Por Pe. John Flynn, L.C.

Dois livros recentes oferecem uma interessante perspectiva sobre a situação da religião nos Estados Unidos e o que podemos esperar de quem está chegando à idade adulta.

O primeiro, FutureCast: What Today’s Trends Mean for Tomorrow World (Barna Books), foi escrito por George Barna, um prolífico escritor que fundou o Barna Research Group. Baseado em pesquisas de opinião, o livro analisa onde está a sociedade atual numa série de temas sociais.

Três dos capítulos tratam da prática religiosa. A pertença religiosa se manteve estável, com 84% das pessoas se considerando cristãs em 1991 e 85% em 2010. Barna observa, porém, que muitos se consideram cristãos mas não praticam a religião.

Por exemplo, só 45% crêem “firmemente” que a bíblia acerta em todos os princípios que ensina. Esta cifra cai para 30% entre os nascidos de 1984 em diante. Só 34% dos adultos acreditam que existe uma verdade moral absoluta.

Barna indica que entre os adultos pertencentes a uma igreja cristã só a metade afirma estar comprometida de modo profundo com a fé cristã.

Espiritual

Uma das últimas mudanças na identidade religiosa é o aumento dos que se consideram “espirituais mas não religiosos”. Cerca de um quarto dos adultos se qualificam assim; entre os menores de 30 anos, esta é a norma.

Também há um aumento de formas alternativas de igreja. As igrejas-lar, de grupos de pessoas que se reúnem numa casa, começam a ficar populares nos Estados Unidos. Outras formas alternativas incluem o que Barna denomina cyberigrejas, com reuniões via internet.

Tornou-se também comum que os norte-americanos mudem de igreja. Barna descobriu que não são os fatores doutrinais os que mais motivam a trocar de igreja, e sim razões muito mais subjetivas, ligadas a personalidades, conveniência, potencial de relações e experiências.

Adultos emergentes

O segundo livro se concentra num grupo mais reduzido de pessoas. Christian Smith, professor de sociologia na Universidade de Nôtre Dame, fez uma série de entrevistas com uma ampla gama de pessoas de 18 a 23 anos, grupo que os sociólogos chamam de “adultos emergentes”. Os achados estão no livro Lost in Transition: The Dark Side of Emerging Adulthood (Oxford University Press).

O livro enumera fatores cruciais da formação desses jovens:

– O espetacular crescimento da educação superior, que significa que muitos estendem sua educação até depois dos 20 anos de idade.

– O adiamento do casamento, que trouxe uma liberdade sem precedentes durante a década posterior ao fim dos estudos.

– Mudanças econômicas que tornam mais difícil para os jovens encontrar um trabalho estável e bem remunerado.

– A vontade dos pais de apoiar economicamente os filhos até bem depois dos 20 anos.

A disponibilidade do controle de natalidade, que desligou as relações sexuais da procriação.

A difusão de teorias pós-estruturalistas e pós-modernistas que promovem o subjetivismo individualista e o relativismo moral.

O livro começa com o longo capítulo “À deriva moral”. Os jovens têm uma visão muito individualista da moral, que os leva a dizer que não devemos julgar ninguém moralmente, porque todos têm direito a opiniões pessoais. Uma estudante universitária explicou, por exemplo, que não colava nas provas, mas se abstinha de julgar os companheiros que colavam.

Bobo

Segundo esta postura, “algumas coisas estão certas e outras são bobas, mas não está provado que algo seja objetiva e moralmente bom ou mau”.

O relativismo moral caracteriza muitos dos entrevistados, grande parte dos quais expressaram ideias racionalmente inconsistentes.

A ideia de que a moral é uma construção da sociedade e da cultura pode chegar tão longe num debate que um jovem não exprimiu juízo negativo algum sobre a escravidão. Outro defendeu a retidão moral dos terroristas que causam a morte de multidões.

“Eles [os terroristas] são assim, fazem o que acham que é o melhor, e por isso fazem o bem”. Esta foi uma parte da explicação dada por esse jovem.

Um terço dos entrevistados manifesta um relativismo muito forte, e os outros dois terços, embora menos intensamente, também se mostram relativistas.

Todos os adultos emergentes acreditam, de alguma forma, em algo chamado “moral”. Os sociólogos descobriram que, ao serem perguntados sobre as fontes da moral, a maior parte de suas respostas não resistia a um exame crítico básico.

34% declarou que não sabia o que tornava algo moralmente correto ou incorreto, e alguns sequer entenderam as perguntas sobre o assunto.

As respostas dos demais foram bastante diversas. Alguns acham que a moral se baseia no que outras pessoas pensam de alguém. 40% citou este critério.

Outros descreveram a base da moral em função de melhorar ou não a situação das pessoas.

Em sua conclusão do capítulo sobre a moral, os autores apontaram que os adultos emergentes têm muito pouca bagagem para encarar os desafios do presente e do futuro, e formam uma geração que fracassou na formação moral.

Mesmo evitando generalizar as pesquisas de opinião feitas com grupos pequenos, as evidências em ambos os livros indicam a dimensão dos desafios das igrejas e de todas as pessoas preocupadas com a moral.

Bruno dos Santos

Alguns símbolos representam uma era, e este é o caso da famosa “maçã mordida” da Apple.

Steve Jobs, com sua maçã mudou o nosso jeito de viver o mundo, suas inovadoras invenções ditaram regras no mercado da tecnologia e na vida diuturna de milhões de pessoas. Como disse um jovem no twitter na semana da morte de Jobs, talvez depois da maça de Adão e Eva, e a de Isaac Newton, o símbolo da marca Apple, seja a maçã mais famosa de nosso tempo.

Houve muita especulação quanto a religião de Jobs, se ele era cristão, budista, ou mesmo ateu. Alguns chegaram a afirmar que um gênio como ele não se preocupava com assuntos ligados a religião. Acho difícil! Se ele era realmente alguém com um senso crítico tão exigente. Alguns sites americanos afirmam que ele chegou a usar métodos alternativos na cura do câncer de pâncreas. Portanto ele cria em algo, em uma possibilidade de sobrevivência, na esperança de atrasar o inevitável.

Cada religião tem sua própria teoria sobre o que acontece depois da morte. Judeus, católicos, cristãos, espíritas, cada um responde de acordo com suas convicções religiosas. Porém a morte é uma certeza inexorável e triste, não importa se você é um gênio mundialmente famoso, ou um morador de rua anônimo. Ela chega pra todo mundo de uma forma ou de outra.

A Apple e seus produtos são quase uma religião e Steve Jobs é o seu sumo sacerdote. A marca está atrelada a um estilo de consumidor que se torna um aficcionado depois que experimenta a excelência de seus dispositivos, sejam celulares, tablet’s ou computadores. Os fãs dos produtos Apple fizeram uma peregrinação nas lojas, trazendo maçãs e acendendo velas, deixando cartões de condolências.

Não sei se Jobs acreditava em alguma religião organizada… O que sei é que ele era uma gênio da tecnologia e um líder com uma personalidade surpreendente. Ele acreditava no poder que o homem tem para mudar o mundo, mas isso não é suficiente para salvar a própria alma.

Jobs transformou o símbolo mitológico da queda (a maçã mordida) em um símbolo de progresso e eficiência tecnológica. Mas queda é queda, e o fruto proibido trouxe a morte ao mundo, que ceifou a vida de um visionário como Jobs. Podemos melhorar tudo o que somos, mas sem Deus não podemos mudar a nossa natureza. Seja gênio ou louco, todos precisam de Deus, algo que a tecnologia jamais poderá reproduzir.

Terra

A relação de uma mulher com seu cabelo vai além dos cuidados diários e da escolha de estilo. A religião também costuma ser um importante fator na maneira como se lida com ele.

Pois saiba, por exemplo, que a regra do cabelo comprido das evangélicas está atrelada a uma norma instituída por causa da citação de Paulo em Coríntios 11,15, que diz o seguinte: “Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu”.

As mulçumanas, por sua vez, usam o véu de fato, cobrindo todos os fios. Elas saem de casa com o chamado hijab (o véu islâmico) para proteger a “modéstia e honra”. Afinal, o Alcorão Sagrado diz: “’Ó profeta, dizei a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos crentes que quando saírem que se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que se distingam das demais e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, misericordiosíssimo” (33ª Surata, Al Ahzab, versículo 59). Sendo assim, quando estão em casa, as mulheres muçulmanas não precisam fazer uso do véu.

Catolicismo e judaísmo: cobrir ou não?

Atualmente, a Igreja Católica não obriga o uso do véu, mas até a década de 1970 as mulheres  cobriam a cabeça para rezar. Segundo a Bíblia, “Todo homem que reza de cabeça coberta desonra a sua cabeça. Mas toda mulher que reza ou profetiza de cabeça descoberta desonra a sua cabeça, pois é exatamente como se estivesse de cabeça raspada. Se a mulher não usa véu, mande raspar a cabeça. Mas se é uma vergonha para uma mulher ter o cabelo cortado ou raspado, que use um véu. Quanto ao homem não deve pôr véu na cabeça: ele é a imagem e a glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem”, (ICor 11, 2-16).

No judaísmo, a mulher também tem o costume de cobrir a cabeça. Mas em vez de véu, ela usa uma peruca e o ato é reservado para as casadas. Na religião, acredita-se que ao cobrir os cabelos naturais, a esposa traz sucesso e benções para ela mesma, marido, filhos e netos. Por outro lado, as que se recusam a isso acarretará o oposto, ou seja, tristeza e desgraça à família.

Com relação às perucas, a entidade judaica Beit Chabad do Brasil – filiada ao Movimento Chabad-Lubavitch Mundial – explica que há restrições. Os fios não podem ser originários da Índia, um dos maiores exportadores de fios por serem espessos, longos e lisos, pois os hindus raspavam a cabeça por motivações religiosas. Isso porque as leis judaicas proíbem que alguém se beneficie de um ato que tenha sido realizado para outra divindade. Assim, os fios usados nas perucas para as mulheres judias advêm principalmente do Leste Europeu.

“O importante é que o cabelo esteja coberto, não importando se por cima dele há uma bela peruca; é tão importante sentir-se bonita para seu marido, quanto para si mesma”, relata a entidade. A tradição, consequentemente, não tem o intuito de deixar a mulher menos atraente. “Mais do que afastar olhares de outros homens e lembrar que tal pessoa é comprometida, cobrir a cabeça significa uma mudança de status, uma representação de que algo valioso está salvaguardado para alguém especial”, finaliza.

Provavelmente você já se perguntou por que as evangélicas não podem cortar as madeixas ou qual a razão das muçulmanas sempre cobrirem a cabeça quando estão em público.


Por Tom Heneghan

O papa Bento 16 recebeu na quinta-feira um elogio inesperado, vindo do líder dos ex-comunistas da antiga Alemanha Oriental.

Gregor Gysi, Foto, líder parlamentar de um pequeno partido chamado A Esquerda, agradeceu o pontífice conservador – que fará no mês que vem uma visita ao seu país natal – por pregar repetidamente a necessidade de normas morais para o bom funcionamento da sociedade.

“A coisa não funciona sem o conceito de bem”, escreveu ele no semanário Christ und Welt. “Mas a ciência moderna não pode nos dizer o que é o bem. Seus conceitos focam a experiência empírica. Ideias como a moralidade não têm influência ali.”

Gysi escreveu que, apesar da imagem conservadora, o papa é na verdade um teólogo moderno, que propõe a convivência entre tradições religiosas e argumentos racionais na busca por um consenso moral.

“O papa diz que nenhum deles (tradição ou racionalidade) pode fazer isso sozinho”, escreveu Gysi. “Que um papa diga isso sobre a religião não é necessariamente algo que seria de se esperar.”

O bávaro Bento 16, de 84 anos – cujo nome de batismo é Joseph Ratzinger -, estará na Alemanha entre os dias 22 e 25 de setembro. Entre seus compromissos está um pronunciamento ao Parlamento.

Os elogios de Gysi, político muito respeitado entre os ex-integrantes do partido comunista e ateu que governou a Alemanha Oriental até 1990, ecoam declarações anteriores do mais conhecido filósofo de esquerda do país.

Em um debate em 2004 com o então cardeal Ratzinger, Juergen Habermas, hoje com 82 anos, admitiu que a religião criava os fundamentos sobre os quais um sistema jurídico democrático poderia ser construído. Embora não sejam mais religiosas, as sociedades laicas modernas continuam precisando desses valores morais.

Gysi notou, em tom de aprovação, que Bento 16 vem declarando que a religião sem racionalismo pode levar ao fanatismo, enquanto o racionalismo sem fé pode levar ao excesso de orgulho e à intolerância.

“Deve-se simplesmente reconhecer que tradições culturais, inclusive a religião, são recursos (para transmitir normas sociais)”, escreveu Gysi. “Parece haver algo prévio e externo à lei que pode agir como um parâmetro para isso.”

“No nosso mundo cheio de tensão, essa ideia é a melhor justificativa para a tolerância em um Estado democrático”, acrescentou o esquerdista. “Não temos de seguir esta ou aquela norma, mas precisamos apreciar que haja normas, e que algumas delas são boas.”

Gysi, 63 anos, era um advogado reformista nos últimos anos da extinta Alemanha Oriental. Ele vem de uma família judia laica, e seu pai, Klaus Gysi, foi ministro da Cultura e secretário de Assuntos Religiosos do regime comunista.


Em uma sociedade marcada pela insegurança e pelo estresse, as pessoas religiosas são mais felizes do que os ateus.
Em sociedades mais prósperas, contudo, o número de pessoas que se declara religiosa diminui e tanto os religiosos quanto os ateus apresentam índices semelhantes de felicidade.

Segundo Ed Diener, da Universidade de Illinois (EUA), esta é a primeira pesquisa a analisar a relação entre religião e felicidade em escala global.
Os cientistas usaram uma pesquisa realizada em mais de 150 países, que incluiu questões sobre religião, qualidade de vida, satisfação com a vida, respeito, assistência social e emoções positivas e negativas.

Religião e dificuldades

Vários estudos têm concluído que as pessoas religiosas tendem a ser mais felizes do que as pessoas não religiosas.

Mas Diener acredita que a religião e a felicidade estão ligadas às características das sociedades nas quais as pessoas vivem.

“As circunstâncias predizem a religiosidade,” defende ele. “Circunstâncias difíceis induzem mais fortemente as pessoas a se tornarem religiosas. E, em sociedades religiosas e em circunstâncias difíceis, as pessoas religiosas são mais felizes do que as pessoas não religiosas.”

Por outro, em sociedades não religiosas ou em sociedades onde as necessidades básicas das pessoas são atendidas, não foi identificada diferença entre o nível de felicidade entre os dois grupos.

Religião e emoções

A ligação a uma religião institucionalizada parece aumentar a felicidade e o bem-estar em sociedades que não conseguem suprir adequadamente as necessidades por alimentos, emprego, cuidados com a saúde, segurança e educação.

As pessoas religiosas vivendo em sociedades religiosas são mais propensas a se sentirem respeitadas, receberem mais apoio social e experimentar mais emoções positivas e menos emoções negativas do que as pessoas não religiosas dessas mesmas sociedades.

Nas sociedades seculares, que são em geral as mais ricas e que têm melhor assistência social, a religiosidade não parece ter impacto sobre os níveis de felicidade. Na verdade, as pessoas religiosas dessas sociedades relatam ter mais emoções negativas.

Em temos globais, 68% das pessoas pesquisadas afirmaram ser religiosas.

As mulheres muçulmanas terão que remover seus véus e mostrar seus rostos para a polícia se forem requisitadas ou poderão ir para a prisão, de acordo com proposta de nova lei do estado mais populoso da Austrália, Nova Gales do Sul.

Um intenso debate cultural iniciado pelo projeto de lei reflete o crescente fluxo de migrantes muçulmanos e o desconforto que os sinais visíveis do Islã estão provocando nos habitantes predominantemente católicos da Austrália.

O novo projeto de lei de Nova Gales do Sul, onde está localizada a capital Sydney, prevê que se uma mulher se recusar a remover o véu facial poderá receber uma sentença de um ano na prisão e multa de US$ 5.900. A lei – que deve ser votada pelo parlamento estadual em agosto – foi vista por civis libertários e por muitos muçulmanos como uma reação exacerbada para um caso de trânsito envolvendo uma mulher muçulmana que estava dirigindo o veículo usando o véu que deixa apenas os olhos à mostra.

O governo diz que a lei requer que motoristas e suspeitos criminais removam qualquer cobertura de suas cabeças para que a polícia possa identificá-los. Críticos afirmam que a lei tem uma tendência antimuçulmana à medida que poucas mulheres na Austrália usam burcas, a vestimenta feminina muçulmana que cobre a mulher dos pés à cabeça. Em uma população de 23 milhões de habitantes, apenas cerca de 400 mil australianos são muçulmanos, dos quais estima-se que menos de 2 mil mulheres usam véus faciais e é provável que uma fatia ainda menor dirija.

Associated Press.

Uma nova sondagem feita pela Ipsos MORI descobriu que a religião ainda é importante para a maioria das pessoas no mundo. A pesquisa ouviu a opinião de mais de 18.000 pessoas em 24 países, incluindo o Reino Unido e EUA.

Sete em cada 10 dos entrevistados disseram ter uma religião, mas havia uma diferença marcante entre cristãos e muçulmanos quando o tema foi a importância que cada um dá a sua fé.

Em países de maioria muçulmana, 94 por cento das pessoas com uma religião concordaram que a sua fé foi importante em suas vidas, em comparação a 66 por cento em países de maioria cristã.

Os muçulmanos eram muito mais propensos a acreditar que a religião deles era o único caminho para a salvação, libertação ou paraíso – 61 por cento em comparação com 19 por cento em países de maioria cristã.

Nos Estados Unidos, 32% disseram que sua fé ou religião era o único caminho verdadeiro.

Os muçulmanos afirmaram ainda que eram propensos a ter a fé e a religião como um motivador fundamental em dar tempo e dinheiro para pessoas necessitadas – 61 por cento em comparação com 24 por cento nas sociedades principalmente cristã.

Em termos globais, a pesquisa detectou que 30 por cento disseram que sua religião os motivou a dar o seu tempo ou dinheiro para pessoas necessitadas, enquanto mais da metade (52 por cento) disse que sua religião não fez diferença para suas doações, porque eles viram como importante em qualquer caso.

Em termos da juventude a pesquisa constatou que 73% dos jovens pesquisados afirmou que a sua religião ou fé era importante em sua vida.

Um terço de todos os entrevistados em 24 países disseram que não tinham, ou quase não tem amigos ou conhecidos a partir de qualquer outra religião que não a sua, enquanto 31 disseram que pelo menos metade de seus conhecidos eram de uma fé diferente.

Em outros resultados, 65 por cento dos entrevistados nos Estados Unidos disseram acreditar que a religião fornece os valores comuns e os fundamentos éticos que diversas sociedades precisam para prosperar no século 21.

Fonte: Christian Post

Na tentativa de conceituar o que seria a chamada “nova classe média”, o professor Jorge Cláudio Ribeiro, da PUC-SP, percebe que este novo extrato social está se restringindo a fatores ainda referentes à situação anterior.

Tem mais renda, mas continua “espiritualmente” o mesmo, podendo fazer mais do que já fazia antes. “O mundo dessas pessoas ainda é pequeno, restrito às preocupações mais imediatas. Por isso, ela é politicamente conservadora, porque não pretende muitas rupturas. É religiosamente também conservadora, no sentido de que ainda mantém os laços religiosos provindos, na sua maioria, de igrejas evangélicas”.

Na entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, Jorge Cláudio Ribeiro entende que a Igreja Católica está se sentindo pressionada pela perda de seus fiéis. Sua hipótese é de que as pessoas que recentemente ascenderam para a classe média manterão uma referência religiosa, mas se tornarão pessoas sem religião, “entrando naquele rol dos que são crentes, mas não dentro do catequicismo religioso que aprenderam”.

Graduado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, e em Jornalismo pela Universidade de São Paulo, Jorge Cláudio Noel Ribeiro Júnior é mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutor em Ciências Sociais pela mesma instituição. Fez pós-doutorado em Sociologia das Religiões na École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, na Unicamp e na Columbia University de Nova York.

É professor livre-docente em Ciências da Religião e professor titular na PUC-SP, onde leciona desde 1976. É autor de vários livros, dentre eles, Sempre Alerta: condições e contradições do trabalho jornalístico (São Paulo: Brasiliense/Olho D’Água, 1994); e Religiosidade Jovem (São Paulo: Loyola e Olho d’Água, 2009).

Recentemente, concluiu no Itesp os créditos de graduação em Teologia iniciados na PUC-Rio. No momento desenvolve mestrado em Teologia no Itesp.

Em primeiro lugar, como poderíamos definir o que seria a chamada nova classe média? Quais seus valores?

Jorge Cláudio Ribeiro – O conceito de classe média não se resume ao nível de renda, simplesmente. Nesse sentido, seria “forçar a barra” chamar esse contingente expressivo – são 30 milhões de pessoas – de classe média, usando apenas o critério da renda.

E as classes sociais se definem por outros critérios, como a sua forma de ver o mundo, sua cosmovisão, sua atitude perante a vida, suas memórias, sua história. E esses são fatores um pouco mais qualitativos, que não foram pesquisados.

Essa chamada “nova classe média” é nova, mas não é média, pelo menos do jeito como conhecíamos a classe média convencional, que desenvolvia e estimulava o esforço pessoal, que tinha um mundo amplo, tinha escolaridade tradicional na família. A nova classe média parece que está se restringindo, por enquanto, a fatores ainda referentes à situação anterior. Ela tem mais renda, mas continua “espiritualmente” a mesma. Pode fazer mais o que já fazia antes. Não houve ainda uma ruptura muito pronunciada. São pessoas que fizeram um esforço pessoal gigantesco, e que valorizam as realidades mais próximas de si.

O mundo dessas pessoas ainda é pequeno, restrito à família, ao bairro, às suas preocupações mais imediatas. Ela pretende que a sociedade e o Estado lhe deem mais daquilo que já tem, mas não realidades, propostas e possibilidades diferentes. É religiosamente também conservadora, no sentido de que ainda mantém os laços religiosos provindos, na sua maioria, de igrejas evangélicas. Por isso mesmo são conservadoras também. Vejo isso em alguns alunos meus. Muitos são o primeiro universitário da família. Escolhem a faculdade de grife, mas que não seja muito cara, um curso não muito exigente, mas aquele que foi possível entrar. Muitos não se envolvem com o ambiente universitário, mas querem ter o diploma. Ainda não viram muita efetividade em uma escolaridade maior. Interessante é que muitos não têm ainda segurança nessa nova posição. Estão endividados, não têm perspectiva de futuro muito clara, e os laços anteriores, que são sua rede de sustentação, se mantêm. Essa rede é representada pelos hábitos, pela cultura, pela religião e pelos relacionamentos comunitários do seu bairro.

Como o senhor entende a proposta de aproximar a Igreja da nova classe média?

Jorge Cláudio Ribeiro – A Igreja Católica está se sentindo pressionada. Ela está reconhecendo uma situação, que não é de agora, ao perceber cotidianamente a perda de seus fiéis. E não é uma perda geral, mas de fiéis “com cara”, pessoas que têm uma convivência e que, aos poucos, vão abandonando sua paróquia, só vão de vez em quando. Isso dá, para a própria Igreja, uma sensação de serviço que não está sendo adequado ou bem feito. Para a hierarquia dá uma sensação de tristeza, de falta de sentido para o que está se fazendo.

As estatísticas religiosas mostram um contínuo declínio que, de certa forma, foge ao controle da Igreja. Ou seja, é fruto de um movimento histórico, cultural que, a meu ver, é muito mais amplo do que uma pastoral mais ou menos bem feita, com mais ou menos padres cantores, mais ou menos beatos, ou santos, ou milagres. Isso já faz parte do repertório habitual de práticas pastorais das igrejas em geral. O que está acontecendo é que uma realidade que já vem de alguns séculos, está se impondo graças à ciência, à economia.

Hoje, não é necessariamente à religião que se apela primeiramente diante de um problema. Apela-se para outras instâncias. A religião perdeu o prestigio que tinha, perdeu a autoridade de ensinamento que antes possuía. E isso resultou na perda de fiéis, mas não o contrário. Provavelmente, não há muito que fazer com respeito à nova classe média que já tinha saído do catolicismo. Muito dificilmente a pessoa que já passou por duas religiões volta para a primeira.

A nova classe média ainda mantém os laços anteriores, mas certamente esse processo de mudança de estado de vida, de situação, de maior confiança nas próprias possibilidades, pode gerar uma nova atitude religiosa. Se isso acontecer, muito provavelmente elas irão para uma terceira religião. Quando a pessoa muda de estado de vida ela “desencana” do tema religião. Uma das coisas que consolida a pessoa na nova classe média é a escolaridade e muito provavelmente a entrada na universidade.

Com o tempo, essa nova classe média vai buscar formas de escolaridade mais sofisticadas. Com isso, vai gerar uma nova postura frente às religiões. Na prática, a pessoa vai ver que o pastor dela fala errado, e fala coisas que entram em choque com o que aprendeu na escola. Então, surgem necessidades novas que a religião nem sequer percebe. Minha hipótese é que essas pessoas manterão uma referência religiosa, aos poucos frequentarão menos a sua religião, e se tornarão pessoas sem religião, entrando naquele rol dos que são crentes, mas não dentro do catequicismo religioso que aprenderam.

Quais os anseios dos jovens de classe média hoje que poderiam ser atendidos pelo âmbito religioso?

Jorge Cláudio Ribeiro – Meus alunos são de uma universidade particular, razoavelmente cara, tradicional, e eles não são nova classe média. Pelo contrário, são tipicamente classe média. E pela minha pesquisa, que se desenvolveu na PUC-SP, o que percebemos é que entre as questões que mais interessam aos jovens na faixa de 17, 18 anos, é, primeiro, a família; segundo, os amigos; terceiro, o ingresso na universidade; em penúltimo lugar a política, e em último lugar as religiões.

Pode ser que esses meus alunos de classe média consolidada mostrem uma tendência do futuro perfil espiritual e religioso da nova classe média. Mas isso é questionável. Outra coisa interessante é que a maioria das pessoas dessa nova classe média é de mulheres. As mulheres, por uma série de fatores históricos, psicológicos, têm uma abertura maior para os aspectos religiosos. Pode ser que ainda se mantenha, em grande parte, o teor religioso, mas não necessariamente formal, convencional, mas uma forma de religiosidade mais livre, graças às mulheres das novas classes médias que estão surgindo.

O senhor acredita que a ascensão social de milhares de brasileiros enfraquecerá as religiões neopentecostais?

Jorge Cláudio Ribeiro – Sim, porque essas religiões deveram seu sucesso a uma pauta de prosperidade, de religião individualizada, ligada ao pequeno grupo. Na medida em que a pessoa, até graças à religião, atinja esse patamar, ela vai querer mais da vida, terá mais exigências de tipo ético, litúrgico, buscará algo mais racional que do simplesmente acreditar no seu líder, seu pastor ou padre. O novo mundo vai se alargar, com acesso a viagens, ao consumo, e isso trará questões para as quais a religião anterior não estava aparelhada.

Qual deve ser o papel da comunicação e do jornalismo nesse debate?

Jorge Cláudio Ribeiro – Os jornalistas deveriam se informar mais. Tradicionalmente, o jornalismo, como classe profissional dotada de certa cultura, é cético. A obrigação dele é ser cético, é duvidar, perguntar, não pode se restringir ao papel de “moleque de recados”. O jornalista não transmite simplesmente, ele tem que questionar. Esse ethos cético impacta com o ethos crente das religiões. Então, os jornalistas não gostam muito das religiões. Mas não têm que gostar ou desgostar. Trata-se de uma realidade social, que deve ser levada em conta. Há um alto índice de pessoas que se dizem ateias no curso de jornalismo, mas pelo menos tinham que ter um respeito maior e isso implica conhecimento. Muitas vezes sou entrevistado e o jornalista não tem preparo nenhum nessa área. É preciso buscar as raízes profundas do tema. Os jornalistas precisavam ser como os médicos, ter estudo permanente e o material com que eles trabalham no seu cotidiano nem sempre permite esse aprofundamento, porque num dia ele está fazendo uma coisa e no outro dia está fazendo outra. É saudável que o jornalista não acredite em tudo, não seja uma pessoa crente como profissional – como pessoa ele faz o que quiser. Mas tem que ser uma pessoa duvidadora, com dúvidas bem fundamentadas por estudo e conhecimento.

Ele cresceu como o filho de conservadores Batistas do Sul e seu irmão, Doug, ainda é um paroquiano ativo.

Falando a jornalistas no Festival de Cannes esta semana, Pitt admitiu que tem “problemas” com a religião.

“Eu tenho tido que trazer coisas ditas serem caminho de Deus, e quando as coisas não davam certo isso era chamado o plano de Deus,” disse ele.

“Eu tenho meus problemas com isso. Não me faça começar. Achei muito sufocante.”

O pai de seis, de 47 anos de idade, esteve em Cannes para a primeira exibição de seu novo filme, com Sean Penn, “árvore da Vida,” no qual ele interpreta um pai autoritário.

Ele expressou a esperança de que as crianças de sua vida real, com Angelina Jolie cresçam pensando nele como um bom pai e ator.

“Eu penso em tudo que eu faço agora que meus filhos vão ver quando eles crescerem e como eles vão se sentir,” disse ele.

“Mas eles me conhecem como um pai e eu espero que eles só pensem em mim como um ator muito bom.”

Pitt não é a única celebridade com “questões” sobre a sua educação religiosa.

A cantora Katy Perry tem falado frequentemente sobre a crescer com pais evangélicos estritos.

Katy Perry disse recentemente que o único livro que sua mãe já leu para ela foi a Bíblia e que a compra de música não-cristã era um não-não.

Katy Perry chegou a ir tão longe a ponto de dizer: “Eu não tive uma infância.”

The Christian Post

Uma pesquisa conduzida por dois acadêmicos da Universidade de Oxford, Inglaterra, intitulada “Projeto de Cognição, Religião e Teologia” teve o custo recorde de 1,9 milhão de libras esterlinas. Sua conclusão final é que o pensamento humano está “enraizado” em conceitos religiosos.

O projeto envolveu ao todo 57 eruditos, oriundos de 20 países, que lecionam disciplinas como Antropologia, Psicologia e Filosofia. A investigação se propunha a descobrir se a crença em divindades e na vida depois da morte são conceitos aprendidos ao longo da vida ou são inerentes ao ser humano.

Segundo o professor Roger Trigg, um dos diretores do projeto, nossa tendência natural é “ver um propósito neste mundo… nós procuramos um sentido. Pensamos que existe algo mais, mesmo que não consigamos vê-lo… Tudo isso tende a gerar em nós uma forma religiosa de pensar”. Para ele, a pesquisa mostrou que religião “não é apenas algo que algumas poucas pessoas fazem no domingo em vez de ir jogar golfe… Reunimos várias evidências que sugerem que a religião é um aspecto comum da natureza humana, presente em diferentes sociedades. Isto sugere que as tentativas de suprimir a religião tendem a ter vida curta, uma vez que o pensamento humano parece estar enraizado em conceitos religiosos, como a existência de deuses ou agentes sobrenaturais, a possibilidade de vida após a morte, e de algo anterior a essa”.

O doutor Trigg destaca ainda que, curiosamente, as pessoas que vivem nas cidades de países mais desenvolvidos, são menos propensas a serem religiosas do que as que vivem no campo ou em áreas economicamente menos desenvolvidas.

Realizado em Oxford, um dos estudos conduzidos pela equipe concluiu que crianças com menos de cinco anos de idade são mais propensas a crer em situações “sobrenaturais”, do que a entender as limitações dos seres humanos. Nesse experimento, perguntava-se às crianças se as mães delas sabiam que objeto estava guardado em uma caixa fechada. Crianças de três anos de idade acreditavam que suas mães e Deus sempre sabiam qual era o conteúdo, mas a partir dos quatro as crianças começavam a entender que suas mães não eram oniscientes.

Outro estudo feito na China mostrou que pessoas de diferentes culturas creem instintivamente que alguma parte de sua mente, alma ou espírito sobrevive de alguma forma após a morte.

O diretor do projeto, Dr. Justin Barret, do Centro de Antropologia e Mente da Universidade de Oxford, afirma que a fé é um fenômeno que subsiste nas diversas culturas do mundo porque as pessoas que compartilham os laços da religião “são mais propensas a cooperar com a sociedade”.

Ele faz questão de enfatizar que “o projeto não se dispôs a provar que Deus ou deuses existem”. O doutor Trigg entende ainda que “tanto ateus quanto as pessoas religiosas podem utilizar o estudo para defender seu ponto de vista”. “Richard Dawkins aceitaria nossas conclusões e diria que temos de evoluir para sair disso. Mas as pessoas de fé podem argumentar que a universalidade do sentimento religioso serve ao propósito de Deus. Se existe um Deus, então ele teria nos dado inclinações para procurá-lo”, conclui.

Os eruditos de Oxford acreditam fortemente que a religião não vai se enfraquecer, como muitos especulam.

Ecclesia

Uma campanha de sondagem de nível mundial, promovida pela empresa IPSOS, veio colocar em causa a noção de uma Europa católica, ao pôr a nu uma acentuada descrença em Deus ou em outro Ser Superior.

“Penso que este estudo ajuda a fazer tocar algumas campainhas de atenção sobre aquilo que está a acontecer na sociedade contemporânea e, do ponto de vista da Igreja Católica em Portugal, é uma boa altura para meditar sobre os perigos de se instalar,” realça Carlos Liz, representante da entidade, especialista em estudos de consumidor e opinião pública, numa entrevista hoje à AGÊNCIA ECCLESIA.

O inquérito, realizado entre 2 e 14 de março, envolveu perto de 19 mil pessoas, representativas de 24 países de todo o globo – desde nações em grande desenvolvimento, como a Rússia, o Brasil ou a Índia, outras atualmente em crise económica, como a Espanha ou a França, e ainda regiões do chamado Terceiro Mundo, como a Indonésia.

Tinha por base três perguntas essenciais, relacionadas com a existência ou não de Deus ou de outra entidade superior, a vida para além da morte e a origem da vida humana.

A partir dos resultados, foi possível verificar desde logo um mundo dividido, em que 51 por cento se diz crente em um (45%) ou vários deuses (6%); e outros 48 por cento em crise acentuada de crença (30%) ou que não acreditam em nada (18%).

“No caso europeu, o que me chamou mais a atenção foi o facto de Portugal estar rodeado de países em processo de descrença acelerado, como por exemplo a Espanha e a França, que durante bastante tempo foram referentes culturais para o nosso país” realça Carlos Liz, que identifica ainda uma relação de dependência bastante acentuada entre os níveis de bem-estar social e de crença.

Países emergentes, como o Brasil, Rússia e Índia, surgem com “francamente crentes”, ao contrário da Espanha e da França, onde “os fenómenos de instabilidade social e económica hão de ter algum reflexo” exemplifica.

Olhando também para nações como a Itália, Polónia, verificamos que, apesar de serem países tradicionalmente apontados como católicos, e o último ter dado até ao mundo um dos mais recentes Papas, João Paulo II, o estudo revela níveis de descrença total em Deus ou de dúvida na ordem dos 47 e 44 por cento, respetivamente.

Para o responsável pelo estudo, que tem colaborado com as ordens religiosas portuguesas na área do Marketing, a fatia da “fé intermitente”, que no total dos países inquiridos atinge os 30 por cento, deve servir como um desafio aos responsáveis católicos de todo o mundo, para “não descansarem na forma”.

“Esta distância e sobretudo o ‘às vezes acredito, outras vezes não’, é uma matéria que pode ser trabalhada pela Igreja, pois quando há dúvidas as coisas ainda estão em aberto” sublinha. Interessa agora “verificar se Portugal acompanha esta tendência”, sustenta ainda, revelando que esse inquérito poderá ser lançado em breve no nosso país.

Fundada em 1975, a IPSOS é atualmente a segunda maior empresa de estudos de mercado e de opinião a nível mundial, com mais de 9 mil colaboradores espalhados por 64 países.

Este tipo de inquérito atrás referido é feito mensalmente, com entrevistas a indivíduos entre os 16 e os 65 anos, e tem uma margem de erro entre os 3,1 e os 4,5 por cento.

Através de leis da física e da filosofia, pesquisador polonês Michael Keller mostra que Deus existe e ganha um dos mais cobiçados prêmios. Ele montou a sua metodologia a partir do chamado “Deus dos cientistas”: o big bang, a grande explosão de um átomo primordial que teria originado tudo aquilo que compõe o universo.

Como um seminarista adolescente que se sente culpado quando sua mente se divide, por exemplo, entre o chamamento para o prazer da carne e a vocação para o prazer do espírito, o polonês Michael Keller se amargurava quando tentava responder à questão da origem do universo através de um ou de outro ramo de seu conhecimento – ou seja, sentia culpa.

Ocorre, porém, que Keller não é um menino, mas sim um dos mais conceituados cientistas no campo da cosmologia e, igualmente, um dos mais renomados teólogos de seu país. Entre o pragmatismo científico e a devoção pela religião, ele decidiu fixar esses seus dois olhares sobre a questão da origem de todas as coisas: pôs a ciência a serviço de Deus e Deus a serviço da ciência. Desse no que desse, ele fez isso.

O resultado intelectual é que ele se tornou o pioneiro na formulação de uma nova teoria que começa a ganhar corpo em toda a Europa: a “Teologia da Ciência”. O resultado material é que na semana passada Keller recebeu um dos maiores prêmios em dinheiro já dados em Nova York pela Fundação Templeton, instituição que reúne pesquisadores de todo o mundo: US$ 1,6 milhão.

O que é a “Teologia da Ciência”? Em poucas palavras, ela se define assim: a ciência encontrou Deus. E a isso Keller chegou, fazendo- se aqui uma comparação com a medicina, valendo-se do que se chama diagnóstico por exclusão: quando uma doença não preenche os requisitos para as mais diversas enfermidades já conhecidas, não é por isso que ela deixa de ser uma doença. De volta agora à questão da formação do universo, há perguntas que a ciência não responde, mas o universo está aqui e nós, nele. Nesse “buraco negro” entra Deus.

Segundo Keller, apesar dos nítidos avanços no campo da pesquisa sobre a existência humana, continua-se sem saber o principal: quem seria o responsável pela criação do cosmo? Com repercussão no mundo inteiro, o seu estudo e sua coragem em dizer que Deus rege a ciência naquilo que a ciência ainda tateia abrem novos campos de pesquisa. “Por que as leis na natureza são dessa forma? Keller incentivou esse tipo de discussão”, disse a ISTOÉ Eduardo Rodrigues da Cruz, físico e professor de teologia da PUC de São Paulo.

Keller montou a sua metodologia a partir do chamado “Deus dos cientistas”: o big bang, a grande explosão de um átomo primordial que teria originado tudo aquilo que compõe o universo. “Em todo processo físico há uma seqüência de estados. Um estado precedente é uma causa para outro estado que é seu efeito. E há sempre uma lei física que descreva esse processo”, diz ele. E, em seguida, fustiga de novo o pensamento: “Mas o que existia antes desse átomo primordial?”

Essas questões, sem respostas pela física, encontram um ponto final na religião – ou seja, encontram Deus. Valendo-se também das ferramentas da física quântica (que estuda, entre outros pontos, a formação de cadeias de átomos) e inspirando-se em questões levantadas no século XVII pelo filósofo Gottfried Wilhelm Leibniz, o cosmólogo Keller mergulha na metáfora desse pensador: imagine, por exemplo, um livro de geometria perpetuamente reproduzido.

Embora a ciência possa explicar que uma cópia do livro se originou de outra, ela não chega à existência completa, à razão de existir daquele livro ou à razão de ele ter sido escrito. Keller “apazigua” o filósofo: “A ciência nos dá o conhecimento do mundo e a religião nos dá o significado”. Com o prêmio que recebeu, ele anunciou a criação de um instituto de pesquisas. E já escolheu o nome: Centro Copérnico, em homenagem ao filósofo polonês que, sem abrir mão da religião, provou que o Sol é o centro do sistema solar.

A caminho do céu

Michael Keller usou algumas ferramentas fundamentais para ganhar o tão cobiçado prêmio científico da Fundação Templeton. Tendo como base principal a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, ele mergulhou nos mistérios das condições cósmicas, como a ausência de gravidade que interfere nas leis da física.

Como explicar a massa negra que envolve o universo e faz nossos astronautas flutuarem? Como explicar a formação de algo que está além da compreensão do homem? Jogando com essas questões, que abrem lacunas na ciência, Keller afirma a possibilidade de encontrarmos Deus nos conceitos da física quântica, onde se estuda a relação dos átomos. Dependendo do pólo de atração, um determinado átomo pode atrair outro e, assim, Deus e ciência também se atraem. “E, se a ciência tem a capacidade de atrair algo, esse algo inexoravelmente existe”, diz Keller.

Fonte: Notícias Cristãs

Corriere della Sera

“Estamos nos dirigindo rumo a um mundo religioso ou laico, mas rumo a um individualismo que conduzirá progressivamente ao que chamaria de a ‘religião Lego’ ou a ‘religião do ego’, em que cada um tomará alguma coisa do cristianismo, do Islã, do budismo, e isso lhe permitirá construir um credo seu”.

Publicamos um trecho do livro de Jacques Attali  Il Senso delle Cose [O sentido das coisas] (Ed. Fazi, 380 páginas), no qual o renomado intelectual francês se confronta com algumas personalidades importantes ( Jean-Claude Trichet, Boutros Boutros-Ghali, Max Gallo e outros) sobre alguns temas centrais do nosso tempo. O livro é realizado em colaboração com Stéphanie Bonvicini.

A difusão de democracia e mercado gera precariedade, à qual a democracia, sozinha, não basta para fornecer sentido. Ela, de fato, organiza a liberdade individual, mas não constitui em si mesma um projeto político que possa nos tornar menos expostos à precariedade.

E eis que renasce a necessidade de encontrar um sentido à duração, seja graças à nação, seja graças à religião. O jugo integralista não resistirá, estou convencido disso, ao desejo de democracia e de consumo dos jovens de todo o mundo. Ao contrário, por reação à sociedade dos consumos, a demanda de religioso se tornará mais forte.

O século XXI será, no início, o século do confronto e da concorrência entre as religiões e dentro do cristianismo e do Islã.

Essa guerra de influência, tão trágica para a humanidade, acabará se resolvendo, a meu ver, com a multiplicação das Igrejas. Acredito que não estamos nos dirigindo rumo a um mundo religioso ou laico, mas rumo a um individualismo que conduzirá progressivamente ao que chamaria de a “religião Lego” ou a “religião do ego”, em que cada um tomará alguma coisa do cristianismo, do Islã, do budismo, e isso lhe permitirá construir um credo seu.

Hoje, a utopia da imortalidade é uma das maiores da nossa sociedade. Nós transmitimos aos nossos filhos um sentido de eternidade. Cristalizamos o tempo em objetos, e isso nos infunde um sentimento de imortalidade: não podemos morrer, acreditamos, antes de ter utilizado esses objetos. E acreditamos que a ciência nos dará a imortalidade por meio do prolongamento da duração da vida e da clonagem. Mas estas pesquisas não impedirão que os homens tenham necessidade de um pacto com a morte, isto é, de imaginar um além.

Vê-se isso particularmente na sociedade norte-americana, em que a democracia não consegue realizar um sonho laico. O religioso também poderia colocar sobre o poder político uma camada de chumbo, de tal forma que obstaculizasse o seu funcionamento democrático. Nos Estados Unidos, os pregados têm um papel sempre mais relevante na vida política. O próprio George W. Bush foi eleito graças aos votos dos evangélicos, que não deixam de crescer em todo o mundo – hoje são mais de 160 milhões.

Essas Igrejas, nascidas do protestantismo e da Igreja pentecostal, utilizam todos os meios de comunicação para fazer proselitismo, prometendo a riqueza e o Paraíso. Por enquanto, são só máquinas para a conversão, não para a conquista do poder político. Se as nossas sociedades não souberam dar um sentido pleno à morte, e se os indivíduos não souberem construir uma relação individual com a vida, então certas religiões irão impôr uma relação coletiva com a morte.

Atualmente, assistimos, portanto, a uma batalha entre a uniformização das religiões, a sua tentativa de conquista global e a sua diversificação, a sua fragmentação e balcanização. Uma fragmentação que hoje é parcial, mas que amanhã será ainda mais drástica, e em que cada um trará a sua própria definição de religioso. A distinção entre seitas e religiões será sempre mais incerta.

Assim, poderemos tender a uma religião individualista em que cada um usaria a sua própria relação com o mundo, a natureza e aquilo que chama – ou não chama – de Deus como fator explicativo do mundo. É a religião Lego, do nome do brinquedo de construções.

O século XXI verá surgir, no início, toda espécie de novas religiões. Algumas permitirão acreditar em uma imortalidade pessoal. Outras fornecerão aos homens uma moral coletiva. Outras ainda permitirão pensar de modo diferente a relação com a natureza. Todas durarão muito menos do que as religiões atuais. Depois, cada um agirá de modo pessoal.

Na música, a criação contemporânea não se fundamenta mais na escrita de uma partitura em notas, mas sim em uma mistura de obras escritas por compositores anteriores diversos, com técnicas diversas. Do mesmo modo, em matéria de fé, essa vitória do “e” sobre o “ou” fará da hibridização das religiões o início de um mundo infinitamente mais variado. Um mundo em que cada um fabricará a sua própria religião, como no Lego. Uma religião pessoal. Uma religião do ego.