Acorda_IgrejaOs brasileiros terão, neste domingo, dia 5, a responsabilidade de escolher um dos candidatos que vai ocupar a presidência da República pelos próximos quatro anos. Para auxiliar os cristãos nessa tarefa, a Igreja propõe alguns princípios que devem nortear essa escolha que também vai definir os próximos governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

Com o intuito de reforçar a importância da consciência na escolha bispos brasileiros e a Conferência Episcopal brasileira em peso pedem que os católicos votem nos candidatos que apresentam uma proposta que contenha os valores cristãs, morais e éticos, e não apenas promessas de mudança.  

Segundo o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner, os cristãos são insistentemente convidados a participar da política, por meio das discussões, do voto e da fiscalização.

“A mensagem da CNBB “Pensando o Brasil: Desafios diante das Eleições 2014″ faz eco às palavras do Papa Francisco na Exortação Evangelii Gaudium: ‘Ninguém pode exigir-nos relegar a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos’. A eleição é momento decisivo para a vida das pessoas que vivem no país”, reforçou Dom Leonardo.

O Santo Padre, em sua homilia matutina no dia 16 de junho, na Casa Santa Marta, alertou: “Quem paga o preço da corrupção política ou econômica? Pagam os hospitais sem remédios, os doentes que não são cuidados, as crianças sem escolas. São sempre os pobres que pagam pela corrupção”.

O bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio e animador da Formação Política, Dom Pedro Cunha, reforçou que é essencial acompanhar todos os candidatos que foram eleitos pelo apoio do voto católico. “É preciso escolher políticos que promovam e defendam a família, igreja doméstica, como um dom inigualável. É importante que os candidatos escolhidos também entendam a identidade natural da família segundo o plano de Deus, por meio da união entre um homem e uma mulher“, orientou Dom Pedro.

O documento emitido pela CNBB para estas eleições gerais toma em conta que os cristãos são chamados a conhecer e refletir sobre os projetos e propostas dos partidos e candidatos que receberão seus votos.  É necessário identificar os que são “Ficha Limpa” e votar naqueles que sigam os valores cristãos, como o respeito à vida humana em todas as suas etapas, a defesa da família e a liberdade religiosa.

Vale recordar ainda a participação da CNBB na aprovação da Lei da Ficha Limpa, que já impediu que centenas de candidatos que respondem ou são acusadas de delitos como corrupção, suborno venham a tentar assumir um cargo público.

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A castidade é uma virtude para todos, porque todos têm necessidade de amar de maneira verdadeira. Já o celibato, como estilo de vida, é pedido apenas aos candidatos ao sacerdócio: é uma forma particular de castidade que favorece uma união mais profunda ao Senhor e uma doação universal.

Existe uma diferença muito grande entre castidade e celibato. A castidade é a virtude que protege o amor do egoísmo e o ajuda a ser puro. Sendo assim, todos têm necessidade da castidade, pois a tentação de voltar-se para si mesmo é contínua. Para a Igreja, a castidade é sinônimo de pureza no amor.

Se a castidade é isso, então podemos compreender por que todos nós precisamos ser castos. Todas as pessoas sentem a necessidade de amar de maneira pura, evitando que seus atos e comportamentos sejam uma falsificação do amor verdadeiro, do amor que é doado de forma gratuita.

Até as crianças precisam da castidade. Embora seja prematuro conversar com elas sobre a sexualidade, ensiná-las a partilhar com os outros é uma primeira forma implícita de educar no amor de maneira verdadeira.

Também os adolescentes e jovens precisam da castidade, por meio de uma educação no amor que se torna dom, com o objetivo de enriquecer a pessoa amada. Não podemos nos esquecer da nossa tendência a considerar o outro como objeto de prazer. Em outras palavras, a nossa capacidade de amar é ameaçada por aquela realidade que São João chama de “concupiscência da carne” (2 Jo 2, 16). A castidade é aquela liberdade interior que permite que um jovem, livre da escravidão da concupiscência, se torne dom de maneira pura.

Tudo isso comporta uma luta: a recusa de certos pensamentos, a superação da tentação de deixar-se levar pela pornografia, que sempre causa devastação interior, dependência, escravidão. A castidade envolve também a remoção de ações que profanam o corpo humano e levam a desordens no mais profundo da pessoa. O Catecismo da Igreja Católica ensina: “A castidade implica uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana” (CIC 2339). Logo depois, afirma claramente: “A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz” (CIC 2339), referindo-se a Eclesiástico 1, 28: “A violência de sua paixão causará sua ruína”.

Inclusive as pessoas casadas, de outra maneira, são chamadas a viver a pureza do amor, para defendê-lo das suas possíveis imitações. Neste sentido, a Igreja afirma que certas práticas dentro do matrimônio não são atos de amor, e sim perigosas para o próprio amor.

Quando a Igreja fala de celibato, refere-se ao celibato sacerdotal. Isso significa manter o próprio coração indiviso para estar unido ao Senhor sem distrações (cf. 1 Cor 7, 32) e para amar a todos com total dedicação (cf. 1 Cor 9, 22). O sacerdote é, por excelência, o homem de Deus: sua tarefa é estar unido a Deus para levar Deus aos homens e os homens a Deus. Além disso, ele é ministro da Igreja, dentro da qual gasta todas as suas energias para gerar almas para Cristo. Dessa maneira, o celibato permite que o sacerdote exerça uma mais ampla paternidade em Cristo, para tornar-se espiritualmente fecundo, pai e mãe de muitos. Não somente pai, mas também mãe: porque São Paulo fala de si mesmo como de uma mãe: “Filhinhos meus, por quem de novo sinto dores de parto, até que Cristo seja formado em vós…” (Gal 4,19).

Em conclusão: a castidade é uma virtude que diz respeito a todos, porque todos têm necessidade de amar de maneira autêntica. Já o celibato é uma forma particular de ser casto; é uma espécie de virgindade permanente, porque a pessoa se abstém do casamento e do exercício da sexualidade por motivos mais altos: para estar unida ao Senhor sem distrações e por uma maternidade e paternidade mais amplas e espirituais.

Aleteia

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Na semana passada, eu tive a alegria de participar de uma surpreendente conferência de mulheres católicas nos Estados Unidos. O evento em si já foi um bálsamo para os nervos desta mãe exausta, mas, além disso, durante o encontro, o Espírito Santo me ofereceu um lampejo incrível sobre a cruz invisível que as pessoas com problemas de fertilidade são chamadas a carregar.
 
Eu escrevi sobre isso no meu blog e, quando terminei, meio que fechei os olhos e fiz uma prece ao clicar em “Publicar”. Afinal, quanta presunção tem que ter uma mãe de seis filhos para falar sobre a experiência de casais que enfrentam a cruz da infertilidade ou da subfertilidade? Resposta: muita.
 
No entanto, a manifestação que se seguiu a esse post foi algo que eu nunca tinha esperado nem visto na vida. Mulheres que antes se sentiam invisíveis nos círculos católicos compartilharam comigo, de modo comovente, a sua dor: a dor de viver uma vida de contracultura, ou seja, defendendo radicalmente a abertura à vida, mas, ao mesmo tempo, não conseguindo ter a família numerosa que seria a manifestação visível dessa contracultura.
 
Aquelas mulheres compartilharam comigo a angústia de, por um lado, serem elogiadas pela cultura laica por causa da sua “responsabilidade” quanto ao tamanho da própria família, e, por outro lado, de ouvirem comentários impensados de outros fiéis católicos, ​​ou, pior ainda, comentários em que esses católicos parecem questionar a sinceridade do casal em trilhar o caminho da “abertura à vida”.
 
Seguiram-se histórias generosas, uma após a outra, e, de repente, em meio à dor que praticamente irradiava da minha tela, eu ouvi uma única palavra sussurrando no meu coração.
 
Coisificação.
 
Fiquei paralisada. Coisificação? Nós? Mas nós somos os mocinhos dessa história! É o mundo laico, a cultura da morte, a mentalidade contraceptiva que coisifica as crianças! São eles, não nós! São eles que veem as crianças como algo que pode e deve se adaptar aos nossos horários, às nossas contas bancárias e aos nossos planos quinquenais. São eles que veem as crianças como mercadoria a ser criada e destruída à vontade, compradas e vendidas em clínicas de fertilização in vitro e negociadas em acordos de sub-rogação como se fossem gado. São eles. Não somos nós! Nós não coisificamos as crianças!
 
Mas então… Então eu realmente prestei atenção ao que o Espírito Santo estava tentando me dizer. E eu tive que admitir que, às vezes, olhando em volta, na minha própria paróquia, me vinha o pensamento de que nós éramos a maior família que havia e que, por isso, nós tínhamos que ser a única família realmente fiel a todos os ensinamentos da Igreja, inclusive os mais exigentes. Eu tive que admitir que, às vezes, eu podia ser culpada de transformar as crianças em sinais de devoção, de enxergá-las como objetos da fidelidade dos pais a Cristo.
 
Perdão, irmãos e irmãs!
 
Eu pensei então na linguagem que os católicos praticantes usam para falar sobre o tamanho da própria família. Nós dizemos coisas como: “Eu só tenho três” ou “Nós temos só dois por enquanto”. Essa não é também uma linguagem de coisificação? Não é uma linguagem que retira o caráter único de cada criança e transforma o conjunto delas numa espécie de folha de registro? É a mesma linguagem de comentários como “Bem, é um bom começo, vocês ainda são jovens!” ou “Tudo bem, vocês podem contar sempre com a alternativa da adoção!”.
 
São palavras e noções que jogam o jogo do inimigo. De quem o diabo teria mais medo, nesta cultura cada vez mais laica, do que das pessoas que se rebelam contra a cultura da morte e contra a esterilidade de uma mentalidade contraceptiva?

Acontece que ele não se rende: se ele falhou na tentativa de nos atrair para essa cultura da morte, ele ainda tenta envenenar as nossas almas para coisificarmos os filhos desse outro modo. Ele tenta nos fazer glorificar as crianças de uma forma que beira a idolatria. Ou o fetichismo. E, a partir daí, as crianças deixam de ser importantes, deixam de ser almas originais, feitas à imagem e semelhança de Deus, para se tornar objetos que sinalizam justamente a nossa suposta resistência às ciladas do demônio.
 
A que isso nos leva? Eu acho que nos leva a um ponto em que a graça pode fluir. A um ponto em que nós confiamos uns nos outros o suficiente para expor as nossas feridas, a um lugar em que podemos tomar medidas adicionais para ajudar os outros a carregarem as suas cruzes. E, principalmente, a um ponto em que nós ainda conseguimos nos lembrar de que as crianças não são um número, não são um objeto que funciona como sinal de fidelidade a Cristo, mas sim criações originais, feitas por um Deus amoroso e misericordioso!

Cari Donaldson

 

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 O futebol e a Igreja

 Atualmente, quando se pensa na relação entre Igreja e futebol, alguns remetem ao Papa Francisco, conhecido amante do esporte, que ainda é sócio-torcedor de seu time, o San Lorenzo da Argentina, e já fez em suas intervenções várias analogias da fé cristã e da postura humana com o esporte bretão. Como quando ele disse que para resolver os problemas da vida é preciso encarar a realidade prontos, como o goleiro de um time de futebol, a impedir a entrada da bola de onde quer que ela chegue (Homilia de 13 de abril de 2013).

 Mas a relação entre Igreja e futebol é muito mais antiga e estreita do que muita gente imagina, inclusive muitos dos apaixonados por este esporte.

 Em um livro chamado Visão de Jogo: primórdios do futebol no Brasil o historiador José Moraes dos Santos Neto aborda como o futebol se iniciou no Brasil, com vasta documentação (fotos, atas, documentos escolares, diários de alunos e professores). No estado de São Paulo, por exemplo, de 1879 a 1881, os jesuítas do Colégio São Luís da cidade de Itu, interior de São Paulo, visitaram grandes colégios na Europa a fim de conhecer experiências interessantes para introduzir práticas esportivas em seus colégios, “para que todos os músculos funcionassem harmoniosamente, enquanto as lições morais do espírito esportivo seriam absorvidos por meio de jogos divertidos e recreativos” (p. 14).

 Na França , estiveram no Colégio de Vannes, onde já era praticado o futebol, e lá fizeram contato com o padre Du Lac, grande defensor da introdução do futebol inglês nas escolas. A seu ver, o futebol reunia virilidade e moral na medida certa, formando jovens saudáveis e bons cidadãos.

 Na Inglaterra, aceitando uma recomendação do padre, os jesuítas de Itu conheceram o futebol jogado na Harrow School. Depois foram à Alemanha, onde os educadores utilizavam o esporte em paralelo à ginástica alemã. É importante notar que, em várias regiões da Europa, também haviam sido os jesuítas os pioneiros na introdução do futebol, como fora o caso do Colégio Jesuíta de Utrech, núcleo disseminador desse esporte na Holanda.

 De volta ao Brasil, os jesuítas introduziram o futebol em seus colégios. Enxergavam no esporte bretão uma ferramenta de apoio pedagógico. Já em 1894, o novo reitor do colégio foi o padre Luís Yabar, conhecedor profundo da história e das regras do esporte. A partir daí, o futebol deixou de ser uma brincadeira e a prática do esporte se tornou mais organizada. Os jesuítas inclusive estabeleceram o título simbólico de craque de futebol para o aluno que mais se destacasse durante as partidas.

 Em 1895, o ganhador foi o aluno Arthur Ravache, que dois anos depois começaria sua atuação como um dos pioneiros do futebol nacional.Vários ex-alunos do São Luís o levaram para o interior paulista e a capital, depois para Uberaba e o Brasil Central, assim como para o Nordeste, especialmente para a Bahia.

 E Charles Miller, considerado o “pai do futebol brasileiro”? Seu papel foi ter iniciado, em 1894, sua prática em um clube. O esporte saiu dos colégios e assumiu um caráter explicitamente competitivo – o que tornou o conhecimento de suas regras mais difundido. Mas o futebol já era praticado em vários colégios brasileiros, a maioria deles dirigida pelos jesuítas.

 O caráter integrador da Copa do Mundo

 Um aspecto importante que o futebol traz – e a razão inicial dos jesuítas terem-no introduzido no Brasil – é a sua proposta original de reunir as pessoas. Também esta é a proposta da Copa do Mundo: integrar todos os povos. Em nosso país, durante o Mundial, é uma das poucas ocasiões em que as pessoas se sentem pertencentes a um povo, com uma identidade clara e um orgulho do país. Uma manifestação interessante disso e que certamente veremos em nossos estádios é, em jogos do Brasil, a torcida brasileira cantar com força e firmeza o hino nacional completo, a capela, mesmo depois de a música ser interrompida por conta do protocolo da Fifa.

 O futebol, além disso, pode sempre ser vivido como um espaço para encontros, laços de solidariedade e de admiração pelas virtudes do outro. São João Paulo II dizia que “o sentido da fraternidade, a magnanimidade, a honestidade e o respeito pelo corpo, virtudes sem dúvida indispensáveis a todo bom atleta, contribuem para a edificação de uma sociedade civil, onde o antagonismo é substituído pela competição, onde ao confronto se prefere o encontro e, à contraposição rancorosa, o confronto leal. Desta forma, o esporte não é um fim, mas um meio; pode tornar-se veículo de civilização e de genuíno entretenimento, estimulando a pessoa a dar o melhor de si e a evitar o que pode ser perigoso ou de grave prejuízo para si ou para o próximo” (Discurso aos participantes no Encontro Internacional do Jubileu dos Esportistas, 2000).

 Ao receber, no começo de maio, dois times italianos que disputariam a final da Copa da Itália, Papa Francisco lembrou: “Quando garoto, eu costumava ir bastante ao estádio, eu tenho lembranças felizes. Foram momentos alegres, nos domingos, com minha família. Espero que o futebol e o esporte em geral retome esta noção de celebração”.

 Mas é evidente que essa Copa não traz apenas as experiências positivas. Como bem reconheceu São João Paulo II no mesmo Jubileu dos Esportistas, “(…) ao lado de um esporte que persegue ideais nobres, há outro que só recorre ao lucro; ao lado de um esporte que une, há outro que divide”.

 Os problemas

 Não podemos deixar de lado o custo e a maneira como foi conduzida a organização do Mundial. Das 41 obras de infraestrutura listadas nas 12 cidades-sedes da Copa – o legado prometido que o Mundial traria ao país – apenas cinco foram concluídas até meados de maio, pelo menos sete não ficariam prontas de jeito nenhum (Documento Oficial Matriz de Responsabilidade da Copa). Fica a sensação de que o país está perdendo uma oportunidade de avançar nesse aspecto.

 Além disso, as obras de todos os estádios nas 12 cidades-sedes tiveram custo estimado de R$ 8,9 bi, 97% de verbas públicas (o valor e a porcentagem foram obtidos do último relatório do Comitê Organizador Local, de março de 2014). Além disso, há estádios que correm o risco de se transformarem nos chamados “elefantes-brancos”: em localidades que não contam com clubes de tradição no futebol brasileiro, sem torcida suficiente para lotar a capacidade das instalações. São investimentos fora de propósito e distantes das prioridades do povo que correm pelo ralo. No fundo, visou-se muito mais a possibilidade de ganhos políticos, e não a racionalidade econômica do investimento.

 Infelizmente se percebe como o futebol muitas vezes é instrumentalizado para fins políticos e abusos econômicos vão se tornando cada vez mais conhecidos.

 Sobre isso, Papa Francisco afirmou no começo de maio: “Futebol é um grande negócio agora por causa da publicidade, televisão, etc. Mas o fator econômico não deve prevalecer sobre o esportivo, porque assim corre-se o risco de contaminar tudo”.

 A consequência desses problemas é que parcelas da sociedade se frustram por identificar as ações do governo ao organizar o Mundial não como investimentos que geram retornos econômicos e sociais no futuro, senão como gastos mal planejados que tiram recursos que deveriam ser utilizados na educação, na saúde, no transporte, na habitação, na segurança…

 Possibilidades de se viver o futebol

 De toda forma, é um alento verificar que um grupo grande de pessoas não tolera mais o mal uso do dinheiro público e uma postura política dominante cada vez mais distante da sociedade, que não serve ao país, mas se serve dele.

 Isso significa que ao contrário do que muita gente diz, o futebol pode sim ser vivido de uma forma não alienante. Dois fatos recentes, em especial, nos chamam atenção para isso.

 Em primeiro lugar, a sociedade brasileira tem demonstrado sua insatisfação por meio das manifestações contra o planejamento mal feito pelo governo – em todas as suas esferas – e pela má utilização do dinheiro público na organização da Copa. Mesmo que muitas manifestações carreguem o lema “Não vai ter Copa”, pode-se perceber muitas pessoas que se manifestam não contra o evento em si, mas contra como ele está sendo organizado. Por isso, mesmo quem gosta muito de futebol muitas vezes apoia esses protestos – bem diferente das imagens que muitas vezes se faz de que os amantes desse esporte são ingênuos ou despreocupados com as questões sociais.

 Outro fato de como o futebol pode ser vivido de maneira não alienante é a reação da sociedade no tema do racismo. Nos últimos cinco meses, profissionais do futebol brasileiro foram vítimas do crime: Tinga, do Cruzeiro, Arouca, do Santos, Marino, do São Bernardo, Assis, do Uberlândia, além do árbitro gaúcho Márcio Chagas da Silva. Outro caso que chamou muita atenção, no final de abril, foi o de Daniel Alves, do Barcelona e da seleção brasileira, que pegou a banana atirada contra ele durante uma partida válida pelo campeonato espanhol e a comeu. Seu gesto rapidamente se espalhou pelas redes sociais e uma campanha contra o racismo ganhou o apoio de milhares de torcedores de todo o mundo, em especial dos brasileiros, que publicavam suas fotos comendo uma banana – inclusive vários artistas entraram na campanha. As reações contra o racismo são uma mostra de que os torcedores se dão conta da dignidade que toda pessoa possui, independente da cor da pele.

 Concluindo

 Podemos viver o futebol e a Copa do Mundo de duas maneiras.

 Uma delas é reduzir a Copa do Mundo a apenas os seus problemas. É evidente, e dissemos isso, que há questões sociais urgentes que merecem a devida atenção e luta por melhorias. É evidente que o dinheiro público deveria ter outras prioridades. É inadmissível que não olhemos para isso. O “padrão-fifa”, que nos últimos tempos adquiriu o significado de qualidade, deve estar presente em todos os serviços para a sociedade.

 A outra postura é partir da hipótese positiva, porque só assim somos capazes de olhar para todos os fatores em jogo – quando partirmos da hipótese negativa, só enxergamos aquilo que já queremos enxergar e não colhemos muitos outros dados que a realidade nos diz. É preciso usar a razão de maneira adequada, encarando os fatores negativos e positivos, sem jogar nada fora. É preciso ter o olhar de Adélia Prado, que em entrevista ao Estado de S. Paulo (06/12/2013) quando perguntada em que momento a realidade cotidiana se mostra como maravilhamento e em que momento não passa de mera realidade, afirmou: “Quando olho a pedra e vejo pedra mesmo, só estou vendo a aparência. Quando a pedra me põe confusa de estranhamento e beleza, eu a estou vendo em sua realidade que nunca é apenas física. A aparência diz pouco”.

 Quer dizer: todos os problemas políticos, sociais e econômicos que a organização da Copa do Mundo trouxe ao longo desses anos e são justamente criticados machucam o amante desse esporte. Mas a experiência da Copa traz coisas boas também. É por isso que ele também pode trazer inúmeras alegrias.

 O torcedor de futebol é como qualquer pessoa: quer ver brilho, quer ver talento, quer ver improviso, quer ver invenção. Sem a centelha do imprevisível, sem aquele drible genial, sem o gol de placa, nada feito. O torcedor de futebol quer encontrar quem está do seu lado e torcer junto com ele ou mesmo tirar um sarro sadio do adversário. O torcedor de futebol quer compartilhar com o outro suas alegrias e tristezas. O torcedor de futebol vive de momentos de bem e de beleza. E que muitos deles possam acontecer na Copa do Mundo!

 (Texto de Rafael Marcoccia, Fonte: Revista Passos, revista internacional de Comunhão e Libertação)

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Veja excelentes opções de filmes na hora de falar sobre casamento para as crianças.

  • Nos dias atuais a mídia tem sido uma das maiores fontes de influência e tem estado dentro de todos os lares de todo o mundo, participando ativamente das famílias em todas as partes do planeta, através de aparelhos de televisão, internet, aparelhos de celular, cinema, teatro, etc.Em contrapartida, temos os pais e outros interessados em ensinar valores importantes às crianças e jovens que tentam selecionar os melhores conteúdos para que as crianças aprendam esses valores. E sabemos que essa não é uma tarefa fácil.

    Às vezes precisamos fazer conforme foi dito certa vez por Joseph B. Wirthlin, um empresário americano, “renunciar a algumas coisas boas, em prol de outras muito boas ou excelentes, pois elas desenvolvem nossa fé (…) e fortalecem a família”. Ao pensar nos valores a serem ensinados a nossos jovens, devemos sim renunciar a alguns programas da mídia, mesmo que alguns sejam considerados bons, mas precisamos ter a coragem de escolher o excelente.

    Um dos valores preciosos tem sido a instituição do casamento. O modo como a mídia expõe as relações matrimoniais nos dia de hoje tem causado muitas inquietações naqueles que acreditam na importância sagrada da união entre um homem e uma mulher na formação de uma família.

    Pensando nessas inquietações, separamos algumas opções de filmes para transmitir à criança a beleza esplendorosa do valor do casamento.

    1. Prova de Fogo

    O filme retrata um casal que está passando por uma crise em seu relacionamento conjugal, causada por vários fatores do dia a dia, tais como: família, egoísmo, orgulho, dinheiro, machismo, entre outros. A parte mais importante é como o marido, mesmo resistindo no início, vai até as últimas circunstâncias para manter o seu casamento.

    2. Compromisso Precioso

    Apresenta a história de um casamento desde quando o casal se conhece, o compromisso do matrimônio, os filhos, até quando eles passam por uma crise de saúde. A mulher adquire mal de Alzheimer e o marido permanece fiel ao compromisso matrimonial e a sua família.

    3. Encontros de casais

    Três casais, desiludidos com o rumo de seus casamentos, decidem participar de um encontro de casais em um resort em um lugar paradisíaco nas montanhas. Enquanto as mulheres acham que podem provocar uma mudança radical em seus companheiros, os homens estão à procura apenas de um pouco de diversão. No entanto, ao chegar lá, seus anfitriões desafiarão cada um deles a enfrentar os dilemas pessoais para curar os problemas conjugais, utilizando alguns métodos não muito convencionais.

    4. Não é Tarde para Recomeçar

    Essa linda história retrata a realidade de um relacionamento desgastado pelo tempo. Jenni (personagem principal) está desesperada por ver seu casamento com Gabriel (personagem principal) desmoronar. Tudo o que eles farão é fazer uma viagem ao passado para tentar reconstruir o amor entre eles, e assim encontrar a solução pra recomeçar!

    5. Eu, Você, Nós para Sempre

    O filme é baseado em fatos reais, Eu, Você, Nós para Sempre conta a história de Dave (Michael Blain-Rozgay), um homem que sente muito a dor de um divórcio não desejado. Em busca de respostas que amenizem seu sofrimento e tragam algum sentido para sua vida, ele começa a participar de um grupo de apoio a pessoas divorciadas.

    6. As Estrelas me Mostram Você

    Esse filme mostra a importância de um amor puro que ficou no passado e reforça a ideia de que as escolhas de hoje irão resultar em consequências para o futuro. O casal aprende a superar suas diferenças olhando pra o alto. Irão saber que as estrelas mostram muito mais do que um lindo céu: “As Estrelas Me Mostram Você”.

    7. A Bela e a Fera

    Animação da Disney que mostra que as aparências, apesar de importantes na escolha do cônjuge, não é o fator primordial. Esse clássico belíssimo tem viajado no tempo para mostrar os caminhos para um matrimônio.

    8. Ponto de decisão

    Um acidente de carro obriga a esposa a suspender temporariamente as suas atividades, e o casal tem que lidar com tentações carnais, problemas financeiros e desafios emocionais que ameaçam o amor que um sente pelo outro.

    9. Doze é Demais

    Uma comédia que conta a história de um casal com 12 filhos que, mesmo com a confusão do dia a dia, quando a mãe precisa viajar e o pai se descobre com os 12 em casa, as aventuras de estarem juntos são emocionantes.

    10. O livro de Rute

    Conta em detalhes a história de Rute, quase como a história de Cinderela. Depois de ficar viúva, Rute decide seguir a sogra na mudança para Israel, até que um romance acontece e ela toca o coração de um homem rico.

    11. O Outro Lado do Céu

    John Groberg (Christopher Gorham) é um jovem missionário que, nos anos 50, embarca em uma longa viagem juntamente com os nativos da ilha Tonga, deixando para trás a noiva e sua família. Ao longo de sua viagem ele escreve cartas para sua noiva relatando suas aventuras para sobreviver em uma terra desconhecida. Ao mesmo tempo, Groberg conhece a cultura local e faz amigos nos 3 anos que passa longe de casa.

    12. Up: Altas Aventuras

    Mostra de forma fácil e dinâmica o lindo relacionamento entre um casal apaixonado. Mostra as dificuldades que eles enfrentam através do tempo. E as dificuldades que o homem enfrenta quando viúvo.

    Agora preparem uma sessão cinema em casa e aproveitem para ensinar alguns valores para a criançada e os filhos baseados nos filmes acima.

  • Fonte: Blog “Vida sem dúvida”

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Pew Research Center’s 2013 Global Attitudes

Nenhum dos 40 países de todos os continentes que foram sondados pelo Pew Research Center aprovou a afirmação de que o aborto é moralmente aceitável, noticiou a agência LifeSiteNews.

Estes são os resultados no Brasil  http://www.pewglobal.org/2014/04/15/global-morality/country/brazil/ 

Em 13 países a oposição ao aborto venceu na proporção de três a um. As nações com menos tolerância ao crime do aborto foram as Filipinas, Gana, Indonésia, Uganda, e El Salvador.

A maior parte dos povos consultados também qualificou a homossexualidade de moralmente inaceitável. Segundo o inquérito Pew Research Center’s 2013 Global Attitudes, em 22 das nações analisadas a maioria se opõe à homossexualidade por razoes morais.

O homossexualismo só foi julgado moralmente aceitável na República Checa, Espanha e Alemanha.

“Os resultados da enquete do Pew são surpreendentes” declarou Adam Cassandra, diretor de comunicações da Human Life International, a LifeSiteNews. De fato, o instituto Pew está muito longe de ser suspeito de propensões pelo conservadorismo ou pela moralidade

“Os missionários Human Life International vinham observando estas tendências pelo mundo todo. Os países em desenvolvimento ainda mantêm os valores morais tradicionais. Porém, a moralidade está declinando nos países mais ocidentalizados”.

Nos EUA, 49% julgaram o aborto inaceitável do ponto de vista moral e 17% disseram ser uma opção ética. E 23% acharam que não é uma questão moral.

O país está no 27º lugar na rejeição ao aborto, bem atrás do Brasil, da África do Sul e dos territórios Palestinos. Porém, sua desaprovação ao aborto é maior que a da China, do Japão, da Austrália, de Israel e da Grã-Bretanha.

Na China, onde o aborto é feito compulsoriamente pela polícia socialista, mais chineses acreditam ser imoral (37%) que moral (29%) ou são indiferentes (20%).

A França apresentou o menor índice de rejeição à matança de inocentes: apenas 14% disseram ser imoral e 38% acharam ser moral.

Tratando do polêmico “casamento” homossexual, a sondagem do Pew constatou que mais norte-americanos acham o homossexualismo imoral (37%) do que moralmente aceitável (23%), ou que não é uma questão moral (35%).

“Não há dúvida de que os princípios religiosos e a existência de famílias solidamente constituídas exercem a maior influencia para proteger os valores morais na África, na Ásia e na América Latina”, disse Cassandra a LifeSiteNews.

“Durante décadas, as populações dessas partes do mundo vieram sendo alvo de campanhas de ONGs e órgãos de governos que gastaram bilhões de dólares para destruir a família por meio do controle da natalidade e do aborto, e para impor mudanças nos valores tradicionais, condicionando imoralmente sua ajuda ao desenvolvimento. Mas, como pudemos recentemente observar há ainda líderes políticos mais interessados em obedecer a Deus do que comprometer seus valores em troca de ajuda financeira e promoção midiática”, concluiu.

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Quantas vezes estabelecemos como metas da nossa vida coisas que, na verdade, são expectativas que os outros têm com relação a nós: pais, cônjuge, filhos, amigos, vizinhos…! Mas será que precisamos mesmo ser complacentes com a imagem que os outros têm de nós?
 
As correntes podem ser muito pesadas em nossa vida – ainda que sejam correntes invisíveis.
 
Certa vez, um amigo me contou que estava abandonando tudo o que, até aquele momento, constituía sua forma de viver. E fez isso porque percebeu que, até então, ele só tinha procurado estar à altura das exigências dos outros. E assim, havia escolhido um estado de vida determinado e havia se comportado segundo o que se esperava dele.
 
Por uma circunstância particular, “a ficha caiu” em sua vida e ele decidiu vivê-la “sozinho”, ou seja, de acordo com o que sua consciência lhe ditava. Por isso, surpreendeu-me o que ele estava me contando. Hoje, eu o vejo muito feliz com essa sua determinação vital.
 
Quantas pessoas ainda vivem da maneira como ele vivia? A pressão social os condiciona e preferem agradar o outro ao invés de angustiar-se com respostas vivenciais que sejam contrárias às que eles escolheriam.
 
Note-se que não estou falando de escolher o mal: refiro-me a escolher entre duas coisas que são igualmente boas e honestas.
 
Esta é a sede mais importante do nosso mundo atual. No entanto, em nome da autenticidade, são feitos muitos absurdos. Porque a autenticidade não é fazer o que me vem à mente em determinado momento, mas todo o contrário.
 
A autenticidade é a fidelidade ao próprio ser, não à percepção que tenho de mim. Por isso, a verdadeira autenticidade nasce de encontrar as raízes próprias de quem sou eu. E isso tem uma fonte precisa: Deus e seu plano de amor. Que me criou, redimiu e santificou.
 
A autenticidade não passa por estar à altura das expectativas dos que me rodeiam. Nem aos meus interesses pessoais. A verdadeira autenticidade exige a fidelidade à vontade de Deus.
                                                                                                                            

Autor: Padre Fabian

bondade

Podemos ser bons ser Deus?, pergunta o apologista católico Todd Aglialoro em seu blog. E responde dizendo que, sem dúvida, há pessoas não crentes que são boas pessoas, mas que ter fé faz uma grandíssima diferença. E dá quatro poderosas razões:

1. Deus determina o que é bom. Por nós mesmos, poderíamos considerar bom roubar ou matar, seria o caos. Só Deus tem autoridade para definir o que é bom.

2. Deus oferece uma perspectiva eterna. Saber que o que fazemos aqui determina onde passaremos a eternidade nos motiva a ser bons, ao contrário de quem pensa que não existe um Deus a quem um dia prestará contas.

3. Deus nos dá um verdadeiro humanismo. Todos nós amamos nossos entes queridos e ajudamos os necessitados, mas os crentes estão dispostos a fazer algo que muitos não crentes consideram insensato e inclusive repulsivo: amar os inimigos, perdoar, fazer o bem a quem nos fez um mal, defender a vida da concepção até seu fim natural.

4. Deus dá sua graça. Todos nós pecamos, mas os crentes contam com a graça de Deus para livrar-se do pecado.

O apologista conclui que precisamos de Deus para ser verdadeiramente bons.

E há quem pense que só precisa de Deus, mas não da Igreja. Mas será que podemos sem bons sem a Igreja?

Assim como no caso anterior, a resposta é que, para ser verdadeira e plenamente bons, precisamos daIgreja. Consideremos estas quatro razões:

1. A Igreja ajuda a interpretar a vontade de Deus e aplicá-la à nossa vida cotidiana. Conhecemos Deus por meio da Bíblia, mas a Bíblia pode ter muitas interpretações; há inclusive quem a cita para defender atos ruins. Para entendê-la corretamente e aproveitá-la para bem próprio e alheio, precisamos da Igreja, fundada por Cristo e conduzida pelo Espírito Santo.

2. A Igreja nos integra à grande família de Deus e nos convida a construir e habitar, desde agora, o Reino dos céus. Ela nos incentiva a ser bons, a rezar, a imitar Jesus, a aproveitar os exemplos e ensinamentos de crentes sábios e santos de todos os tempos. Em um mundo para o qual o que é bom se apresenta como mau e vice-versa, a Igreja é uma referência indispensável para não perder a bússola.

3. Na Igreja, aprendemos a pedir perdão e a perdoar, a amar como Cristo nos ama, a fazer o bem a todos. Pertencer à Igreja é pertencer à instituição que oferece mais ajuda humanitária no mundo inteiro, sem distinção de credos, etnias, condição econômica, política ou social.

4. A Igreja nos dá, por meio dos sacramentos, a graça divina indispensável para poder cumprir o que Jesus nos pediu (cf. Lucas 6, 35; Mt 5, 48) e ser não só bons, mas santos.

(Artigo publicado originalmente por Desde la Fe)

mulher-objeto

Que a mocinha, namorada ou a mulher amada simplesmente é um dos temas campeões de inspiração de compositores, não é novidade alguma. Aliás, esse é um tema bem recorrente e aposta certa de sucesso no âmbito da cultura musical brasileira. Das músicas ingênuas da era do iê-iê-iê às canções da bossa nova, passando pelos melodramas dos cantores que preenchiam as estações de AM e FM e os programas dominicais, as mulheres quase sempre eram exaltadas por suas qualidades e atribuições insubstituíveis, mesmo que fossem humildes e dedicadas servas do lar (com muito orgulho!).

Mais adiante, a década de 80 ainda se manteve firme na mensagem do romance que alavancava o ibope das novelas e a onda de pop-rock estreante no Brasil não soou muito machista, até porque o Love Metal unido ao ruído da tríade guitarra-bateria-baixo tupiniquim não causava tanto escândalo, não mais que as mínimas vestimentas das chacretes nas tardes de sábado.

Seguindo a linha do tempo, como a moda passa e poucos sobrevivem, a indústria fonográfica brasileira caiu em desespero e apostou em tudo, mas em tudo mesmo, sem medo de ser feliz, de vender muito e nem da censura cega. Deu um tiro certo na ignorância da grande massa consumidora dos programas musicais e impregnou nossos ouvidos com as mais diversas pérolas da música sertaneja, fechando com chave de ouro e agonizando nossos sentidos com a axé music e as bandas de forró de nomes esdrúxulos muito bem aceitas no nordeste, as quais emitem notas e arranham letras capazes de ruborizar o mais indiferente dos relativistas. São dessa geração letras paradoxais como “entre tapas e beijos, é ódio, é desejo, é sonho, é ternura”. Por favor, façamos uma pausa…Como assim? Que relação resiste a um ciclo desses? Aliás, que mulher que se diz “poderosa”, emancipada, dona se si, trabalhadora ou zeladora do lar e dos filhos resiste a um companheiro desses?

Prestem atenção: em apenas três parágrafos passamos da romântica “Se você quer ser minha namorada / Ah, que linda namorada / Você poderia ser” para a controversa “Um tapinha não dói, só um tapinha”, que foi interpretada como incitação da violência contra a mulher e foi amargamente e merecidamente alvo de ações judiciais.

Apesar do apelo de ONG’s, promotores e críticas da sociedade pensante, tudo continua igual, ou melhor, pior a cada dia.

Sobre as melodias de axé music, as danças e os refrões quase plágios de funk se confundem com os afro-ritmos e vez ou outra uma voz se levanta contra. E o que falar das bandas de forró com suas bailarinas insinuantes e letras que rebaixam a mulher  a objeto de prazer ou de derrota de um homem, muitas vezes usando termos que comparados a um dissonante funk carioca, o classificaria como canção de ninar? Fico me perguntando se as pessoas que ali estão olhando, ouvindo, repetindo os passos de dança nos shows não possuem um filtro ou óculos que lhes permita ver a que ponto chegaram, se comportando como marionetes inertes e justificando tudo em nome de sua necessidade de diversão.

Com o advento das redes sociais, memes e vídeos se multiplicaram, subcelebridades lançam seus hit’s e atraem milhares de jovens com um estilo que é bastante contraditório ao se intitular como sertanejo universitário. Ora, vejam só: o estilo sertanejo  antes atribuído a música caipira e brega elevou seu status uma vez que está associado à designação que se dá àqueles que entram e freqüentam a universidade. De um ambiente onde se fomenta a formação acadêmica paga com nossos impostos, a sociedade espera, no mínimo, agentes transformadores e contribuintes da elevação da escolaridade do país. Mas o que vemos é a difusão de um tipo que, independente do gênero, é símbolo de jovem baladeiro e feliz, que sai cantando por aí versos sugestivos como os entoados pela dupla Fernando e Sorocaba:

“Se hoje a mulherada já topa / Imagina na copa, imagina na copa
Se hoje a mulherada já gosta /Imagina na copa, imagina na copa”

Mais uma vez a imagem de mulher fácil e descartável se repete, avança em declínio e é alvo de um refrão aliado a rimas que já anunciam a imagem do Brasil como um país fornecedor de um produto atrativo e bastante disponível, além do churrasco, futebol e belezas naturais. Fico pensando onde estão as mulheres formadoras de opinião, resguardadas por leis cada vez mais específicas? Onde estão as “poderosas” que deveriam dar um show de protesto inconformadas com um país que é o 34o em casos de violência contra a mulher, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011.

Outra música lançada recentemente me chamou atenção por ser uma afronta (acredito eu!) principalmente às mulheres que sofrem ou já sofreram algum tipo de violência, além de denegrir e distorcer o verdadeiro aspecto de um relacionamento. Chama-se Cafajeste e quem canta é uma dupla de jovens com aspecto belo, branco e asseado de Patricinha e Mauricinho, ou melhor, Thaeme e Thiago. O refrão diz:

“Eu gosto é daquele cafajeste / Aquele que não liga / E que não me merece
Que só faz coisa errada / E que me enlouquece /Chega, faz e acontece
Eu gosto é desse animal / Por ele sou capaz / De crime passional
E de outras loucuras / Fora do normal /Amor, piração total”

Seria esse o sonho das “poderosas”? Um amor-piração total onde serão desvalorizadas, usadas e abusadas? Onde fica o enamoramento e o respeito à pessoa como um todo? Como fica o verdadeiro sentido da relação entre o homem e a mulher sonhado por Deus? Indo mais longe, como se sentem as mulheres violentadas das mais diversas formas quando ligam a TV e ouvem essa propaganda? Como se sentem as mulheres traídas, abandonadas, as que se achavam “poderosas”, mas que tiveram por companheiros homens que minaram sua auto-estima? Diante dessa realidade que ultrapassa o gênero musical e resvala em cheio na vida real, resta perguntar: pais, em que tom vocês querem formar suas filhas? Homens, que futuras esposas vocês sonham no seu lar? E você, jovem cheia de sonhos e planos, dona de um coração feito para amar e amar com a ternura própria que Deus lhe concedeu, que “poderosa” você quer ser?

Autora: Flávia Jorlane.

voto

Uma coisa é o Evangelho não ser nem de direita, nem de esquerda. Outra é compactuar com quem mente dizendo não haver como analisar questões políticas à luz dos princípios da fé cristã.

Não é muito difícil para um falastrão qualquer apresentar uma tese verdadeira em si mesma justamente para abrir o caminho para a aceitação de uma série de bobagens. Até crianças do ensino fundamental deveriam saber disso num ambiente cultural como o nosso, no qual tornou-se um vício usar a linguagem da forma mais irresponsável e malandra possível para fins políticos ou por pura egolatria.

Um exemplo sempre presente em conversas entre cristãos, quando o assunto é política é a frase: “o Evangelho não é de direita, nem de esquerda.” Eis uma obviedade, pelo simples fato do que o Evangelho, a Revelação, a Palavra de Deus, “permanece para sempre”. Já a clivagem esquerda/direita é só um meio de mapear linhas de pensamento e ação repleto de limitações, fruto de um período histórico determinado, além de ser facilmente manipulável.

Muito bem. Uma coisa é o Evangelho não ser nem de direita nem de esquerda. Outra é a safadeza em tentar fugir da questão central: todo assunto sério a respeito da condição humana sempre é, em última análise, filosófico e teológico. E aqui articulam-se temas seríssimos: nada menos que a própria Revelação e a possibilidade de entendê-la, a possibilidade de se obter, ou não, conhecimento objetivo da realidade social, e as implicações da doutrina cristã sobre a ação dos cristãos na esfera pública. Só para início de conversa.

Uma coisa é o Evangelho não ser nem de direita, nem de esquerda. Outra é compactuar com quem mente dizendo não haver como analisar questões políticas à luz dos princípios da fé cristã.

Uma coisa é o Evangelho não ser nem de direita, nem de esquerda. Outra é se omitir na crítica a cristãos defensores de agendas políticas anticristãs como as da esquerda, e até a algumas da direita, evocando um bom-mocismo eclesial que disfarça muito mal a covardia, a hesitação em confessar despreparo para tratar do tema ou outros interesses.

É verdade que “o Evangelho não é de direita nem de esquerda”. Mas não há como ouvir com séria desconfiança esta sentença. É fácil demais usá-la para negar o mandamento “seja o seu sim, sim, e seu não, não, o que passar disso vem do maligno” (Mt. 5:36) em assuntos públicos. Também é muito fácil afirmar que “o Evangelho não é nem de direita nem de esquerda” com o intuito de fugir de um posicionamento realmente fundamentado no Evangelho em certas questões. Como quase não se ensina por aí a buscar tais posicionamentos, muita gente pensa que é impossível realizar tal tarefa, que na verdade é um dever de todo cristão. Outros sequer se preocupam com o assunto. A crise de discipulado que assola nossas igrejas é algo muito grave.

Também é possível afirmar que “o Evangelho não é nem de direita nem de esquerda” justamente para negar a relevância da fé cristã no debate político, ainda mais numa época em que a política quer invadir todas as áreas da vida, e, por conta desse processo, uma perseguição cultural aos cristãos nos países ocidentais torna-se cada vez mais notória. Mas diga a certos cristãos brasileiros que o evangelho diz respeito a todas as áreas da vida humana que logo a preguiça e a raiva em ter de admitir que ainda tem muito a aprender começa a apresentar seus sintomas, que vão do farisaísmo irracionalista às filisteidades reducionistas vaidosas.

Em certos ambientes brada-se que “o Evangelho não é nem de direita, nem de esquerda”, justamente para negar as origens, teses, meios e fins descaradamente anticristãos do que se define atualmente por esquerda. Que do lado da atual direita também haja gente anticristã defendendo teses anticristãs é dado elementar. Mas negar a total incompatibilidade entre a cosmovisão revolucionária das elites políticas esquerdistas (e aqui se inclui toda a horda politicamente correta da ONU, ONG´s do mega-esquema globalista, potentados da mídia de massa, obamistas e o alto comissariado da União Européia) é atestado de insanidade, ainda mais na atual conjuntura.

É fácil dizer que “o Evangelho não é nem de direita nem de esquerda”. Difícil é fazê-lo com um mínimo de maturidade intelectual, ou seja: levando em conta tudo o que a boa lógica, o bom senso, as Sagradas Escrituras e uma teologia livre de coliformes ideológicos deixam claro.

O fato é que falar sobre o Evangelho não é a mesma coisa que falar com base numa visão profundamente comprometida com o Evangelho. E isso pode ficar claro quando se observa cuidadosamente quem fala, quando fala, para quem fala, por que fala, e os frutos destas declarações.

Enfim, pode-se dizer uma verdade sobre o Evangelho sem ter jamais tentado compreender a fundo o que ele realmente é, sua veracidade intrínseca, sua abrangência, a real natureza do poder e da disputa política, quem são de fato a direita e a esquerda, e com uma visão muito tosca do que realmente está em jogo no atual debate cultural e político.

Edson Camargo é o editor-executivo do Mídia Sem Máscara.Também é editor na Rádio Vox

http://profetaurbano.blogspot.com

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Por Robert Cheaib

 O artigo seguinte foi publicado originalmente na edição árabe de ZENIT como resposta a algumas perguntas de leitores. A resposta é bem-humorada, mas aborda “a séria questão da fé em Cristo”.

Um leitor nos perguntou: “Vou estragar a infância do meu filho se contar a ele que o Papai Noel não existe?”.

A resposta para esta pergunta não requer uma especialização em teologia, como vocês podem imaginar. Mas vale a pena respondê-la para refletirmos melhor sobre o significado do santo Natal, questionar alguns escrúpulos infundados e salvaguardar o que é essencial.

A minha resposta é sim, revelar que o Papai Noel não existe vai estragar a magia da infância dos seus filhos. Mas só se o Natal, para eles, for apenas uma questão de presentes e de contos e lendas. Vai estragar a infância dos seus filhos se o Papai Noel for “o único mediador” do afeto em família, o único elemento de surpresa e a única novidade que encerra o ano. Vai estragar a infância dos seus filhos se eles foram criados com a ideia de um deus carrasco, inquisidor, inspetor, que tudo vê (ou pior, que só vê os pecados). Um Jesus que vem castigar você de noite, etc. Neste caso, se você matar o “Bom Velhinho”, vai arruinar o último totem do Natal dos seus filhos.

Já se você quiser abrir para eles um “caminho melhor”, a minha resposta é não, absolutamente não vai estragar a infância dos seus filhos se contar a eles que o Papai Noel não existe. Vamos imaginar um cenário alternativo: você pode conversar com eles, numa linguagem simples, compreensível e atraente, sobre a beleza de um Deus que amou tanto o mundo, mas tanto, que nos deu de presente não somente todas as coisas, mas também o nosso próprio ser e, acima de tudo, deu a Si mesmo como presente para nós! Nesta conversa, os evangelhos da infância são uma leitura extraordinária para fazer à noite com os filhos.

Há uma imensa magia em contar a verdade sobre o Amor e sobre a sua gratuidade, que não é um mito surreal, mas a “verdade do mundo” e o “coração do mundo”. Este é “o amor que move o sol e as outras estrelas”.

E por que não explicar aos filhos que os presentes colocados embaixo da árvore são um símbolo minúsculo do grande presente de Deus para a humanidade, o seu próprio Filho, Jesus Cristo?

Por que não explicar que, apesar da crise, os pais, tios e tias, avôs e avós se prodigalizam para dar presentes não tanto pelos presentes em si, mas porque aprendemos de Jesus que há mais alegria em dar do que em receber e porque a fé nos ensina a beleza de estar juntos sob o mesmo teto?

Por que não ajudar a entender que o Papai Noel é um conto útil para nos lembrar de uma realidade muito mais bonita do que a ficção, a dos santos (neste caso, São Nicolau), que abrem os corações à generosidade para com o próximo, porque eles foram visitados e tocados pelo amor de Jesus, que nos amou primeiro?

O santo bispo Nicolau amava as crianças gratuitamente, não como o Papai Noel do meu bairro, que anunciava num cartaz: “Agende no parque da cidade a distribuição dos seus presentes com o Papai Noel!”. E completava, em letras menores: “A partir de 3 euros por presente”.

Você não vai estragar a infância dos seus filhos se, no lugar do bonachão desconhecido e imaginário, sintonizar a imagem de Deus e a imagem do Menino do presépio, eliminando aquela imagem de Deus como o Grande Inquisidor. Lembre-se: quem vê Jesus, vê o Pai. E falar dessa Criança é usar a melhor palavra para apresentar Deus, que é a Palavra.

Você não vai estragar o Natal se ajudar os seus filhos a terem os sentimentos de uma Teresa de Lisieux, que, antes de se reunir com o Amor na eternidade, escreveu: “Não posso temer um Deus que se tornou tão pequeno por mim… Eu o amo… porque ele é o próprio amor e ternura”.

O caso do Papai Noel é uma questão muito pessoal.

No ano passado, eu estava com meu filho de três anos fazendo compras de última hora para o Natal. O pequenino percebeu que havia muitos Papais Noéis por aí, de vários tamanhos e em vários estágios de dieta. Ele próprio ficou em dúvida. Foi uma boa oportunidade de explicar a ele as várias coisas que mencionei acima… E até agora eu não senti a necessidade de mandá-lo para o psicólogo.

Você não vai estragar a vida dos seus filhos se desmitificar o Papai Noel. Não são os mitos que nos dão a vida, a alegria e a serenidade. Vamos estragar a vida dos nossos filhos se os deixarmos viver sem amor, crescerem como se Deus não existisse, como se Cristo fosse apenas um acessório da sua própria festa de nascimento. Vamos estragar a vida dos nossos filhos se eles crescerem sem esperança e sem Deus neste mundo.

Um canto religioso libanês termina assim: “Sem você, a minha felicidade não é plena. Sem você, a minha mesa está vazia”. O Pão do Céu, nascido na “Casa do Pão” (que é o significado literal da palavra “Belém”), é o centro e o sentido da festa. Sem ele, os “acompanhamentos” não saciam. Ele é o desejo de todos os nossos desejos. Percebemos a sua importância nestas palavras transbordantes de desejo de Isaías, 9: “O ​​povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam na terra da escuridão, uma luz começou a brilhar. Multiplicaste a alegria, aumentaste a felicidade. Alegram-se diante de ti como se alegram nas colheitas (…) Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado (…), o príncipe da paz”.