid Rashid,. “É muito triste: cristãos, quase sempre jovens, são vítimas indefesas”. Outro caso resolvido nos dias passados é o do católico de 72 anos, de Faisalabad, Rehmat Masih, libertado há uma semana depois de 2 anos de prisão e de sofrimentos desumanos por uma falsa acusação de blasfêmia.

Arqueólogos de diversos países se reuniram no Estado de Chiapas, uma área repleta de ruínas maias no sul do México, para discutir a teoria apocalíptica de que essa antiga civilização previra o fim do mundo em 2012.

A teoria, amplamente conhecida no país e contada aos visitantes tanto no México como na Guatemala, Belize e outras áreas onde os maias também se estabeleceram, teve sua origem no monumento nº 6 do sítio arqueológico de Tortuguero e em um ladrilho com hieróglifos localizado em Comalcalco, ambos centros cerimoniais em Tabasco, no sudeste do país.

O primeiro faz alusão a um evento místico que ocorreria no dia 21 de dezembro de 2012, durante o solstício do inverno, quando Bahlam Ajaw, um antigo governante do lugar, se encontra com Bolon Yokte’, um dos deuses que, na mitologia maia, participaram do início da era atual.

Até então, as mensagens gravadas em “estelas” – monumentos líticos, feitos em um único bloco de pedra, contendo inscrições sobre a história e a mitologia maias – eram interpretadas como uma profecia maia sobre o fim do mundo.

Entretanto, segundo o Instituto Nacional de Antropologia e História (Inah), uma revisão das estelas pré-hispânicas indica que, na verdade, nessa data de dezembro do ano que vem os maias esperavam simplesmente o regresso de Bolon Yokté.

“(Os maias) nunca disseram que haveria uma grande tragédia ou o fim do mundo em 2012″, disse à BBC o pesquisador Rodrigo Liendo, do Instituto de Pesquisas Antropológicas da Universidade Autônoma do México (Unam).

“Essa visão apocalíptica é algo que nos caracteriza, ocidentais. Não é uma filosofia dos maias.

Novas interpretações

Durante o encontro realizado em Palenque, que abriga uma das mais impressionantes ruínas maias de toda a região, o pesquisador Sven Gronemeyer, da Universidade australiana de Trobe, e sua colega Bárbara Macleod fizeram uma nova interpretação do 6º monumento de Tortuguero.

Para eles, os hieróglifos inscritos na estela se referem à culminação dos 13 baktunes, os ciclos com que os maias mediam o tempo. Cada um deles era composto por 400 anos.

“A medição do tempo dos maias era muito completa”, explica Gronemeyer. “Eles faziam referência a eventos no futuro e no passado, e há datas que são projetadas para centenas, milhares de anos no futuro”, afirma.

Para a jornalista Laura Castellanos, autora do livro “2012, Las Profecias del Fin del Mundo”, o sucesso da teoria apocalíptica junto à cultura ocidental se deve a uma “onda milenarista” que, segundo ela, “antecipa catástrofes ou outros acontecimentos cada vez que se completam dez séculos”.

Para Castellanos, esse tipo de efeméride é reforçada por uma ‘crise ideológica, religiosa e social’.

Ela observa que as profecias sobre 2012 não têm somente uma ‘vertente catastrófica’, mas também uma linha que “prognostica o despertar da consciência e o renascimento de uma nova humanidade, mais equitativa”.

Crença no final

A asséptica explicação científica e histórica vai de encontro à crença popular no México, um país onde há quem procure adquirir os conhecimentos necessários para sobreviver com seu próprio cultivo de alimentos em caso de uma catástrofe mundial.

Muitos dos que vivem fora procuram regressar ao país porque sentem que precisam estar em casa em 2012, e há empresas que oferecem espaço em bunkeres subterrâneos, com todas as comodidades.

Afinal, o possível fim do mundo também é negócio. O próprio governo mexicano lançou uma campanha para promover o turismo no sudeste do país, onde estão localizados os sítios arqueológicos maias.

Muitos governos dos Estados onde existem ruínas da antiga civilização maia já estão registrando aumento na chegada de turistas.

Fonte: G1

Comissão do Conselho Nacional de Educação vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que invalide tratado do governo com Vaticano

Priscilla Borges, iG

Uma comissão de representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE) vai se reunir, no próximo dia 22, com oministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Brito para discutir um tema espinhoso e polêmico: o Ensino religioso

.A oferta de aulas sobre o tema nas escolas públicas do País é obrigatória de acordo com as leis brasileiras. Na teoria, o conteúdo não pode professar dogmas de nenhuma religião e deve ser dado por professores das redes.

Na prática, as escolas não seguem as regras definidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Não há orientações claras sobre como o tema deve ser tratado, tampouco professores preparados para ensiná-lo. Quando a escola oferece ensino religioso, termina por fazer catequese de alguma religião – de modo geral as cristãs. Por conta dessas indefinições, os conselheiros criaram uma comissão que vai elaborar orientações nacionais sobre o assunto.

Depois de algumas reuniões com estudiosos – nenhum representante de religiões foi convidado a participar das discussões para que não ficassem tendenciosas –, os conselheiros decidiram ir além. Vão expor ao ministro Ayres Brito suas preocupações com um acordo estabelecido em 2009 entre o governo brasileiro e o Vaticano, no qual o Brasil concorda que o ensino religioso deve ser dado por representantes da Igreja Católica ou de outras religiões.

O ministro será responsável por analisar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pela Procuradoria Geral da União contra esse acordo no ano passado. A ação defende que o STF suspenda a “eficácia de qualquer interpretação que autorize a prática do ensino religioso das escolas públicas que não se paute pelo modelo não-confessional” e não permita que representantes de qualquer religião sejam responsáveis por esse conteúdo nas escolas.

César Callegari, presidente da comissão que discute o tema no CNE, concorda com a PGR. “Estamos preocupados com os problemas que o acordo pode trazer. Devemos fazer de tudo para que a laicidade do Estado seja protegida”, afirma o conselheiro. Para ele, o acordo deve ser revisto. “Não se pode aceitar proselitismo no ensino religioso e esse conteúdo só pode ser dado por professores capacitados”, defende.

Segundo o conselheiro, o primeiro documento do CNE com orientações gerais sobre o tema está quase pronto. O texto, porém, só deve ser apresentado à sociedade, em audiência pública a ser marcada no início do ano que vem. Ele acredita que a sociedade ainda não resolveu um conflito que deveria ser a preocupação anterior a essa discussão sobre quem deve se responsabilizar pela educação religiosa das crianças: se a Igreja, as famílias ou as escolas.

“Mas não está na ordem do dia a possibilidade de uma revisão do texto da Constituição Federal, que determina a oferta de ensino religioso nas escolas. O que precisamos é garantir o cumprimento do que está na lei de maneira adequada”, analisa Callegari. Para ele, outro aspecto muito importante a ser definido é a garantia de outras atividades aos alunos que não desejarem assistir a essas aulas – eles não são obrigados a frequentar essas aulas.

Minorias atendidas

No Rio de Janeiro, onde lei municipal aprovada recentemente definiu a oferta de disciplina sobre o tema a partir de 2012, quem não quiser assistir às aulas de ensino religioso – que deverá contemplar as doutrinas católica, evangélica/protestante, afrobrasileiras, espírita, orientais, judaica e islâmica – será matriculado na disciplina Educação para Valores. Inicialmente, a medida valerá apenas para as escolas de turno integral.

Para Antonio Costa Neto, pesquisador do tema na rede pública do Distrito Federal, o mais importante é garantir que as minorias sejam atendidas nessas normas. Antonio diz que a diversidade religiosa afrobrasileira não é contemplada nas aulas, nem na formação dos professores, o que prejudica as ações para combate ao preconceito racial. Durante o mestrado, ele fez um levantamento nas escolas do DF e identificou que, assim como no resto do País, a abordagem do assunto ainda é confessional.

“Atuar com a disciplina ensino religioso no âmbito das relações étnico-raciais para combater o racismo é uma oportunidade muito boa de êxito. No entanto, as religiões afrobrasileiras não têm sido contempladas e os professores não recebem formação adequada”, lamenta. Por conta disso, Antonio abriu uma representação junto à Secretaria de Educação do DF para questionar como o tema está sendo tratado nas escolas da capital federal.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios também manifestou interesse no tema e pediu explicações ao governo local. Nenhum dos dois obteve respostas concretas ainda. O MPDFT pediu explicações à Secretaria de Educação no mês passado e aguarda a manifestação do órgão. Na opinião da promotora de Defesa da Educação do DF, Márcia da Rocha, esse é um tema importante, mas cujo debate ainda não foi amadurecido pela população. Ela acredita que a sociedade ainda não sabe se gostaria e que tipo de educação religiosa deve haver no País.