O cardeal Baltazar Porras, administrador apostólico de Caracas e arcebispo de Mérida, na Venezuela, afirmou em reunião com a Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que a Igreja Católica é perseguida pelo regime ditatorial de Nicolás Maduro porque mantém uma postura firme de defesa do povo venezuelano diante dos erros do governo, que geraram e pioram continuamente a crise social, econômica, política e moral que assola o país.

Dom Baltazar denunciou, por exemplo:

  • as restrições impostas pelo regime aos centros educacionais católicos: “Parece que tentam colocar obstáculos para que a própria Igreja feche os seus colégios“;
  • os ataques do regime contra paróquias, mediante os “conselhos comunais e grupos pró-governo chamados ‘coletivos’“, que, nas áreas populares de Caracas, “ficam nas portas das paróquias para ouvir o que o padre diz na homilia: se não gostam, começam as ameaças“;
  • as contínuas pressões “sutis” para que não critique publicamente o governo;
  • as ameaças verbais e perseguição contra obras sociais como a Cáritas, que chegou a sofrer até confisco de medicamentos destinados a doação.
O cardeal destacou também a resistência e resiliência da Igreja perante a perseguição:

“A Igreja é a única instituição que permanece incólume, graças à proximidade com as pessoas e à nossa presença em todos os ambientes. Além disso, a Igreja teve a coragem de apontar os defeitos deste regime, que gerou um conflito social em crescimento”.

Sobre a fuga massiva de venezuelanos da própria terra, ele comenta:

“As pessoas vão embora por causa da situação econômica, dos seus ideais políticos, outros por causa da perseguição que existe no país. O aparato econômico está praticamente destruído. Há carência de emprego e de assistência à saúde. Os especialistas classificam tudo isso como economia de guerra”.

Sobre a situação da Venezuela se a Igreja Católica não estivesse presente no país, o cardeal afirmou:

“A situação seria pior e se agravaria para muitas pessoas. Nós, que ficamos, sentimos falta da companhia e sofremos também, porque muitos que foram embora não estão em boa situação. A Venezuela está se tornando um problema geopolítico que afeta outros países. Já há 4 milhões de venezuelanos fora do país; 1,5 milhão na Colômbia; 700 mil no Peru; 400 mil no Chile; 500 mil na Flórida, e dizem que a metade deles não tem documentação; e muitos outros em outros países da América e da Europa. É muito triste”.

Estima-se que 168.000 venezuelanos estejam refugiados no Brasil.

No relatório divulgado em junho, estimando em 4 milhões o total de refugiados venezuelanos no exterior, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) também informaram que se trata do segundo maior grupo populacional deslocado no planeta, atrás apenas dos refugiados sírios, que somam 5,6 milhões de pessoas. 

Estão publicadas as “novas medidas” para controlar os sites de atividade religiosa na Internet na China.

É proibido difundir cerimônias religiosas por streaming (ao vivo na internet), orações, pregar e queimar incenso. Quem quiser abrir um site religioso, deve pedir permissão às autoridades e ser julgado moralmente saudável e politicamente confiável. Não é permitido converter nem difundir material religioso. Mas o despertar religioso na China já é incontrolável.

De agora em diante, será proibido evangelizar on-line. A Administração Estatal para os Assuntos Religiosos emitiu regras para as atividades religiosas via internet que proíbem a difusão de cerimônias religiosas por streaming (ao vivo na internet), incluindo a oração, a pregação e até mesmo a queima de incenso.

As novas regras também proíbem alguns conteúdos sensíveis: é proibido postar a menor crítica à liderança do Partido e à política religiosa oficial; promover a participação de menores em cerimônias religiosas, usar a religião para derrubar o sistema socialista.

As novas regras estão publicadas no site de informações jurídicas do governo chinês sob o título “Medidas para a gestão de informações religiosas na Internet”. Ainda estão na forma de minuta, e aguardam comentários do público, mas como quase sempre acontece, o rascunho é na prática o texto definitivo. As “Medidas…” estão divididas em cinco capítulos e contêm um total de 35 artigos. Os cinco capítulos tratam de regras gerais, aprovação de serviços de informações religiosas on-line, da gestão, das responsabilidades legais e algumas disposições suplementares.

Nelas, é estabelecido, por exemplo, que qualquer pessoa que queira abrir um site religioso deve solicitar permissão às autoridades e ser julgada moralmente saudável e politicamente confiável.

Organizações e escolas que recebem a licença podem transmitir suas instruções pela Internet apenas em sua rede interna, onde o acesso só é permitido com nome e senha registrados. As regras enfatizam que tais organizações não podem tentar converter alguém e não podem distribuir textos religiosos ou outro material.

As novas medidas são muito mais restritivas e analíticas em relação às Novas regulamentações sobre as atividades religiosas, implementadas em fevereiro (mas tornadas públicas em setembro de 2017, como rascunho, e em outubro como texto definitivo).

Os Novos Regulamentos (v. os artigos 68 e 45) proibiam conteúdos que “minam” a coexistência de religiões e pessoas não-religiosas, ou que anunciam o extremismo religioso, ou que não apoiam os princípios de independência e autogoverno das religiões. Mas admitiam a distribuição ao público de informações e material religioso, em conformidade com a lei.

As novas “Medidas …” parecem ter sido projetadas para impedir a difusão de ensinamentos religiosos na internet e bloquear o crescente interesse espiritual na sociedade chinesa, onde o despertar religioso já é incontrolável.

Para controlar o tumultuoso crescimento religioso na China, o presidente Xi Jinpingalguns anos atrás lançou uma campanha de “sinicização” para assimilar as religiões na cultura chinesa e, principalmente, para submetê-las à hegemonia do Partido Comunista, tornando-as um instrumento político.

A China é o país com maior presença da Internet, mas também é o local onde as informações on-line estão sujeitas a um dos controles mais eficientes e absolutos.

Fonte: Asia News

Buracos de bala nas paredes, janelas e em imagens de santos da igreja da Divina Misericórdia de Manágua são o testemunho da violenta repressão das forças do governo aos estudantes opositores, em um dos episódios mais violentos da crise política que já deixou mais de 280 mortos em três meses de protestos na Nicarágua.

O dano material mais icônico está na imagem de Cristo, que tem três perfurações de bala, incluindo uma no peito, de onde parecem emanar raios de luz.

“Esta imagem (do Cristo da Divina Misericórdia) foi trazida da Polônia e é uma réplica da original. Agora vai ficar assim, porque estes três buracos representam o sofrimento do povo”, declarou o vigário Erick Alvarado.

Estudantes da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN) se refugiaram na Igreja no sábado passado, após a desocupação pela força do centro educacional, e ficaram cercados no templo durante cerca de 12 horas, ao lado de sacerdotes e jornalistas, sob o fogo das forças governamentais.

O incidente deixou dois mortos e dezenas de feridos.

“Isto (os danos) vai ficar como lembrança de tudo o que vivemos”, declarou Alvarado, que narrou os momentos de terror que passou ao lado dos estudantes.

A igreja da Divina Misericórdia, próxima à UNAN, ficou lotada nesta sexta-feira, durante a jornada de orações e jejum convocada pela Igreja católica a favor do diálogo entre governo e oposição.

Foi a primeira missa de desagravo após o ataque e no momento em que o presidente Daniel Ortega acusa os bispos – mediadores do diálogo – de “golpistas” comprometidos com uma “conspiração” contra o governo.

“Foi uma noite de terror. As duas da madrugada cortaram a energia e ficamos no escuro, e todos se jogaram no chão por medo dos tiros…”, recordou Alvarado.

“Temi por minha vida, em certo momento pensei que era meu último dia”, disse o padre Alvarado, que apenas olhava a imagem do Cristo crucificado e rezava com o rosário em suas mãos.

“Jamais pensei que poderiam atacar uma Igreja, a casa de Deus”, comentou Alvarado, que conseguiu sair do local após 12 horas de cerco, graças à mediação do cardeal Leopoldo Brenes e de organismos de direitos humanos.

Aleteia

 

 

 

A Igreja Católica denunciou uma nova agressão contra a Nicarágua, após um grupo de desconhecidos ter incendiado a sede da Cáritas, em meio a uma crise que deixou mais de 351 mortos, em protestos contra o presidente Daniel Ortega.

“Incêndio registrado tarde da noite nos escritórios da Cáritas, no município de Sébaco (norte). Rechaçamos este e outros fatos que durante as últimas semanas prejudicaram o povo nicaraguense e a igreja”, informou a Diocese de Matagalpa em suas redes sociais.

A Igreja Católica e seus mais altos representantes, que participam no diálogo nacional entre o Governo e a sociedade civil para buscar uma saída para a crise, sofreu diversos tipos de agressões por parte de grupos situacionistas, desde a deflagração social de abril passado.

O ataque mais recente foi ontem contra o veículo em que viajava o bispo de Estelí(norte), o nicaraguense Abelardo Mata, por um grupo de parapoliciais que se mantinham postados na estrada que conduz de Manágua a Masaya, denunciou um magistrado de um Tribunal de Apelações.

O mais comentado ocorreu na Paróquia da Divina Misericórdia, ao sul de Manágua, que durante 13 horas, neste final de semana, foi atacada com armas de guerra pelas “forças combinadas” do Governo, por servir de abrigo a estudantes universitários que fugiam das balas e que acabou em duas mortes.

“Recordamos que tais atos não contribuem para a paz e unicamente prejudicam e aumentam o estado de crise em que vive o país. Além disso, a Igreja sempre, apesar dos obstáculos, destacamentos e ameaças, continuará acompanhando o povo”, reiterou aDiocese de Matagalpa.

No último dia 9 de junho, forças situacionistas e parapoliciais, encapuzadas e fortemente armadas, invadiram a basílica de Diriamba para agredir o núncio Stanislaw Waldemar Sommertag, o cardeal Leopoldo Brenes, o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, e outros dois sacerdotes, enquanto resgatavam os paramédicos das ameaças desse grupo.

A sede da Cáritas, localizada a 101 km ao norte de Manágua, foi incendiada por homens em motocicletas e encapuzados, segundo as testemunhas.

O clero nicaraguense tem sofrido todo o tipo de ofensas através das redes sociais por pessoas que defendem Ortega, e que consideram que os sacerdotes estão contra o seu Governo.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) responsabilizou o Governo da Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e detenções arbitrárias cometidas contra a população majoritariamente jovem do país”.

As denúncias da CIDH são apoiadas pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e pela maioria do Congresso Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA), mas o Governo nicaraguense nega. A Nicarágua atravessa uma crise sociopolítica, a mais sangrenta desde os anos 1980, com Ortega também como presidente.

Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram no dia 18 de abril passado, por algumas falidas reformas da seguridade social e se tornaram uma exigência de renúncia do mandatário, após onze anos no poder, com acusações de abuso e corrupção.

Religión Digital

País vive o pior banho de sangue desde a guerra civil. Protestos contra o Governo já deixaram um saldo de 351 mortos.

A Nicarágua terminou a semana mergulhada em uma nova onda de protestos contra o Governo de Daniel Ortega. Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para pedir a destituição do ex-guerrilheiro sandinista.

O país está mergulhado em sua pior crise política desde o final da guerra civil de 1990. A repressão praticada pelo Governo de esquerda a manifestações contra seu mandato já deixou desde 19 de abril deste ano um saldo de 351 mortos, sendo 306 civis e 22 menores de 17 anos. Os dados da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPHD) também apontam que 261 pessoas estão, neste momento, desaparecidas ou sequestradas. Ortega nega as acusações e afirma que os protestos são uma cortina de fumaça para as ‘intenções da direita’, que quer tirá-lo do poder.

A onda de protestos começou no final de abril, quando multidões começaram a tomar as ruas contra as reformas impostas por decreto pelo sandinista para a Previdência Social. Eles se opunham à mudança que reduzia as aposentadorias em 5% e aumentava as contribuições das empresas e dos trabalhadores para resgatar o Instituto Nicaraguense de Seguridade Social (INSS). Após três dias de dura repressão aos atos, dez pessoas já haviam sido mortas pelas forças militares, policiais e paramilitares, grupos irregulares armados que defendem o Governo.

Ao longo dos dias, os protestos não davam sinais de que iriam recuar. E se juntavam ao descontentamento de nicaraguenses da região do Caribe, onde milhares de camponeses se opõem ao Governo por conta da entrega da concessão ao empresário chinês Wang Jing da construção um Canal Interoceânico, um projeto visto como ameaça a milhares de famílias da região. Igreja e empresários se juntaram aos pedidos da população e exigiam a revogação da reforma.

Em 22 de abril, após cinco dias de intensos atos, Ortega finalmente voltou atrás e cancelou a Reforma da Previdência. Ao menos 41 pessoas haviam morrido, segundo os dados da época do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos. Mas os protestos não recuaram. A forte repressão gerou um imenso mal-estar e desencadeou novas ações, que exigiam a paz no país e o fim do regime sandinista. Em 29 de abril, centenas de milhares de pessoas foram às ruas convocados pela Igreja. Ao lado dos bispos, familiares dos assassinados na repressão contra os manifestantes e milhares de camponeses.

Em 13 de maio, confrontos na cidade de Masaya, que começaram no bairro indígena de Monimbó, voltaram a levantar o terror da repressão. Moradores relatavam que os grupos paramilitares estavam armados com fuzis Kalashnikov e disparavam impunemente, apesar da presença da polícia. Em Manágua, capital do país, estudantes se entrincheiravam na Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua e na Universidade Politécnica, mesmo depois de terem sido atacados por forças do Governo, num saldo de 2 mortos e pelo menos 16 feridos. A cifra de mortos já passava de 50.

Mais dispersos, os protestos continuaram. Até esta nova onda de protestos mais recente, em 10 de julho, Ortega intensificou a repressão e ao menos 17 pessoas morreram em 24 horas no país. Dois dias depois, o país mergulhou em novos protestos de grande magnitude. E a conta de mortos já atingia 365 pessoas, segundo Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPHD).

Ortega afirma que não deixará o poder e acusa os políticos de direita de orquestrarem os protestos para retirá-lo do poder. Para ele, os protestos contra seu Governo são um reflexo de que “o demônio está mostrando as unhas”. O esquerdista, por sua vez, é acusado pelos seus opositores de querer se perpetuar ao poder a qualquer custo. Ele está há 11 anos à frente do país, ao lado de sua mulher, que é vice-presidente. Sua última vitória, em 2016, foi contestada pela oposição, que a acusou de fraudulenta. Mas Ortega soube se segurar ao poder por meio de alianças pragmáticas. Se aproximou da Igreja ao encampar políticas “pró-família”, como leis rigorosas contra o aborto. E organizou uma agenda pró-mercado, para aproximar o empresariado. “Uma sofisticada estratégia — alimentada até recentemente pela farta ajuda econômica da Venezuela — que deixou a oposição dividida e desorganizada”, analisa Oliver Stuenkel, professor adjunto de Relações Internacionais na FGV em São Paulo.

Com o aumento da repressão, as forças que se aglutinaram a seu favor foram se rompendo ao longo do caminho. Ele recebeu sinais claros da Igreja de que deveria deixar o poder. Mesmo sinal que recebeu do empresariado. A Organização dos Estados Americanos (OEA) apoiou nesta semana um documento crítico à repressão no país em que se afirma que estão sendo cometidas “práticas de terror, com detenções em massa e assassinatos”, conforme adiantou o jornal Folha de S.Paulo.

A ação se soma a um pedido feito no início deste mês pelo alto-comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, para que o país ponha fim à violência e desmobilize os indivíduos armados pró-Governo. E também à sanções unilaterais já impostas pelos Estados Unidos. Novas sanções poderiam ser um peso muito grande para o país, de economia frágil e altamente dependente de uma Venezuela em crise.

Fonte: El País

O bispo de Estelí, Juan Abelardo Mata, sofreu um atentado a tiros, neste domingo, do qual saiu ileso, conforme informou um colaborador do religioso, que apontou que a vítima buscou refúgio na casa de um familiar.

A agressão por parte de efetivos parapoliciais ocorreu no setor da localidade de Nindirí, no departamento (província) de Masaya, a uns 30 quilômetros ao sudeste de Manágua, capital da Nicarágua, onde Mata presidiu uma missa, acrescentou Roberto Petray, em declarações ao canal de televisão 100% Noticias.

Quase simultaneamente, na próxima Catarina, o sacerdote Jairo Velásquez foi atacado a golpes, por efetivos parapoliciais, quando estava na casa paroquial da igreja Santa Catalina, informou José Alberto Velásquez, irmão do religioso.

No caso de Mata, um dos cinco bispos que atuam como mediadores e avalistas no Diálogo Nacional entre governo oposição, no marco da violenta crise que afeta a Nicarágua, os parapoliciais dispararam contra a caminhonete na qual se deslocava, apontou Petray.

“Eles não se aproximaram, apenas alvejaram o carro”, apontou Petray, destacando que o bispo se refugiou na casa de um familiar, em Nindirí. O veículo recebeu impactos de bala em vidros e pneus, informou.

O arcebispo de Manágua e presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua(CEN), cardeal Leopoldo Brenes, lamentou a agressão e exortou os nicaraguenses a manter as orações pelos bispos.

“Agradecemos a todos por estar preocupados com ele. Peço de todo o coração que continuemos orando imensamente pelos bispos e sacerdotes para que possam cumprir a missão encomendada sob a proteção de Nossa Senhora do Carmo”, disse em um comunicado.

O bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, um firme crítico do governo nicaraguense presidido por Daniel Ortega, confirmou, na rede social Twitter, que Mata não foi atingido pelas balas.

“Acabo de falar com dom Juan Abelardo Mata. Após um incidente sofrido em Nindirí, graças a Deus estão bem e fora de perigo”, tuitou Báez.

Por sua parte, o irmão do sacerdote agredido em Catarina, citado pelo jornal local El Nuevo Diario, relatou que, além de bater no religioso, os agressores causaram danos materiais na casa paroquial.

“Ele me disse que lhe bateram (…), está intimidado e não pode falar muito. Eu lhe perguntei se queria que eu fosse até ele e me disse que não, depois, perguntei-lhe se estava cercado de policiais e me disse que sim”, informou José Alberto Velásquez, que acrescentou:  “disse-me que levaram o seu tablet e um servidor de seu computador”.

Além disso, fez um chamado aos grupos parapoliciais para que se abstenham de agredir o sacerdote e de atacar a Igreja.

“Por favor, desistam de perseguir a igreja, deixem o meu irmão. Ele está lá, com seus fiéis, não existe motivo para que agridam as pessoas. Lá (no templo) não há armas, apenas as batinas e os santos”, destacou.
    
As agressões se somaram a fatos violentos que vários sacerdotes, até mesmo alguns bispos, sofreram na semana passada.

Os acontecimentos deste domingo vieram um dia depois que, em uma Mensagem Pastoral, a CEN afirmou que a violação aos direitos humanos que vem sendo registrada na Nicarágua, no marco da violenta crise sociopolítica deflagrada há quase três meses, não tem precedente.

Houve um aumento da repressão e a violência efetivadas por forças policiais, grupos paramilitares e civis pró-governamentais armados contra manifestantes opositores, conforme denunciaram, no texto, os 10 integrantes da CEN.

São ações extremamente condenáveis como as agressões a religiosos, jornalistas, e defensores dos direitos humanos, assim como ataques a templos católicos, advertiram.

A mensagem foi emitida em razão de que, no marco de um ataque de aproximadamente 18 horas de duração – da tarde da sexta-feira até a manhã de sábado -, grupos paramilitares dispararam, reiteradamente e em rajadas, armas de alto calibre contra a sede da Universidade Nacional autônoma da Nicarágua (UNAN) de Manágua, baleando vários dos aproximadamente 100 estudantes no interior e matando a dois. O ataque à UNAN se dá no marco da crise sociopolítica deflagrada no dia 18 de abril, por causa de um falido decreto presidencial que pretendia reformar o sistema de aposentadorias do Instituto Nicaraguense de Seguridade Social (INSS).

Retirado o decreto, o protesto generalizado se centrou na massiva exigência popular de que Ortega e sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, renunciem a seus respectivos cargos, uma demanda que o casal governante se nega a acatar.

Religión Digital

Socialista Daniel Ortega, ex-líder revolucionário e popular da Nicarágua, que se tornou hoje um pequeno déspota, patético e sanguinário, não tem mais amigos nem aliados. 

Todos, com o passar dos anos, o abandonaram e se afastaram do movimento sandinista de Ortega que, nas eleições presidenciais de 2017, encontrou como candidato para a vice-presidência, a fim de formar a chapa de governo, apenas sua esposa, a poetisa Rosario Murillo. Ortega, no cargo desde 2007, já reeleito duas vezes, deveria agora governar até 2022, quando, como aconteceu no passado, encontrará todos os mecanismos e pretextos “constitucionais” para conseguir novo mandato. Isso é o que melhor sabe fazer Ortega. Como governante, tanto no primeiro período 1979-1985, e agora desde 2007, sempre se mostrou muito fraco em resultados e, em essência, a Nicarágua de Daniel Ortega é a mesma daquela do final da ditadura dos Somoza, quase 40 anos atrás.

Ortega compartilha, entre outros, com vários governos que se mostraram igualmente incapazes de fazer progredir este pequeno e pobre país da América Central, com pouco mais de 6 milhões de habitantes em 123 mil quilômetros quadrados. Basta lembrar que, hoje, na Nicarágua os pobres, ou seja, aqueles que não conseguem atender as necessidades diárias de alimentos são 42% da população. “La Prensa”, observou há algum tempo que, na verdade, 60% dos nicaraguenses são pobres, porque não conseguem comprar todos os 53 produtos básicos mínimos de uma alimentação suficiente e equilibrada.

Obviamente, a propaganda do governo, um setor em que Ortega investe grandes somas de dinheiro que subtrai do bem-estar do povo, afirma o contrário. O mesmo padrão se repete em muitas outras situações, a tal ponto que qualquer nicaraguense diante da pergunta: “como definiria o governo Daniel”, responde: “uma fábrica de mentiras.”

Foi a fome do povo da Nicarágua que colocou em marcha o protesto em massa contra o governo em abril passado. E é ainda a fome para explica porque os protestos continuam há mais de três meses e que, provavelmente, não irão parar tão facilmente.

Ortega, praticamente sem contato com a realidade, cercado e protegido por um restrito círculo de pessoas, todas associadas com as grandes corrupções que caracterizam o governo orteguista desde 2007 em diante, está convencido que a igreja católica nicaraguense seja agora “uma força a serviço do imperialismo” ou também “uma força antipatriota”; “uma força do capitalismo brutal e reacionário” (todas expressões que aparecem na imprensa pró-governista).

Certamente Ortega, por enquanto, não vai romper ou atacar abertamente a igreja católica; em vez disso, tentará manter aberto um canal de diálogo com os bispos. Em privado, no entanto, Ortega já autorizou um plano específico para as suas forças paramilitares: justamente, contra a igreja, os bispos, e todas as organizações envolvidas no trabalho pastoral. Ortega sabe muito bem como fazer isso; já fez isso no passado, com ferocidade e lucidez.

Já fez isso com são João Paulo II durante a sua primeira visita em 1983. Naquela ocasião, no decorrer da Missa do Papa, alguns técnicos da Rádio Vaticana responsáveis pelo áudio papal foram ameaçados com armas nas cabeças para que diminuíssem o áudio do Papa e aumentassem o som ambiental para que fosse possível ouvir melhor alguns coros preparados com antecedência pedindo ao pontífice uma tomada de posição contra os grupos anti-sandinistas.

Fonte: Il Sismografo

Os bispos da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) afirmaram que “é um verdadeiro crime que clama ao céu” adiantar as eleições nesse país em meio à grave situação de miséria e fome que vive a nação.

“É um absurdo ético e humano, um verdadeiro crime que clama ao céu, que em meio a uma situação de miséria, fome, falta de serviços, morte e desintegração nacional, privilegie-se um espetáculo de distração e alienação, em condições desiguais, contra todo o senso de equidade e serviço à população”, indicaram os bispos em comunicado divulgado na segunda-feira, 29 de janeiro.

A Assembleia Nacional Constituinte (ANC) emitiu um decreto em 23 de janeiro para adiantar as eleições que normalmente são realizadas em dezembro, uma medida que foi “aprovada por aclamação”, segundo indicou Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia.

Depois da aprovação do decreto, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro pediu ao “Poder Eleitoral para definir a data imediatamente para acabar com isso logo, ganhar as eleições e começar a fazer uma grande e necessária revolução 2018. Vamos acabar com isso de uma vez por todas”.

Maduro disse que as eleições serão realizadas com ou sem oposição.

Em seu comunicado, os prelados assinalaram que, “na Democracia, a primeira responsabilidade de cada governante é atender às necessidades básicas das pessoas, que hoje infelizmente são obrigadas a passar fome, a não contar com os serviços mínimos indispensáveis para a vida, em algumas ocasiões até morrer, e em outras, emigrar diante da necessidade de sobrevivência”.

Após recordar que o povo é que garante a soberania “e não uma instância falsa”, os bispos ressaltaram que para isso é necessário “instituições do Estado que respeitem a vontade do povo”.

“Além disso, devemos recordar que, se realmente vivemos em uma democracia, a instituição eleitoral – CNE – deve manter a sua autonomia e servir ao povo eleitor”, acrescentaram.

De acordo com a BBC, não se sabe qual candidato da oposição poderia apresentar-se, pois os principais líderes, Henrique Capriles e Leopoldo López, estão inabilitados.

O adiantamento das eleições foi rejeitado pela oposição venezuelana e pelo Grupo de Lima, que reúne representantes de 14 países da América.

O chanceler chileno Heraldo Muñoz, leu um comunicado a respeito, o qual indica que “esta decisão impossibilita a realização das eleições presidenciais democráticas, transparentes e credíveis”.

No comunicado divulgado na segunda-feira, os bispos afirmaram que “a liderança política deve assumir com responsabilidade a situação difícil: a comunidade internacional declarou abertamente sua convicção de que a ação do governo é inaceitável. A liderança dos partidos políticos tem sido, muitas vezes, deficiente e incoerente”.

“Devem abrir-se a buscar um consenso com os diferentes setores da sociedade, pois uma condição essencial é reconhecer e conseguir uma unidade política que vá muito além das alianças eleitorais”, continuaram.

Do mesmo modo, reiteraram o que expressaram em 12 de janeiro: “A Assembleia Nacional Constituinte é inconstitucional e ilegítima em sua origem e desempenho. Em vez de escrever uma nova Constituição, pretende tornar-se um suprapoder com funções executivas e judiciais”.

Ao concluir, os bispos da CEV destacaram que “a situação e o momento que os venezuelanos enfrentam ante esta crise global, ‘requer uma grande esperança junto com ações concretas que contribuam a fim de melhorar as condições de vida, dignificando as pessoas e fortalecendo as famílias e as comunidades às quais pertencemos’. Nós estamos dispostos a colaborar para que encontremos o rumo de uma Venezuela fraterna e de todos”.

“Que o Espírito nos ilumine e nos fortaleça para servir o nosso povo”, concluíram.

ACI Digital

Em entrevista à Agência Sir, o bispo de  Barinas e presidente da Conferência Episcopal Venezualena, denuncia o problema da fome e da desnutrição, a deterioração da saúde de crianças e adultos, a fuga ao exterior de mais de 2 milhões de jovens e adultos, as violações dos direitos humanos e a falta de democracia.

Lançamos um apelo urgente ao governo sobre temas como a desnutrição e a falta de saúde, e pedimos para que seja aberto um processo democrático e de participação dos cidadãos”, afirma Dom Azuaje.

“Fazemos votos de que se possa chegar a um processo de negociações entre governo e oposição, capaz de favorecer o povo que está sofrendo e não os partidos. A nossa missão é defender a vida das pessoas e da população. Dizemos isto continuamente, quer ao governo como aos partidos de oposição’.

Emergência humanitária

Na Venezuela – recorda o presidente da Conferência Episcopal Venezuelana – “estamos em uma situação crítica no lado humanitário: faltam alimentos, não existem remédios, os produtos necessários para a produção agrícola, o transporte de mercadorias é difícil. Existem muitos produtos não encontrados nas lojas ou são muito caros. O salário médio dos trabalhadores não é suficiente para assegurar uma dieta suficiente. Isto gera muita inquietação e desolação”.

Privilégios somente para o Partido do governo

Neste contexto – prossegue o prelado – “a cada dia há uma nova declaração por parte do governo e da Assembleia Constituinte, que favorece somente o partido do governo e os governantes, sem levar em consideração as instâncias do povo. Infelizmente nos encontramos em uma situação muito grave e delicada, por causa da pouca democracia que restou e da emergência humanitária”.

Dom Azuaje reitera que “a Igreja está sempre aberta a qualquer processo de diálogo”.

(Agência Sir)

A Conferência Episcopal da Bolívia (CEB) criticou o novo Código do Sistema Penal do país e pediu sua revogação, pois é “um código feito à medida dos interesses do poder e não dos do povo” e fere o direito à vida e à liberdade religiosa.

A nova versão do Código, alertam os bispos, “atenta contra direitos humanos e cidadãos fundamentais, é intencionalmente ambíguo na formulação com a qual se cria insegurança jurídica e significaria um retrocesso dos valores democráticos conquistados pela sociedade boliviana”.

Por estas razões, pediram aos legisladores que “se tenha a sabedoria de anulá-lo e se inicie um debate amplo, franco e transparente com todos os setores envolvidos, sem cair uma vez mais na costumeira e fácil acusação de tramas de conspiração e desestabilização contra o Governo”.

A CEB enumerou alguns dos artigos que rechaça, como o 157 que estabelece que o aborto poderá ser realizado até a oitava semana de gestação sempre que houver consentimento da mulher grávida, e também não constituirá infração penal se a mãe for criança ou adolescente.

Criticaram também a anulação dos delitos de bigamia e abandono da mulher grávida, já que se “deixa desprotegida a família”; e o artigo 107 que despenaliza o microtráfico de droga.

Os bispos também denunciaram que o novo Código do Sistema Penal “implementa o delito do recrutamento com fins religiosos realizado por instâncias religiosas, cuja ambiguidade manifesta atenta claramente contra a liberdade religiosa no artigo 88.I.11”. Este artigo é particularmente polêmico, pois dá margem a interpretar como crime as atividades evangelizadoras da Igreja.

“A lista de artigos questionáveis poderia ser muito mais longa”, continua o comunicado, “mas os exemplos citados servem para qualificá-lo como um código feito à medida dos interesses do poder e não dos do povo”.

Para a Conferência Episcopal da Bolívia essas “imposições unilaterais ameaçam a convivência pacífica”, razão pela qual pedem, “no espírito de verdadeira democracia participativa e em consideração da grande importância que reveste o Código do Sistema Penal, tenha-se a sabedoria de anulá-lo”.

“O ano novo que acaba de iniciar está em nossas mãos, não o tornemos um ano de conflitos e de luto, sejamos operadores de paz sobre os alicerces da justiça, da liberdade e da verdade”, conclui o comunicado.

Fonte: ACI

O socialismo é uma doutrina segundo a qual toda e qualquer transcendência deve ser refutada imediatamente como ideológica. A única realidade seria o dado sensorial imediato. Toda e qualquer interpretação deste, o que inclui a filosofia inteirinha, é por seus sustentadores considerada como ideologia opressora, autoritária e silenciadora.

Como, porém, alguém chega à afirmação grotesca de que Jesus Cristo teria sido socialista?

A distorção cognitiva é tão grande que requer a análise de cada termo do julgamento.

O termo “socialista”, aqui, é esvaziado de seu significado real, filosófico e histórico, e forjado retoricamente a partir de ideias difusas, genéricas, inconsistentes, imprecisas, composto pela revolução cultural gramsciana, que tomou os seus aspectos positivamente interpretáveis, quase de modo sentimentalista, para repropor o produto de modo propagandisticamente atraente. E deu certo durante um tempo!

Ninguém sabia bem o que era o socialismo, mas as pessoas acreditavam que era uma coisa boa, que nunca deu certo, embora ninguém saiba muito bem o porquê, muito menos os socialistas, e que todo mundo que era “do bem” devia ser socialista de algum modo…

Neste sentido, Paulo Freire soube traduzir o ideário socialista num discurso tão sentimentalmente apelativo para a consciência cristã que, finalmente, conseguiu aquilo que a filosofia marxista de Karl Korsh pretendia: substituir a consciência do homem pela estrutura mesma do marxismo.

A falsificação, embora grosseira, precisava ir muito mais além, e recriar a própria imagem de Jesus Cristo. Em certo sentido, teria de dar-se a inversão completa do dado bíblico: agora teríamos que criar um Jesus Cristo à imagem e semelhança do “homem novo” socialista. Mas, como fazê-lo?

Havia um modo. Já nos finais do século XIX, a teologia protestante histórico-critica havia criado aquilo que, em lógica, se chama “falácia de falsa dicotomia”: o Cristo da fé versus o Jesus histórico. Aquele seria uma elaboração posterior da comunidade dos crentes, este seria o personagem real, com uma práxis histórica revolucionária.

Com um golpe de retórica, transformaram Cristo em mitologia e, obviamente, como o Jesus histórico seria em si mesmo inacessível, transformaram-no também num mito, num arquétipo que, apesar de inalcançável, seria, pelo menos, manipulável. A tese foi condenada por São Pio X, mas pouca gente deu importância.

A chamada “cristologia de baixo” se tornou o campo fértil para o desmonte do imaginário cristão. Apresentando-se um Jesus “humano demais” conseguiu-se interceptar nele um novo Cristo, desconhecido até então, um Cristo socialista.

Como, porém, esta série de desvios se tornou possível? Um sem-fim de forçações flagrantes, inadequadas, absurdas, que fizeram Cristo caber nos estreitíssimos limites materialistas do socialismo…

Não é possível substituir a fé por uma ideologia sem, antes, desligar a própria fé no coração do homem.

Se apresentassem este Cristo socialista para Agostinho, Tomás de Aquino, Teresa d’Ávila, Inácio de Loyola ou Francisco de Assis, eles desprezariam o simulacro como uma loucura, no máximo, digna de risos. Isso jamais os convenceria!

Por quê? Porque, evidentemente, eles sabiam quem era Cristo. A luz da fé, brilhando em suas almas, dava-lhes a percepção clara de Jesus Cristo vivo, uma Pessoa real, na qual não há dicotomia alguma. É o Verbo Eterno, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnada, e pronto!

Num certo dia, quando Santa Teresa recebeu a primeira vez a graça da oração contemplativa, disse ao seu confessor: “eu vi Jesus Cristo”. Ele perguntou-lhe como era Cristo. Ela não soube explicar. O sacerdote replicou-lhe: “mas como você sabe que era Ele?”. Ela disse: “estou mais certa disso do que da luz do Sol que ora brilha sobre nós”.

Ela conheceu Cristo porque, pela graça, penetrou em outro nível ontológico, percebeu o ser divino como fonte do ser mesmo de todos os seres. Ela viu a Deus pela fé.

O mesmo disse Agostinho: “queres tocar em Cristo, crê que Ele é co-eterno com o Pai e o terás tocado”.

Jesus Cristo jamais poderia ser socialista, não apenas porque isso seria totalmente extemporâneo, mas porque aqui há uma contradição radical de princípios: o socialismo, por princípio, não é sequer uma filosofia, mas um arranjo de ideias usado por um grupo de pessoas que visa somente o poder e, por isso, afirma que nada, na realidade, é alguma coisa, tudo, absolutamente tudo, é apenas dado material-sensorial puro sem significado; ao contrário, Jesus Cristo é a Verdade mesma, o próprio Logos de que está impregnada totalmente a criação, o Ser no ato de ser de todos os seres.

Entre estes dois princípios não há alguma conveniência. Conjugá-los só é possível para quem não sabe direito o que é socialismo, desconhece completamente Jesus Cristo pela fé e está munido de uma retórica fatalmente fajuta.

Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva,
Doutor em Teologia Moral pela PUSC (Roma)

Na última semana, o pedido de Rebeca Mendes Silva Leite solicitando autorização para abortar chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Aos 30 anos e com dois filhos, a mulher alegava que tem um salário de R$ 1.250, e passava por sérios problemas financeiro.

Ela gravou um vídeo com um desabafo para a ministra Rosa Weber, relatora da ação pedindo a descriminalização da prática, impetrada pelo PSOL.

Todo o arranjo pareceu ser uma manobra do partido, que tenta junto ao Supremo a descriminalização da interrupção da gestação no Brasil até a 12ª semana. Junto com o pedido de Rebeca, o PSOL pedia também uma liminar, que estenderia os efeitos dessa decisão a todas as grávidas. Ou seja, tentava legalizar o aborto, alterando judicialmente o que é previsto em lei.

Insistindo que os filhos são dependentes dela, o pedido encaminhado ao STF argumenta que Rebeca “jamais cogitaria violar a lei ou arriscar sua própria vida para interromper a gestação”.

O argumento da legenda socialista é que negar a Rebeca o direito ao aborto seria equivalente à tortura, por que imporia tanto sofrimento quanto risco à sua saúde física, mental e social.

Nesta terça (28), Rosa Weber negou todos os pedidos.

Em 8 de março deste ano, Dia Internacional da Mulher, o PSOL encaminhou uma ação em favor da liberação do aborto. A base do seu argumento era um estudo financiado pelo Ministério da Saúde, mostrando que cerca de 330 mil mulheres brasileiras já fizeram aborto.

Além da negativa do STF, tanto a Advocacia-Geral da União (AGU) quanto a Câmara dos Deputados manifestaram-se contra a ação do PSOL, argumentando que o pedido de liberação do aborto até a 12ª semana deve ser negado pelo STF por se tratar de um assunto de competência do Congresso.

O Senado, por sua vez, limitou-se a dizer que o tema está “sendo tradado no Legislativo”. A Procuradoria-Geral da República (PGR) não se manifestou sobre o caso.

Especialistas opinam

Angela Martins, doutora em Filosofia do Direito e professora visitante de Harvard. Em entrevista à Gazeta do Povo explicou que “os autores da ação utilizam uma situação de fragilidade humana para poder continuar questionando o assunto e colocar o STF na parede para uma sentença pontual”.

Ela lembra que “hoje existe a curadoria de nascituros, por meio do Estado e de outras ONGs, nacionais e internacionais, entidades religiosas e outras que recebem essas crianças para adoção; matar nunca é meio de combater qualquer mal e, por outro lado, não seria condizente com a nossa Constituição que protege a vida de modo incondicional”.

Já Regina Beatriz Tavares, Presidente da Associação de Direito de Família e das Sucessões (ADFAS), doutora em Direito Civil pela USP, acredita que a opção do PSOL em tentar abrir uma brecha jurídica no STF é por que o Supremo tem assumido um protagonismo permissivo, que contraria os desejos da maioria da população, acionado por ativistas.

Flávio Henrique Santos, presidente da ADFAS de Pernambuco, acredita que essa manobra do PSOL junto ao STF representa um risco para o resto da população.

“Nesse caso, haveria ainda mais uma pergunta a ser feita: o estado de pobreza e miserabilidade pode autorizar o estado a matar pessoas? Essas deficiências econômicas poderiam, por exemplo, justificar higienizar a sociedade, aprovar genocídios porque as pessoas não conseguem sobreviver? Pelo contrário, não seria mais adequado impulsionar o Estado a colocar ações profundas de mudança econômica para que a sociedade tenha uma vida digna? Está havendo uma grande inversão de valores; uma vida inocente não pode ser ceifada por argumentos tão desprovidos de fundamento”.

O trabalho da Cáritas se reflete em resultados que, no mundo inteiro, falam por si. A entidade católica de caridade e assistência humanitária presta serviços que vão do atendimento médico e da distribuição gratuita de remédios até o resgate de vítimas de tráfico humano, passando por inúmeras iniciativas em áreas como educação, alimentação, acolhimento de órfãos, mães solteiras, refugiados…

Na Venezuela, porém, embora as ações da Cáritas sejam urgentíssimas em face da calamitosa falência e corrupção do Estado, o próprio governo de Nicolás Maduro, guiado por critérios exclusivamente ideológicos, não apenas não colabora com a entidade como ainda dedica esforços contínuos a prejudicar o seu trabalho.

Já noticiamos, há cerca de um ano, a denúncia de que o governo bolivariano teria chegado até mesmo a roubar remédios que a Cáritas distribuiria na Venezuela (confira aqui). Além desses casos extremos, a entidade católica sofre no país constantes sabotagens, que incluem desde bloqueio às suas conexões telefônicas e de internet até o autoritário confisco de seus computadores e outros instrumentos de trabalho cotidiano.

Apesar de tudo isso, a Cáritas é uma das poucas instituições que ainda conseguem apresentar números concretos em um país sem estatísticas confiáveis.

Não publicar estatísticas, de fato, é uma estratégia que o governo da Venezuela vem aplicando há anos. Manter ignorância ou dúvidas sobre o desastre social da nação é uma tentativa de silenciar a verdade que depõe contra o regime. Nesse contexto, os relatórios da Cáritas irritam os donos do poder no país e são um dos motivos que levaram Nicolás Maduro a arremeter contra a entidade em uma recente entrevista que concedeu ao programa Salvados, da rede espanhola La Sexta.

Quando o jornalista Jordi Evole perguntou sobre a fome dos venezuelanos e citou a confiabilidade da Cáritas, o sucessor de Hugo Chávez reagiu acusando a organização de “conspiração”. Textualmente, Nicolás Maduro afirmou:

“Pode ser que a Cáritas seja uma organização confiável na Espanha… Na Venezuela, tudo o que está vinculado à Igreja católica está contaminado, envenenado por uma visão contrarrevolucionária e de conspiração permanente”.

Para qualquer mortal no exterior, estas expressões podem surpreender. Para os venezuelanos, são o “pão nosso de cada dia” – até por falta de outro tipo de pão.

O assunto deixou o próprio Evole, de reputação nada conservadora, atônito e incrédulo. Ele retrucou:

“Mas é a Cáritas! Estamos falando de um organismo bastante confiável!”

O jornalista sabe, afinal de contas, que a Cáritas Espanha não somente conta com o respeito de milhões de espanhóis, inclusive ateus e seguidores de outras religiões, como também consegue enviar dinheiro para projetos humanitários em meio mundo.

Mas Maduro, sem qualquer argumento objetivo para desqualificar a entidade, se limitou à sua visão fanatizada do “nós contra eles”, própria dos regimes autoritários e paranoicos.

O presidente da Venezuela desacreditou igualmente a Transparência Internacional, que mede os índices de corrupção no país, e o Foro Penal Venezuelano, um grupo de competentes e jovens advogados e juristas que se dedicam, como voluntários, a defender os venezuelanos que, por se oporem ao governo muy democrático de Nicolás Maduro, se tornaram presos políticos.

Enquanto países em guerra agradecem à Cáritas pela sua ação humanitária inestimável, não se conhece nenhum governante que ataque dessa maneira, e sem qualquer embasamento real, a reputação e credibilidade da entidade católica. Só Nicolás Maduro.

Aleteia